Cultura

CRÍTICA: LEVANTADO DO CHÃO, DE JOSÉ SARAMAGO

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Nesta obra é apresentada a família Mau-Tempo ao longo de 4 gerações, enquanto um exemplo de sobrevivência da população alentejana, numa altura em que desobediência civil era a classificação que alguns (antes de 1974) davam à greve e à luta pelo reconhecimento de direitos de trabalho. Os verdadeiros protagonistas desta narrativa são a fome, as condições de trabalho, a carência de cuidados de saúde, a falta de escolarização, a prepotência dos senhores que herdavam os latifúndios. A grosseria é amparo dessa “outra gente (…), solta e miúda, que veio com a terra, embora não registada na escritura, almas mortas, ou ainda vivas”. Porém, “cada dia traz com sua pena sua esperança” e, aos poucos, um povo que já está habituado a sofrer não receia já a tortura na prisão e resiste. O tom poético, a ironia e a polifonia dos diálogos são marcas formais nesta obra de Saramago. À distância de 34 anos resta a dúvida: hoje, como em 1980 (data da primeira edição) o povo ainda acredita no seu destino?

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