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Cultura

Produção portuguesa de West Side Story promete honrar com mestria e devoção a adorada peça musical e filme

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A Academia de Música de Vilar do Paraíso (AMVP) em Vila Nova de Gaia apresenta, nos dias 20 e 21 de julho, a produção musical West Side Story – School Edition. O espetáculo terá palco no Auditório Municipal de Gaia com duas sessões em cada dia, uma às 16h e outra as 21:30h. O JUP teve a possibilidade de assistir a um dos ensaios mais recentes, da última semana antes da estreia, e pode afirmar com convicção que será uma produção exigente para os atores, mas extremamente emocionante para o público.

 

A AMVP, fundada em 1979, é uma escola de ensino vocacional artístico. Entre cursos de música e dança que surgem para diferentes idades em diferentes regimes (integrado, articulado, supletivo e livre), existe também, desde 2003, o curso de teatro musical, que seria, na época, novidade em Portugal. Este curso é possibilitado no nosso país em parceria com a Arts Educational School of London, oferecendo várias disciplinas que capacitam os alunos nas diferentes artes performativas que o teatro musical engloba: música, dança e interpretação. Todos os anos, no final do ano letivo, a academia proporciona um grande espetáculo aberto ao público.

 

Depois de produções anteriores, os alunos da AMVP, liderados pelo seu encenador e coordenador de curso, João Guimarães, colocam em cena o clássico da Broadway e do cinemaWest Side Story. Numa School Edition o guião e temas musicais são apresentados em português. Quarenta e cinco alunos acompanhados por uma orquestra ao vivo de trinta e cinco músicos vão dar vida à trágica história de amor de Maria e Tony.

 

West Side Story passa-se em Nova Iorque e começa por explorar a rivalidade entre os Jets, gangue local de adolescentes, e os Sharks, gangue puerto-riquenho que vem para os Estados Unidos da América à procura de uma vida melhor. Os gangues movem-se pelo racismo e pelo ódio que sentem um pelo outro, mas, individualmente, cada membro vive revoltado pela sua realidade pessoal, canalizando esse sentimento para as ruas e procurando irmandade e sensação de segurança e família, tanto dentro do gangue como fora de casa.

 

Quando Tony, ex-membro dos Jets e melhor amigo do líder, Riff, conhece Maria, irmã mais nova de Bernardo, líder dos Sharks, e ambos se apaixonam intensa e mutuamente, a tensão entre os gangues aumenta e culmina numa “Rumble”, que não acabará como esperada. Esta história é baseada na peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare e os temas musicais foram escritos por Stephen Sondheim e Leonard Bernstein.

 

Aos amantes do musical original ou dos filmes (tanto o de 1961, como o de 2021) “just play it cool”, porque a vinda a palco da peça, pelos estudantes da Academia de Música de Vilar do Paraíso, promete! As adaptações musicais das canções para português não fazem sentir falta dos temas no idioma original, por muito que seja impossível impedir o balbuciar das letras como as conhecemos, mal surge aquele instrumental de arrepiar.

As danças são exigentes, mas bem interpretadas, com garra e com sincronização, mas acima de tudo denota-se o excelente trabalho em grupo. A energia dos atores quando estão todos juntos é inegável, seja ao cantar, como ao dançar, sejam cinco, como em “Oh Agente Krupkee”, ou o elenco completo, como em “Um lugar para nós”. Os momentos em grupo são uma constante no musical, apesar dos vários que o casal principal passa, isolado, em cena.

 

Foco especial atenção para o momento musical “É Noite (quinteto)”, um dos mais difíceis da peça. Este deriva do “É noite”, dueto entre Tony e Maria que é cantado anteriormente, e tem cinco partes diferentes: a dos Jets, a dos Sharks, a de Anita (companheira de Bernardo), a de Tony e a de Maria. As partes são cantadas separadamente no início e no final as cinco juntam-se, de forma improvável, umas sobre as outras, e culminam na cena de luta, a “Rumble”.

 

No ensaio, em que se assistiu ao espetáculo corrido com o elenco Sondheim (existem 2 elencos: o Sondheim e o Bernstein), protagonizado por Marta Panelas (Maria) e Paulo Casas Morais (Tony), destacaram-se não só os talentos dos mesmos, como a voz magnífica da atriz e a interpretação que leva às lágrimas do ator, como também o casting que se revela quase perfeito dos alunos, em relação às personagens que lhes são atribuídas. Os atores que representam Baby John, Anita e Tony destacam-se claramente nesse casting, representando personagens que parecem encaixar-lhes na perfeição.

 

Até ao dia da estreia há ainda trabalho a fazer, mas pelo que foi possível observar, isto já com um pé dentro da tech week, os alunos continuam entusiasmados, cheios de vontade e com o profissionalismo necessário para honrarem a peça musical que marcou e continua a marcar gerações de theatre kids, como eles mesmos.

 

A edição da Academia de Música de Vilar do Paraíso de West Side Story – School Edition poderá roubar os corações dos mais românticos e as lágrimas dos mais sensíveis. Não deve ser esperada uma sensação de leveza ao sair do auditório, mas isso é apenas a prova de como a comunidade de atores de teatro musical do nosso país, mesmo que a aqui mencionada esteja ainda em formação, é de qualidade e ainda tem muito para mostrar e muito terreno para conquistar no meio cultural português.

     

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