MEXEFEST: O FESTIVAL QUE MEXE E REMEXE

Aquecimento

O frio não parou a enchente de um festival que se distingue no panorama português através das várias salas que dá a conhecer aos milhares de pessoas que andaram para cima e para baixo na Avenida da Liberdade. Sara Paço e Ana Cláudia, quase em simultâneo, abriram as festividades em bom português. As portuguesas apresentaram os seus álbuns de estreia e a partir daí os festivaleiros foram começando a traçar os concertos que queriam ver.

Durante a hora de jantar do primeiro dia o momento foi de JJ. A banda sueca entrou em palco na Igreja de S. Luís dos Franceses (um dos espaços mais intimistas do festival) e trouxe as suas batidas vibrantes e um dream pop, que nos remete para os seus conterrâneos The Knife, numa sala que não deixou de estar completa durante todo o concerto.

Mas foi às 22h que se deu a primeira grande enchente com o concerto de abertura na maior sala de todo o festival – o Coliseu dos Recreios. Tune-Yards, a banda de Merrill Garbus, deu um dos concertos mais marcantes do primeiro dia de festival. Com uma plateia com as canções na ponta da língua e o estilo marcante da vocalista que não deixou o público parar de dançar ao som de “Water Fountain”, “My Country” ou “Bizness”.

No dia seguinte foi Sharon Van Etten que estreou o Coliseu. Com a sua voz doce ía respondendo aos piropos mandados da plateia, entre os seus temas calmos que não deixaram de envolver o público. “Serpents”, “Give Out” e “Magic Chords” não deixaram ninguém indiferente, num concerto que não deixou de embalar os casais da plateia.

Os grandes dilemas

Na primeira noite, as milhares de pessoas na baixa lisboeta tiveram uma difícil decisão: King Gizzard & The Lizzard Wizzard, Pharoahe Monch, Shura ou Kindness partilhavam o mesmo horário. Com o público dividido entre o hip-hop, rock progressivo e R&B, tanto os King Gizzard & The Lizzard King como os Kindness encheram os seus espaços.

A Estação do Rossio (com o Castelo de S. Jorge como background) recebeu os Kindness de uma maneira eufórica, que esperava ansiosamente o R&B e Soul do cantor britânico. O público vibrou com um medley de Whitney Houston, assim como um fã teve o privilégio de ter um video gravado no seu telemóvel por Adam Bainbridge. O músico deixou-se contagiar pela multidão saindo várias vezes do palco e até mesmo da Estação enquanto dava lugar às suas back singers, voltando rapidamente para terminar um concerto muito acarinhado pelo público.

Por volta da mesma hora de sábado o público viu-se numa situação semelhante. Com Perfume Genious a tocar no Cinema S. Jorge, poucos minutos depois de Cloud Nothings terem começado o seu concerto, e ambos coincidindo com Sensible Soccers, Jay-Jay Johanson e Palma Violets

Com uma multidão a porta do Cinema S. Jorge, muitos foram os que não conseguiram ver Perfume Genius, projeto a solo de Mike Hadreas. O espaço lotado cerca de 20 minutos antes do concerto foi invadido pelo pop melódico do artista que apresenta pela primeira vez o seu último álbum (e de maior sucesso) em Portugal, não se esquecendo de temas mais antigos como “Hood” ou “Dark Parts”.

Últimos mas não menos importantes

St. Vincent ficou encarregada de dar o 2º concerto no Coliseu dos Recreios, com uma multidão em força que aguardava por uma das artistas principais do festival. A setlist contou em grande parte com o novo álbum de Annie Clark, de nome homónimo St. Vincent.

Sábado foi a vez dos Wild Beasts, a banda que encabeçou o 2º dia do Mexefest já havia passado por Portugal em Maio, mas não desapontou. Com um público diferente do que tinham conhecido no Rock in Rio, a banda que veio apresentar Present Tense não desapontou, mas com pior qualidade de som que as bandas que anteriormente passaram pelo Coliseu dos Recreios.

O final da primeira noite ficou nas mãos de Stereossauro, com hip-hop português e internacional, enquanto pouco depois os DJs Nigga Fox e Mar Fox a fechar a noite com kuduro progressivo. Branko, parte dos Buraka Som Sistema teve o privilégio de encerrar o festival no Coliseu dos Recreios já no 2º dia.