Cultura

FANTASPORTO (DIA 7)

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A passos lentos, um burburinho percorreu o Grande Auditório do Rivoli, enchendo a sala de espetactiva. A verdade é que não é todos os que se vê um dos mais aclamados e premiados clássicos do cinema no grande ecrã. O Fantas Classics deslumbrou o público com a exibição de “Tudo o Vento Levou”, continuando a dedicatória a Victor Flemming, já iniciada no primeiro dia do festival com “Feiticeiro de Oz”.

O filme começou com a sala meia cheia, uma típica sessão da tarde, com o sol a convidar a sair de casa. Apesar das poucas vozes que se ouviam, muitos eram os sotaques estrangeiros que soavam. O filme vencedor de oito Óscares da academia, volta 74 anos mais tarde à tela de cinema, agora numa versão digital renovada.

A nostalgia era muita, entre os bombardeamentos no “Velho Sul” americana e as gargalhadas contagiantes da jovem Scarllet O’Hara. Os sorrisos escapavam acompanhando as falas mais engraçada: “já nem me lembrava disto”, murmurava alguém na fila de trás. As exclamações de saudade acompanharam a saída do público, pois “já não via(m) este filme há anos!”

Já num final de tarde cheio de sol, começa uma antestreia mundial: “La Casa del Fin de los Tiempos”, incluído na competição de cinema fantástico, de Alejandro Hidalgo, que esteve em palco a apresentar a película, protagonizada por Rudy Rodriguez.

O filme retrata a história de uma mãe que tem encontros com aparições dentro de sua casa, onde uma terrível profecia quebra a cada 30 anos, nos dias 11 de Novembro, às 11h11. Dulce, interpretada por Rudy Rodriguez é presa pela morte do seu marido e filho, mas regressa 30 anos depois para desvendar o mistério e a tragédia. Aquilo que no início parecia apenas mais um filme de terror, com os clichés costumeiros da casa assombrada e dos espíritos, consegue surpreender pelo seu bom argumento, bons planos e uma sonoridade irrepreensível. A chave do filme é a simbiose temporal entre o passado, o presente e o futuro, de tal modo bem conseguida que a dada altura o espectador perde-se nesta encruzilhada. Destaque ainda para as crianças e alguns momentos mais divertidos que soltam risos na plateia e aligeiram esta que é a primeira película de terror e suspense do realizador.

A noite começa com “Violet & Daisy”, de Geoffrey Fletcher, a história de duas assassinas adolescentes, para quem uma tarefa aparentemente simples de concretizar traz, afinal, o inesperado. O filme começa emocionante e promissor, num contraste interessante entre rostos angelicais e inocentes, e as protagonistas, de natureza violenta. Ainda assim o filme perde intensidade e arrasta-se com muitos diálogos desnecessários. “O início prometia algo melhor, mas desvanece à medida que o filme avança”, remata uma espectadora.

O momento alto da noite chega com “O Eclipse em Portugal”. O realizador, Alexandre Valente sobe ao palco, mais em jeito de agradecer ao público por aquele quase lotado Grande Auditório do Rivoli, do que para apresentar o filme, dizendo até “estou-me cagando se vão gostar ou não, o que importa é a vossa presença”, apelando à presença do público em filmes portugueses. Seguem-se Sandra Cóias e Rute Miranda, actrizes, que caracterizam o filme como um “humor louco” e voltam ao apelo já deixado por Alexandre, “Vão ao cinema, saiam de casa!”. Seguem-se as intervenções de Diogo Dias, que faz uma pequena presença no filme, a par de outros conhecidos cantores da nossa praça, como, imagine-se, o Toy, e de Ricardo Gama, responsável pela banda sonora. O filme, recheado de um humor louco e sarcástico arrancou gargalhadas à plateia, num misto entre o terror mórbido, a religião e um sentido de humor imbatível. Um filme que é uma “estupidez saudável”, conclui Alexandre Valente.

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