Cultura

PORTO/POST/DOC: QUESTÕES POLÍTICO-SOCIAIS E O CINEMA PORTUGUÊS EM ANÁLISE

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No decorrer da passada segunda-feira (8), o Porto/Post/Doc, à semelhança do que aconteceu no dia anterior, voltou a apresentar três documentários a concurso. Desta vez, além de enfoque em questões sociais e políticas que colocam tantas vezes a humanidade numa balança de desigualdade, houve espaço para um autorretrato ao próprio cinema português, protagonizado por João Bénard da Costa.

Mas a primeira sessão deu espaço a um panorama político presente nos principais tabloides através da situação da Palestina. Não referindo, porém, esta, Eric Baudelaire pretendeu ilustrar com “Letters to Max” um outro ponto do globo, na região do Cáucaso: em territórios ainda hoje bastante disputados por países ex-URSS, a Abecásia surge como uma República Autónoma, situada no norte da Geórgia, e tem tentado declarar a sua independência de a guerra civil de 1992, algo não reconhecido pela maioria do Estados Internacionais. Em 2012, o próprio realizador enviou uma carta para este território, pensando que nunca chegaria ao seu destino, mas surpreendentemente obteve respostas, iniciando assim um processo de troca de correspondência com Maxim Gvinjia, na altura Ministro dos Negócios Estrangeiros da autoproclamada República da Abecásia. É através desta amizade a longa distância que se vão abordando assuntos relacionados com as problemáticas geopolíticas e a sua influência na vida dos cidadãos, levantando o véu sobre a verdadeira identidade de tais pessoas.

Do Cáucaso para a Roménia, “Waiting For August”, por Teodora Ana Mihai, convida o espectador a assistir ao drama de uma família deste país, onde todos os anos muitos pais são obrigados a procurar emprego fora do país, deixando os seus filhos por conta própria durante meses. Assim, após a mãe se ter visto obrigada a ir trabalhar para Itália, Georgiana, quase a completar 15 anos, fica a tomar conta dos seus 6 irmãos e irmãs durante o Inverno. Numa verdadeira passagem de imagens sobre o seu quotidiano, esta rapariga vê-se colocada numa situação de alta responsabilidade nunca admissível num qualquer país ocidental. E se a vida vai obrigatoriamente continuando mesmo sem a entidade paternal, todos parecem querer o mesmo: que o Verão chegue rapidamente e que a mãe volte.

As sessões viriam a terminar com o já referido “Outros amarão as Coisas que eu amei”, por João Bénard da Costa. Para aquele que foi Diretor da Cinemateca durante 18 anos torna-se fácil estruturar uma reflexão profunda sobre o cinema português, através de uma conversa e debate de ideias, onde se vai intercalando com sons e imagens de excertos de alguns filmes. As questões ficam no ar: O cinema vale a pena? O que aconteceria se desaparecesse?

À semelhança da noite anterior, houve ainda espaço para o DJ Set de Vicente Pinto Abreu no Teatro Passos Manuel, sob o mote da Esporão Transmission.

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