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O SALGADO FEZ ANOS E ACORDOU A CIDADE PARA OS CELEBRAR

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Dia 24. Os Maus Hábitos enchem para a festa de aniversário do Salgado, o responsável pelo projecto Stereoboy. Lá fora, a fila era longa e o aniversariante andava inquietamente por entre os corredores da casa de espetáculos da qual é programador e produtor.

A festa começou às 21h30, no patamar das escadas, com Favela Discos. O coletivo de artistas portuenses deixaram altas as expectativas para a noite que ainda estava a começar.

Às 22 em ponto surgem Zurich Dada. A dupla masculina comprometeu-se a dar o aquecimento ao público que se ia amontoando no Salão Nobre. Com pouca iluminação e recorrendo a sintetizadores e batidas contagiantes, convidaram a dar os primeiros passos de dança através da sua música hipnotizante. Numa das últimas, a “Dark Maneuver”, o público já dançava fluidamente ao som do synth-pop da banda que chamava à memória a eletrónica de New Order.

Meia hora depois, Tristan Shone, que atua sob o nome de Author & Punisher, acabava de chegar com todo um aparato invulgar que incluía alavancas de metal, “coleiras” e outros diversos aparelhos impossíveis de serem denominados, por serem, na sua maioria, de invenção própria. O concerto inicia-se com um sobressalto, fortes pancadas seguidas de camadas de ruído e distorção. Um drone pesado, agressivo, ganhou forma numa sala abismada e perplexa, onde apenas algumas cabeças se abanavam violentamente perante uma metamorfose de scream, metal, doom e eletrónica.

A meio da perfomance, a sala estava já reduzida a metade, mas a seleção nutria já empatia pelo intérprete que esboçava expressões sofridas enquanto tapava os olhos ou a boca. O caos instalara-se, mas era reconfortante e, no final, erguia-se já a nostalgia de um momento único compartilhado e, para o público, transcendente.

Aquando a atuação de Author & Punisher na Sala de Concertos, o Salão Nobre estava cheio para dar as boas-vindas a Quelle Dead Gazelle, a dupla instrumental de stoner rock, afro-beat e pop. Abriram a sua noite com “Lion Meets Gazelle”, do seu EP homónimo, bem recebida pela audiência expectante. Como habitual, a interação guitarra-bateria esteve no seu auge, com espaço para a guitarra “falar”, ditando as suas ordens, e também para se guiar pela bateria, que aumentava o ritmo do compasso, impulsionando qualquer um ao movimento. Após terem levado o público a um estado de transe, terem “roçado” no psicadélico, o duo termina a curta atuação (5 músicas) com um calmo adeus, contrastante com a audácia da sua música.

De volta à Sala de Concertos, todo o aparato invulgar deu lugar ao set tradicional de uma banda muito esperada pelo público: Riding Pânico. Com sala cheia, a banda rapidamente iniciou a setlist com “Autobahn”, que surgia como leve e solarenga comparada com a atuação anterior, na mesma sala. O público mexia os pés, assobiava aos sorrisos cúmplices entre os membros da banda e deixava-se contagiar. As cabeças abanavam-se em sintonia ao som do post-rock de duas guitarras em perfeita harmonia, uma bateria inesgotável e um baixo bastante especial.

A química via-se a léguas e o público exaltava-se gritando os nomes dos membros da banda, que respondiam com sorrisos. Houve tempo para 8 músicas, entre elas “Bela” e “Monge Mau” e, ainda, para alguma conversa com os fãs.

À mesma hora, 23h30, Sequin invadiu o palco do Salão Nobre seguida, também, por uma legião de fãs fiéis e efusivos. Ana Miró, a cabeça do projeto de naive eletro, fez-se acompanhar por um teclista tímido, o contraste com a sua voz e atitudes expressivas.

O concerto abriu com “Beijing”, emanando todo o recinto com a feminilidade da artista. Ana Miró deu provas do seu “à vontade” em “Origami Boy”, quando, sem certezas relativamente ao tempo da música, não temeu o engano e o consequente recomeço. Simpática, sorriu perante as desafinações e convidou os espectadores para fumar “até outras coisas” no fim do concerto. Terminou com “Naive”, apelando ao público para cantar consigo e mostrando o seu agrado para com a Invicta.

Na Sala de Concertos, era já impossível entrar enquanto o palco estava ser preparado para Sensible Soccers. O público gritava, entusiasmado, pela banda mais esperada da noite que adiava o início da atuação devido a diversos problemas técnicos. No entanto, os músicos interagiam com o público, que implorava pelos temas mais antigos, como “Fernanda” e “Missé-missé”.

Quando o concerto começou, o público não tardou “a enlouquecer”, e os mais corajosos mergulharam rapidamente para o crowdsurfing. Apesar das interrupções devido às falhas técnicas, houve tempo para a “AFG”, “Sob Evariste Dibo” e ainda a clássica, e tão pedida, “Sofrendo Por Você”. O concerto logo deixou, entre o público, saudade à despedida. Ghetthoven seguiu-se, aproveitando-se da sala tão bem frequentada.

Também Jibóia comparecera um pouco antes do concerto dos Sensible Soccers, na companhia de Sequin. Na Sala de Exposições, após Srosh Ensemble, @c e Daily Misconceptions, Atilla emergiria num ambiente intimista e soturno, contando com diversas projeções. Blac Koyote seguir-se-ia, numa linha experimental e ambiental, enchendo a sala de pessoas sentadas no chão e projeções de cidades e multidões.

A festa do Salgado seguiu noite adentro, com DJ sets de artistas como André Tentugal, dos We Trust, e André Gomes. Terminou assim a festa de anos mais “festivalada” da Invicta.

 

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