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MARK LANEGAN: VOZ “FANTASMA” DE TROVÃO E WHISKY

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Mark Lanegan, conhecido pela sua voz rouca e obscura, veio ontem (13) ao Porto apresentar o seu mais recente álbum, “Phantom Radio”. Esta sexta-feira não foi de azar para as centenas que encheram a sala do Hard Club, com direito a uma sessão autógrafos no final.
A primeira parte do concerto foi entregue a Faye Dunaways e Duke Garwood, bandas que abriram os mais de 40 concertos da tour do músico americano. Os músicos de Faye Dunaways mostraram uma interação ímpar entre si: apesar da ilusória separação em palco, a melodia e o ritmo eram coesos. À sua complexidade e enigma característicos, juntou-se o impacto hipnotizante das imagens de fundo. A um canto escuro, o baixista completava o quadro de mistério que a banda criou.
Seguiu-se Duke Garwood. O músico inglês segue Lanegan desde 2013, que o considera um dos seus artistas favoritos de sempre. Frente a uma plateia já bem formada, o músico convenceu desde início. O som dos aplausos aumentava à medida que a hora da chegada de Mark Lanegan se aproximava, mas o entusiasmo foi em grande parte provocado por Garwood. O público respondeu ao ritmo do artista e às 21h15 o aquecimento estava completo.
Pelas 21h30, Mark Lanegan subiu ao palco do Hard Club. A voz rouca ecoa pela sala, parecendo nunca desaparecer nas quase duas horas de concerto. Partindo palco escuro, a interpretação é crua e sem grandes efeitos. Ouvem-se comparações a Dave Grohl e Tom Waits, mas há quem não se esqueça da proximidade vocal de Lanegan ao “icónico Cobain”.
“Phantom Radio”, sucessor de “Imitations” (2013), marca a mudança na sonoridade de Lanegan. A introdução de elementos eletrónicos como base para completar a música, aproximam o músico de muitos outros artistas que usam a técnica para se reinventarem.
Talvez “Phantom Radio” seja uma nova experiência em termos musicais de Mark Lanegan, ou os seus dias de Rock n’ Roll “duro e seco” estejam para trás. A verdade é que o novo álbum não teve o sucesso dos anteriores Bubblegum (2004) e Blues Funeral (2012). Celebrando este passado, Mark Lanegan interpretou alguns dos seus sucessos mais antigos, que foram aceites com um novo entusiasmo pela público da Invicta.
Antes de se aventurar com uma carreira a solo, o cantor americano foi o vocalista dos Screeming Trees. Mais tarde foi segundo vocalista dos Queens of the Stone Age, tendo participado na gravação de “Songs for the Deaf”, “Rated R” e o “Lullabies to Paralyze”.
O “homem da voz trovão”, como tem sido intitulado pela imprensa, já gravou ao lado de Isobel Campbell, o ex-vocalista de Belle & Sebastian, PJ Harvey e Melissa Auf der Maur. Nos primórdios da sua carreira a solo chegou a ir a estúdio com Kurt Cobain.
A digressão europeia de Mark Lanegan, iniciada em Janeiro, chega hoje ao fim com o concerto no Armazém F, em Lisboa.

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