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4 CURTAS E O BANDO À PARTE

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Rodrigo Areias tem um curriculum vasto na área do cinema. Realizador de vários trabalhos de cinema de autor em ficção, documentário e videoclips, foi produtor e co-produtor de mais de 70 curtas, longas, vídeos e documentários, dum leque de produtores de renome e jovens realizadores (desde Edgar Pêra ou João Canijo, até André Gil Mata ou Jorge Quintela). Galardoado por diversas vezes, Areias foi responsável pela produção de cinema de Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura e membro da “Bando à Parte”, produtora de cinema sedeada em Guimarães desde 2008.

A convite do Curtas, Rodrigo Areias escolheu os quatro filmes a exibir, já passados no festival e pertencente à sua produtora: Barba, Carosello, Cinema e Fuligem.

 

“Barba” de Paulo Abreu

Filmado em Super 8, o filme tem como intervenientes alguns dos próprios membros do “Bando à Parte”. Através de quatro personagens da era pré-histórica (e pré-civilizacional), o filme procura satirizar Portugal, os portugueses e os seus comportamentos. Com um desfecho muito actual, ação e suspense, a curta-metragem junta episódios divertidos e assuntos sérios.

 

“Carosello” de Jorge Quintela

Vencedor da 21ª edição do festival Curtas Vila do Conde, é um filme minimalista, característica que o Rodrigo Areias considera muito característica de Quintela e de todo o seu trabalho. Num mesmo plano fixo há uma sobreposição de dois outros: a visão dum reformado italiano e o carrossel da Piazza della Repubblica, em Florença, em constante rotação circular. O espetador é levado a uma sensação de embalo pelo movimento contínuo que vai acontecendo e por cada palavra, que acrescentada à anterior vai construindo uma metáfora da vida da personagem.

 

“Cinema” de Rodrigo Areias

A curta leva o público a Guimarães, num passeio pelas ruínas do Cine Teatro Jordão. Filmado em 35mm, “não faria sentido ser representado em vídeo”, “é um filme simples e uma homenagem ao Acácio de Almeida” (diretor de fotografia de Manoel de Oliveira e João Cesar Monteiro). É um filme pessoal que remonta à sua infância.

 

“Fuligem” de David Doutel e Vasco Sá

O último filme exibido é uma curta-metragem de animação de David Doutel e Vasco Sá, distinguida na última edição do Curtas com o Prémio do Público e de Melhor Realização. Conta com a banda sonora de Legendary Tigerman e Rita Redshoes e atualmente está presente na exposição da 10ª edição ANIMAR, “Estação Animar” (presente na Solar – Galeria de Arte Cinemática – até ao dia 1 de Junho).

Com “Fuligem”, o espetador é levado pelas memórias e passado da personagem principal, através de uma viagem de comboio, e ao presente através do cruzamento das linhas de caminho de ferro. Segundo Rodrigo Areias, o estúdio de animação da “Banda à Parte”, responsável por este projecto, procura fazer um filme deste tipo por ano, o que “corresponde a quatro vezes mais do que o normal”.

 

Cinema Nacional em segundo plano

Relativamente ao panorama do cinema nacional, o realizador refere que “atualmente só há quatro países que vêem mais cinema americano que os Estados Unidos, Portugal é um deles”. Rodrigo Areias afirma que “os portugueses têm dificuldade em aceitar-se como portugueses”.

No fim dos anos 90, o país assistiu ao fecho de várias salas, dando lugar aos centros comerciais, perdendo-se assim o encanto de ir ao cinema e tornando a actividade banal e comercial. Como exemplo da comercialização e dificuldade de promoção junto dos meios de comunicação, Rodrigo Areias fala-nos do seu filme “Estrada de Palha”, o qual na altura da estreia não podia ser publicitado pela rádio estatal pois estava a ser publicitado o “Homem Aranha 3”.

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