Cultura
O “FUNERAL” MUSICADO POR SENSIBLE SOCCERS
De uma discrição e simplicidade admiráveis, mas já conhecidas, o grupo não soltou uma única palavra nos intervalos das faixas, mostrando-se, no entanto, bastante satisfeito com os espectadores, que fervilhavam a cada música.
Em “Wild Piano”, tocada na abertura, o público observava qualquer movimento dos artistas, expectante, mas após “Zaire 1974” e “Ulrike”, a audiência já baloiçava, de olhos fechados, ao som de “AFG”.
Pareceu cedo quando Manuel Justo se aproximou do microfone e anunciou a última faixa. “Obrigada por terem vindo ao nosso funeral”, disse, despoletando risos. A última frase do seu breve discurso – “Vamos enterrar esta merda aqui e agora” – arrancou aplausos e incentivou o público à desinibição. Segundos depois, já se dançava assumidamente ao som de “Sofrendo por você”, que puxou gente para o palco e teve a colaboração de Gee Lee, protagonista do DJ Set que se seguiria.
No fim, o público, com água na boca, ainda insistiu no regresso da banda, mas o trabalho já tinha sido cumprido: proporcionar o mais feliz “funeral” realizado no Maus Hábitos.
É, de facto, difícil falar de Sensible Soccers. Talvez por serem incomparáveis, talvez por, em concerto, a sua música ser bem mais do que uma complexa miscelânea de psicadélico minimalista e pop e fazer crer na existência de universos paralelos. O único remédio é ouvir.
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