Cultura

TURISMO INFINITO: FERNANDO PESSOA EM MODO WARP DRIVE

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Encenação ~ Ao contemplar Álvaro de Campos, Bernardo Soares, Alberto Caeiro e o Pessoa ortónimo no palco do TNSJ, ocorreu-me, claro, aquilo que Fernando Pessoa chamara de «drama em gente»; porém, tive sobretudo a sensação de presenciar a materialização daquilo que o crítico pessoano José Augusto Seabra designara depoemodrama. É que, embora essas entidades sejam eminentemente monológicas no egocentrismo lírico dos seus desassossegos, elas nunca deixam de dialogar entre si, e isso em poesia; como se as poiéticas nas quais, reciprocamente, eles se confundem aquando do drama (ação), se interseccionassem contínuo e intimamente na rapsodização de um único poema – singularmente vivo, um organon. Daí, talvez, a razão pela qual, a um dado momento de Turismo Infinito, vimos os heterónimos surgirem com uma batuta e uma esfera erguidas nas mãos, como se esses atributos hagiografisantes simbolizassem poderes que lhes foram conferidos sobre umasimfopoesia (Schlegel) para quatro solistas.

 Cenografia ~ Estarei perante o espaço-tempo psicológico, psicótico, esquizofrénico? Perante um espaço-tempo esquizo-frenético, o esquisso-frenético do Guardador de Rebanho do “Dia Triunfal”, esse instante original durante e no qual de e em Alberto Caeiro as personaeheteronímicas se materializaram em poemodrama? E não será este espaço-tempo no qual desembocou, através de um quasi epifánico warp drive, a escrita do mais budiisante dos heterónimos pessoanos análogo ao espaço mallarmeano do Néant, o espaço oximórico por excelência, aquele que Maurice Blanchot chamou de Espaço Literário? Talvez não haja distinção entre a cenografia a-dimensional deTursimo Infinito proposta por Manuel Aires Mateus e a a-dimensionalidade do espaço literário. Ambos são Absoluto e apontam para o Infinito… Ou talvez tudo não passa de «uma partida ao Sã-Carneiro»…

Programa TNSJ: http://www.tnsj.pt/home/espetaculo.php?intShowID=613

Vídeo promocional: http://www.youtube.com/watch?v=-E_4l0DePeU

1 Comment

  1. Rita Castro

    22/11/2014 at 03:22

    Eu não percebo como é que algum dia podem publicar um artigo como este num jornal universitário. Quando se faz trabalho jornalístico generalista pede-se mediação, ou seja, pede-se que qualquer pessoa que leia perceba o que está a ler. Não é o caso. Seria perfeito para um jornal sobre artes performativas, assim só se torna ridículo. E isto acontece vezes sem conta neste jornal. Por favor, tenham cuidado.

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