Cultura
AS OLIMPÍADAS QUE DIVIDEM O BRASIL
Localizada perto da Barra da Tijuca, a Vila Autódromo, a protagonista do documentário, tem sido alvo das especulações de poderosas entidades empresariais devido à sua localização privilegiada e ao consequente potencial imobiliário. Felipe desvenda-o e toma-o como a principal razão do desalojamento – estudos universitários já comprovaram que a remoção não era necessária à realização dos Jogos Olímpicos de 2016.
Através das vozes de moradores e ex-moradores, ouve-se a angústia daqueles que estão determinados a ficar enquanto a artilharia derruba as casas dos que decidiram partir e que, após o terem feito, refletem sobre o que deixaram para trás. Tudo isto acompanhado pelo ruído sufocante das máquinas e “cheiro” a terra que, através da coloração terrosa da imagem, Felipe consegue transmitir.
Revelando o degredo por trás do espírito do espetáculo brasileiro, que apoia incondicionalmente o projeto destinado ao Jogos sem ver a meios para atingir fins, este documentário acende a temática da liberdade, comprometida pelo facto dos direitos dos moradores estarem a ser violados pelos interesses económicos inerentes ao empreendimento.
Segundo o autor, só a mediação consegue dar voz às minorias e combater injustiças, como a destruição de uma comunidade de 40 anos em troca de 15 dias de “glória”. Felipe apela, por isso, à divulgação da história na qual se “embriagou”, de modo a que o assunto possa chegar ao Comité Olímpico Internacional e sensibilizar os que têm poder para inverter a situação.
O documentário já passou por de Pequim, Sidney, Lisboa, Pontevedra e Uruguai. O jornalista, professor e romancista Felipe Pena também marcou presença na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto para exibir e discutir o seu projeto.
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