Cultura
O TEATRO MUNICIPAL DO PORTO EM TEXTOS DITOS COM O CORAÇÃO
Na quinta-feira (21), pelas 22h00, o Teatro Municipal Campo Alegre cumpriu com a tradição e apresentou mais uma Quinta de Leitura, a 170ª do ciclo. A sessão teve o nome de PAR COEUR, nome francês que se traduziu por “com a alma, sem rede”. Desta vez, trouxe alguns dos mais conhecidos dizedores de poesia da atualidade, que declamaram textos by heart (de memória).
A sessão abriu com a bailarina Leonor Keil que apresentou a peça “DOL – Dancing Out Loud”. Leonor aliou a sua dança contemporânea a um banco de madeira e a bolas de sabão, nesta que foi a sua estreia no ciclo poético. A performance abriu espaço para Sandra Salomé, que declamou um poema de António José Forte, o primeiro da noite. Seguiu-se o ator Rui Spranger, com uma crónica de António Lobo Antunes, que conquistou a audiência, até aqui silenciosa e atenta. Os dois poemas foram interrompidos pela música de Peixe, ex-guitarrista da banda Ornatos Violeta, que tocou Verdes Anos, de Carlos Paredes, numa versão personalizada de guitarra acústica.
Uma particularidade desta sessão foi o facto de o palco se ir enchendo aos poucos. Cada um dos artistas atuava e sentava-se numa cadeira, num dos cantos, juntando-se aos outros.
O terceiro convidado, Isaque Ferreira, usou as palavras da música “Bairro do Amor”, de Jorge Palma. Disse também um poema de Mário Duarte – “Instruções para um consumo dignificante” – o momento que mais gargalhadas despertou do público. Já Miguel Pereira Leite acalmou os ânimos com Miguel Torga, Maria do Rosário Pedreira e Eugénio de Andrade.
Após Peixe ter tocado mais uma música, foi a vez de Pedro Lamares, um dos momentos mais aguardados da noite. O artista declamou Al Berto, a pedido da organização do evento, e depois anunciou que o que realmente queria era falar dos tempos de hoje. Para isso, usou-se das palavras de Vasco Gato e de Filipa Leal, autores contemporâneos, que emocionaram a audiência.
A noite terminou com o palco cheio, que recebeu Capicua para aquela que seria a última atuação. A rapper fechou a sessão com um momento de spoken word interrompido por peripécias, sonhos e medos que esta quis partilhar com a assistência. A cantora portuense conquistou o público com os aplausos mais fortes desta sessão e apelou aos direitos das mulheres e ao fim dos preconceitos, como já é habitual nas suas atuações.
Assim terminou mais uma das Quintas de Leitura, em que a poesia esteve na ordem do dia.
Cláudia Almeida
24/02/2016 at 01:20
Será que alguém me pode facultar o poema de Mário Duarte “Instruções para um consumo dignificante”?
Os livros de Mário Duarte estão esgotados e estou há muito tempo à procura deste texto sem sucesso. Seria mesmo uma alegria.