CASAMENTO FOLK EM ESPINHO

Faltavam cerca de vinte minutos para o concerto começar e já a multidão se adensava à porta do Auditório de Espinho. Um papel na bilheteira anunciava “Bilhetes esgotados” para a dupla tão esperada.

Devendra Banhart e Andy Cabic foram recebidos por uma sala praticamente preenchida. “Boas noites, senhoras e senhoras. Bem-vindos”, disse Devendra, testando o seu português indisciplinado. Logo se percebeu que o concerto se distanciaria da logística habitual: a setlist iria repartir-se entre músicas de ambos e dos Vetiver, as que a dupla e a audiência preferissem.

Com a sua guitarra, Devendra começou a tocar os acordes da primeira das músicas – um instrumental. Andy falou pela primeira vez quando deu voz a “Without a Song”, de Vetiver, e Banhart acompanhou-o batendo os pés no palco, ao ritmo da música. O concerto tornou-se ainda mais intimista quando ambos tocaram “Daniel”, do último álbum de Devendra, “Mala”. Este dirigiu-se ao público, muito silencioso e atento, gesticulando e apontando na sua direção, como se lhe dedicasse a canção.

O espetáculo tornou-se mais ligeiro quando Devendra despertou algumas gargalhadas do público, enquanto pensava em voz alta como dizer “pássaros” em português. Esta afirmação precedeu “Los Pajaros Del Rio”, uma música do álbum homónimo de Vetiver, que conta, na sua versão original, com a participação de Devendra Banhart. Este que, durante toda a atuação, se mostrou mais à-vontade que Andy, que em nenhum momento se dirigiu ou olhou diretamente para a audiência. Devendra optou por ir agradecendo a “honra” de estar em Portugal, entre pequenas piadas e risos, e perguntando aos espetadores o que queriam ouvir. Este foi presenteado com uma tentativa de “Mi Negrita”, que não estava presente na memória de Banhart, e “Pensando Enti”, um dos poucos momentos em que cantou alto e aplaudiu animadamente o artista.

A audiência também foi conquistada com os momentos mais esperados da noite: a mítica “Baby” e a recente “Golden Girls”, de Devendra,  e com “Last Hurrah” e “Been So Long”, uma música de 2006, de Vetiver. Depois de ambos tocarem “Never Seen Such Good Things Go So Wrong”, também muito aguardada, ouviram-se os dois encores pedidos pela audiência, que se levantou e assobiou.

“Hey Mama Wolf”, de Devendra Banhart, marcou o fim do concerto. Devendra e Andy, radiosos, prometeram que seria mesmo o fim do espetáculo. Assim terminou o concerto, mágico e acolhedor.