Cultura

ELES SÃO D’ALVA: LIVRES, LEVES E SOLTOS

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O concerto previsto para as 23h59 começou atrasado. Passava da meia-noite e o átrio do Rivoli ainda estava cheio, à espera que as portas abrissem. A sala underground do teatro do Porto, debaixo do auditório principal, encheu rapidamente.

Entre o público ouve-se alguém dizer: “anda para perto das colunas, ele vai pôr-se em cima delas”. Refere-se ao carismático vocalista da banda, Alex D’Alva Teixeira e a previsão não podia estar mais acertada.

A banda de onde faz parte também Ben Monteiro subiu ao palco com os seis elementos a usar camisas de padrões espalhafatosos e movimentos de dança de quem está sozinho no quarto, que contagiam rapidamente o público.

Durante o concerto a sala foi uma pista de dança.

A banda que surgiu na internet acaba com o conceito de guilty pleasure e não se preocupa em encaixar o seu estilo num rótulo ou em usar elementos que anteriormente foram chave do sucesso. Tal como na Internet, as possibilidades são infinitas.

“$egredo” começa com uma chamada telefónica, gravada entre Alex e mãe, com o vocalista a pedir para o público mandar beijinhos para ela e acaba com o público a tratar o sorridente vocalista por “meu bem”.

D’Alva bem pode dizer que “Não Estou A Competir”, mas a avaliar pela quantidade de braços no ar já estão a ganhar quando chega “Aquele Momento”.

Durante “Lugar Estranho”, Guilherme Tomé Ribeiro e Luís Montenegro saltam para o palco e cantam uma versão da música “O teu par”. “Façam barulho para os D’alva!”, pede o vocalista dos Salto antes de entregar o microfone de volta a um Alex estupefacto: “É que vocês não estão a perceber, os SALTO são das minhas bandas favoritas”.

A “Só porque sim” foi cantada com uns D’Alva presos ao microfone, de olhos fechados. Também o público mudou: de uma massa de saltos e gritos, para um grupo que murmura “dizes não gostar de mim/ nem tão pouco assim assim/ só porque sim/ só porque sim”.

A música seguinte “é também especial” e os primeiros versos são cantados por Ben. “Homologação” põe outra vez o público a cantar, a pedido especial do vocalista: “só quero ouvir o Porto a gritar bem alto!”.

O calor aumenta, é difícil encontrar alguém que ainda não tenha atirado para o chão os casacos que lá fora protegiam da chuva. No underground do Rivoli, a noite é de sol. “A festa ainda não acabou!”, avisou o vocalista.

A toalha de Ben Monteiro está agora no meio de um grupo de amigos do público que agradece e limpa a cara antes de partir para a próxima música. “Precisamos que os migz sensualizem agora. Let’s get it ooon!”

“BarulhØ I” defende que “só perdeu quem ficou de fora e “BarulhØ II”, que conta com a participação da rapper Capicua, é cantada “corpo a corpo na plateia”.

O momento da noite chega primeiro com “Frescobol” e depois com “L.L.S.” e tem direito aos passos de dança do instagrammer Wandson, realizador do videoclipe da música. No palco a banda dos hashtags dança livre e leve. Em frente, o público, solto, já não tem os pés no chão.

O concerto parece ter chegado ao fim, mas ainda há tempo para mais uma música e o anúncio de uma “mudança radical” na vida de Alex D’alva Teixeira: “Acham que devia pintar o meu cabelo de azul?”. O público ri-se e grita que sim, entusiasmado com a ideia.

A banda que encheu a noite de surpresas tinha ainda mais uma para os fãs. Alex convida toda a gente a ir “curtir” com a banda até de manhã e oferece CD’s com direito a autógrafo.

“Primavera” é a última música do álbum e do concerto. Para trás fica mais de uma hora de dança, música #batequebate e uma banda que não vai deixar a sua marca só nas hashtags do instagram.

 

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