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Cultura

AS MATINÉS FENTHER E OS HÁBITOS HABITUAIS

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O  sol sorriu ao Maus Hábitos nesta tarde de Domingo. Iluminou os seus pacatos pátios, preenchidos por pessoas que aproveitavam a tarde preguiçosa, ecléticas nas idades e no estilo. Sempre que se entra neste quarto andar sente-se um pequeno tremor: congemina-se uma transmutação essencial, até ao nervo da mentalidade e sensibilidade cultural de quem o pisa. Mas também se conclui, por inferência, que esta ainda está longe da maioria da população portuense.

Este bar (literalmente) alternativo recebeu hoje a Matiné Fenther, uma “alternativa ao marasmo das tardes de Domingo” protagonizada pelos The Drowning Bride e concebida pela Fenther Net. Esta organizadora de eventos assume-se como um portal para diversas áreas culturais, puxando também até si a responsabilidade de desenvolver eventos agradáveis e particulares. Desta feita, nidificou na dita sala de concertos uma sessão singela de música semiacústica, acompanhada por bolo de chocolate caseiro e um ambiente familiar, atípica perante a noite geradora de música ao vivo, mas também de distorção batida. Passada umas horas mais cedo e com esta proposta musical, podemos dizer que a matiné distancia-se genuinamente deste cliché.

O duo The Drowning Bride consiste numa cancioneira cuja voz e guitarra trazem o belo saudosismo da americana, completada com o contributo dos sete instrumentos de João Sousa: um clarinete de timbre simpático, uma smoke box buliçosa, um metalofone e percussões várias. Interpretaram temas originais e covers, demonstrando à vontade com as murder ballads e com destaque para uma In my Time of Dying personalizada com o toque nasal do aerofone.

O carácter simplista deste projeto (o que não é pejorativo só por si, obviamente) transporta-nos para um quarto acomodado, onde estes músicos magicaram os primeiros acordes das suas canções. Esse ambiente foi eficazmente transporto para a sala do Maus Hábitos, embebida na luz aconchegante do fim da tarde. Atrás do palco, através de pequenas janelas, o Porto ecoava com as suas gaivotas. E acabando o concerto, quentinho, com uma fatia de bolo na mão, o público apercebe-se que não chegou a sair de casa.

Fica uma bela proposta para as tardes de Domingo.

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