DEAD COMBO – A BUNCH OF MENINOS

“A Bunch of Meninos” conquista-nos de imediato no seu título genial. Segundo a banda, lembraram-se de uma história antiga do seu produtor que, numa viagem à Holanda em 2008, se referiu ao governo na altura como “estes gajos são a bunch of meninos”. Certo é que a expressão perdurou até hoje e eles decidiram usá-la – e bem, dizemos nós, ou não se tratasse de um grupo poliglota e a expressão usada a tradução de um certo estado das coisas.

As 13 canções que compõem o álbum contam com participações de Alexandre Frazão (bateria e percussão) e António Sérginho (percussão). Outras “visitas”, como a de Nick Cave (em “Waiting for Nick”), foram ambicionadas: o grupo enviou-lhe a música e uns poemas de Fernando Pessoa para ler, mas ele deu-lhes tampa. O som, esse é o que já lhes conhecemos: uma mistura de fado e rock com a sonoridade que Ennio Morricone dava aos “spaghetti westerns” em tempos (e que depois seriam adotados por Tarantino), algumas deambulações latinas e de blues e uma sensação, tão persistente como indelével, de saudade, esse sentimento tão português e que tão bem os Dead Combo conseguem expressar. O timbre minimalista envolve-nos densamente em cada canção como se estivéssemos a assistir a uma serenata solene ou a uma cena de filme que nos prende ao ecrã. Por outro lado, e depois de um “Lisboa Mulata” mais temático, este álbum regressa às raízes, é mais cru, menos evidente no enredo das suas múltiplas histórias (no sentido em que o fio condutor entre elas não é tão nítido) e, por tudo isso, ainda mais Dead Combo.

Depois de um 2013 a celebrarem 10 anos de existência, “A Bunch of Meninos” é o reflexo de mil vivências e convivências feitas de estrada e concertos de um grupo que foi aprimorando consistentemente a sua marca musical. Não estamos, obviamente, perante um mero bando de meninos.