Cultura

RUI VELOSO TRIO: CONCERTO DE AMIGOS

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Nem o frio nem a chuva da Invicta impediram que cerca de 3000 pessoas enchessem, ontem, o Coliseu do Porto. Por trás da cortina ouvem-se murmúrios cada vez mais evidentes. Tornam-se gargalhadas e depois distinguimos as vozes. É Rui Veloso, Berg e Alexandre Manaia que se levantam de um sofá e entram em palco, sem nunca deste terem saído. Aquela que é uma das maiores e mais prestigiadas salas de espetáculos do país abre, com esta deixa, as cortinas para o início do inédito concerto: Rui Veloso Trio.

Um espetáculo intimista, com uma proximidade tipicamente portuense, muito ao estilo que Rui Veloso tem habituado o seu público. A relação criada entre os músicos e a audiência foi um dos factores mais marcantes das cerca de duas horas de concerto. Num palco transformado em sala de estar, Rui Veloso é como um vizinho do outro lado da rua, com um sorriso caloroso, uma palavra simpática e sempre senhor de um enorme sentido de humor. O cantor, que chamou os seus pais que assistiam na plateia, conversou, riu e fez rir o público como se todos fossem amigos.

O alinhamento do concerto fez alternar os grandes êxitos de Rui Veloso com velhas músicas que ficaram vários anos guardadas no armário do cantor. Acompanhado por duas vozes do Gospel, o músico reinterpretou “Um trolha d’areosa”, um dos temas mais aplaudidos da noite. O músico do Porto homenageou ainda Bernardo Sassetti, relembrando os concertos em que partilharam o palco.

Passando do Douro ao Guadiana, fizeram-se ouvir cantares alentejanos, nas vozes dos Adiafa. O grupo popular integrou o concerto, como um grupo de amigos que se vem sentar num sofá num canto do palco.

No entanto, este foi concerto em que “todos cantam menos o Berg”, segundo opiniões do público. A cada menção ao nome do vencedor da primeira edição portuguesa do programa “Factor X”, o público irrompia em aplausos.

No final, afastando-se dos microfones, os músicos acabam o concerto com “Estrelas no Céu”, cantada ao mesmo nível que o público.

No palco surgiu um céu estrelado, onde alguns creêm ser possível encontrar “ursos, cisnes e leões / sempre há luz da noite”. A verdade é que não faltaram as guitarras, as vozes e as canções de um músico que juntou dois amigos para partilhar um palco e um público.

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