Cultura

EMPRESTAS-ME A TUA ÍRIS POR UM MINUTO?

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Antes de apanharmos o 207 até São Bento e subir a rua Passos Manuel, temos de viajar até à Austrália. Foi lá que nasceram, fruto da criatividade de um Dj e Mc, Peter Sharp, os The Liberators. Esta organização dedica-se a realizar audazes experiências sociais com o objectivo de aproximar as pessoas que, como sabemos são, de uma forma geral, distantes e maçadoras. Falamos de flahmobs em metros, desfiles do arco-da-velha, workshops que misturam dança e Yoga e, claro, da Eye Contact Experiment!, conceito este que tentaram elevar a uma escala global, tendo sido já levado a várias cidades por todo o Mundo (Phoenix, Lille, Praga…), e que continuará ainda nos próximos dias a viajar. Regressemos ao Porto, carago.

Por cá, um grupo de malta amiga decidiu aderir à corrente – reuniram o material necessário (mesas, cadeiras, tapetes, cartazes, fitas, boa-disposição) e divulgaram o evento nas redes sociais. Tendo-me cruzado aleatoriamente com tal anúnci fui averiguar a situação… Eis o cenário com que me deparei:

Enquanto uns tagarelavam, outros viviam a situação solenemente. Se de um lado víamos pessoas a chorar e a abraçar o parceiro, do outro era gente a rir-se e a despedir-se, com um energético aperto de mão. Houve quem lá aterrasse por acaso, de mãos a abanar, e houve quem fosse precavido com o tapete do hall de entrada. O que todos tinhamos em comum era a vontade de partilhar um minuto com alguém que não conhecemos, provando que não se justifica sermos, em sociedade, tão fechados e pouco comunicativos! Diga-se de passagem que esses tais sessenta segundos tinham tendência a incharem, ao sopro de alegres tertúlias… E, quase sem darmos por isso, anoiteceu.

Deixo aqui registada a minha experiência, com quem cruzei olhares – dois simpáticos estudantes da Soares dos Reis, assim de seguida, santa coincidência, um segurança nocturno, que ao acordar era voluntário no IPO e poeta a seguir ao lanche, a Natacha, fiel militante do silêncio, para mal da minha suave incapacidade de estar calado, e uma moça da Faculdade de Desporto, atleta também de cordas de guitarra e cantorio à desgarrada! A lista fica por aqui porque, com muita pena minha, não pude ficar até ao fim… Certo é que, antes de me retirar dos vossos ecrãs, queria acrescentar que considero que iniciativas destas se deviam repetir! Três vezes por semana, mais coisa menos coisa.

Para onde foi a conecção Humana?

– Ora, para os Poveiros; e de lá para o coração, por via dos nossos olhos!

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