Cultura
QUATRO DIAS DE CELEBRATION NO PORTUGAL FASHION
A edição teve início em Lisboa, no Hotel Ritz, com a apresentação da marca Storytailors, que se inspirou em várias obras de literatura portuguesa, como “Os Lusíadas”, para criar uma coleção romântica em que a azulejaria portuguesa é destaque. O evento teve continuidade no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, com as apresentações da designer Carla Pontes e da marca HIBU, no âmbito do Espaço Bloom, a plataforma onde é dada oportunidade a jovens estilistas e marcas de apresentarem as suas propostas para a estação seguinte ao lado de marcas já estabelecidas no panorama nacional. O dia terminou com a coleção de verão da marca Alves/Gonçalves, dominada por silhuetas compridas, mas fluidas, e pelo uso de transparências e cortes nas peças.
Terminado o primeiro dia em Lisboa, seguiram-se três dias de moda no Porto. O primeiro teve lugar no Coliseu do Porto, local onde já há algum tempo que não se realizava o Portugal Fashion – relembre-se que da última vez que este evento ocorreu aqui o Coliseu acabou por arder. As honras de abertura foram dadas a Pedro Pedro, que apresentou uma coleção sexy e sofisticada, mas com atenção ao conforto. Terminado o desfile, seguiu-se Júlio Torcato, que nesta coleção escolheu homenagear três personalidades da moda contemporânea portuguesa, e Anabela Baldaque, que comemora este ano trinta anos de carreira e que escolheu apresentar uma coleção feminina, repleta de folhos, cores vivas e silhuetas fluidas, mas estruturadas. A grande surpresa da noite foi a apresentação de Elsa Barreto. A estilista bracarense estreou-se nos eventos de moda nacional com uma coleção de festa e com uma paleta de cores básica – pouco mais que preto e branco se viu – mas com bastante glamour. O fecho ficou a cabo de Fátima Lopes, a designer portuguesa com mais sucesso internacional, que nos mostrou a coleção que já tinha apresentado na Paris Fashion Week, em que os detalhes gráficos imperam.
O terceiro dia do evento abriu com a estilista Susana Bettencourt, a apresentar uma coleção de knitwear, e com o designer Estelita Mendonça, a escolher o exército como a sua fonte de inspiração para a estação quente. Intercalados com os desfiles na passerelle principal estavam os desfiles do Espaço Bloom, em que, numa sala repleta, Eduardo Amorim, Pedro Neto, a marca KLAR e Teresa Abrunhosa apresentaram as suas propostas para o verão 2016. Meam by Ricardo Preto foi a seguinte coleção a ser apresentada. Inspirado pelo oceano, o designer elege uma paleta de cores frias com apontamentos em amarelo e preto. Daniela Barros e Hugo Costa esperaram ansiosamente a sua vez para apresentar coleções desconstruídas e reconstruídas, bastante introspetivas, com recurso a materiais tradicionais e texturados para criar profundidade. Foi Diogo Miranda fechou os desfiles na Alfândega com a coleção apresentada em Paris, mas o dia não acabava ali. Katty Xiomara decidiu eleger um meio diferente para apresentar a coleção: um vídeo de 12 minutos em que mostrava todos os coordenados ao som de música de jogos clássicos dos anos 80. Inspirada exatamente por isso, a designer produziu uma coleção gráfica, com bastante cor. O dia terminou no Palácio de Cristal com Miguel Vieira a apresentar uma coleção de inspiração artística – Mondrian foi o eleito para esta estação – e clássica.
A manhã do último dia do evento pertenceu a Nuno Baltazar. O criador do Norte inspirou-se no filme Out of Africa, que comemora o seu 30º aniversário, para produzir a sua coleção apresentada na Alfândega do Porto. Cores quentes e fortes, detalhes tribais e silhuetas estruturadas, mas fluidas, foram as tendências principais. O Quartel Serpa Pinto foi o local escolhido por Luis Buchinho para a apresentação de uma coleção de inspiração militar, andrógina e masculina. De retorno à Alfândega, era o momento dos jovens criadores. Inês Marques, [UN] T, Mafalda Fonseca e as escolas Modatex, Escola Superior de Artes e Design e Escola de Moda do Porto apresentaram as suas propostas para a estação quente. O desfile coletivo Shoes seguiu-se na sala principal. As escolhas das marcas Ambitious, Dkode, Fly London, Nobrand, JJ Heitor e J. Reinaldo passaram pela reinterpretação de clássicos, pela aposta em visuais mais descontraídos e pela utilização de materiais de alta qualidade. Terminado o desfile, era tempo para outro coletivo, o Industry. As coleções das marcas Ballentina, Concreto, Cheyenne e Mad Dragon Seeker passaram pelo uso de estampados e silhuetas descontraídas. Vimos, de seguida, uma Vicri de inspiração preppy com silhuetas fitted de inspiração naval. Luis Onofre foi dos desfiles mais esperados da noite e contou com uma coleção gráfica inspirada nos quatro elementos (fogo, terra, ar e água), com apontamentos em cristais. Dielmar foi, provavelmente, o desfile com mais cor desta edição, com looks arrojados, mas sem esquecer os clássicos. Já Lion of Porches apresentou uma coleção inspirada no surf e contou com vários surfistas profissionais (destaque para McNamara) a desfilar.
Esta edição terminou com Carlos Gil que, à semelhança de anos anteriores, deu a conhecer a coleção já apresentada na ModaLisboa. Uma coleção de inspiração clássica, com blocos de cor a contrastar com zonas neutras e detalhes high-tech (o corte a laser foi bastante usado) e transparências.