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Cultura

“PRECISAMOS DOS TABUS” – SASHA GREY

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Para lá das 21h30, o Grande Auditório Manoel de Oliveira estava lotado para mais uma sessão do fórum que tem como tema a “Felicidade”. A sessão intitulada “O prazer na arte” começou com um excerto de Leporello, protagonizado por Marina Ann Hantzis, mais conhecida como Sasha Grey. No filme, a atriz dirige-se diretamente à sua audiência para descrever, na primeira pessoa, uma cena de sexo, através de uma linguagem simples e casual. Foi assim que uma das obras de Julião Sarmento, que acompanhou a artista durante a conferência, quebrou o gelo e despertou a atenção de quem estava na sala.

O artista português, começou por descrever como conheceu Sasha Grey, o que lhe despertou interesse na sua personalidade e o porquê de a ter convidado para participar no filme. Julião Sarmento conduziu a conversa focando-se na carreira multifacetada de Marina – nome pelo qual a tratou no decorrer da sessão – desde aTelecine, banda na qual Grey foi teclista, à sua mais recente obra literária, The Juliette Society. O convidado deu também especial enfoque à carreira da artista enquanto fotógrafa e optou por contornar o tópico mais esperado da noite: a sua carreira enquanto atriz da indústria pornográfica.

Quando se abriu espaço a questões do público, assuntos como o prazer e os tabus da sexualidade feminina foram os mais abordados. Alguns questionavam a banalização do ato sexual, enquanto outros perguntavam qual a diferença entre intimidade e sexo, aos olhos da atriz. Sasha Grey não se absteve de partilhar a sua opinião e deixou claro o que a motivou a entrar para esta indústria. “Quis explorar a minha sexualidade e encorajar os outros a não terem vergonha da sua”, disse a convidada.

Por várias vezes, a atriz tentou transmitir que os tabus devem ser quebrados e que a nossa sociedade está longe de ser aberta e honesta em relação a estas temáticas. No entanto, realçou que estes mesmos tabus são a nossa força motriz e que vão sempre existir, porque ainda há um universo por descobrir no que toca à sexualidade humana.

Com “estamos habituados a ver apenas uma pequena parte da sexualidade feminina, o cliché, mas eu não sou assim e acredito que as mulheres desta plateia também não são”, Sasha Grey deu ênfase à representação da mulher nos filmes eróticos e também à subvalorização desta na generalidade da indústria cinematográfica.

Depois de uma noite de quebra de barreiras e partilha de experiências, o público sai mais esclarecido e aberto a esta temática evitada por tantos.

 

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