Cultura
13 SOLOS E UM FIS-TIVAL
Da união de duas companhias vizinhas – a Marácula (companhia de teatro da Póvoa de Varzim) e a Ventos e Tempestades (companhia de dança de Vila do Conde) – surgiu um festival considerado como pouco usual. Uma só pessoa em palco, música ou silêncio e uma das diferentes disciplinas artísticas (dança, teatro, circo, performance) foram os ingredientes constituintes do FIS. 13 Solos, 6 espaços diferentes de um só teatro, 13 artistas (quase todos profissionais) e 7 estreias absolutas estiveram na base da sua programação.
Pedro Carvalho, Hugo Emanuel Magalhães, Teresa Santos e Sara Garcia utilizaram a dança como meio de expressão para os seus solos, enquanto Tiago Regueiras, Pedro Galiza e Inês S. Pereira deliciaram a audiência com o texto das suas peças de teatro. Didac Gilabert, Crestina Martins e Joana Martins deram uso ao seu diabolo, tecido vertical e trapézio, respectivamente, enquanto Xavier Torra, Giselle Stanzione e Isabel Costa cativaram a atenção dos espectadores com os seus espectáculos de teatro físico e performance. A Sala Principal, a Sala de Ensaios, a Sala de Actos, o Café-Concerto, o Subpalco e mesmo o exterior do teatro, foram utilizados como locais de espetáculo. O público foi então convidado a apreciar não só os solos, mas também a contemplar e interagir com os vários espaços arquitectónicos, habitualmente interditos.
Na realidade, poucos foram os indiferentes ao que por lá passou, à qualidade dos solos apresentados e até mesmo à ligação criada entre as companhias. Desde gargalhadas a lágrimas de emoção, de miúdos e graúdos fascinados e sonhadores a rostos pensadores e inquietos, várias foram as emoções levadas para casa por parte dos espectadores, que se deslocaram ao longo desses dias ao Cine-Teatro Garrett.
Surge assim um feedback positivo. Pedro Carvalho, um dos organizadores do FIS, dá enfase ao trabalho conjunto das duas companhias, que resultou da melhor maneira possível dado que funcionaram como uma só. Salienta a existência de uma linha condutora estética, técnica e de qualidade entre os espectáculos, algo não inicialmente suposto, mas previsível aquando do início da preparação do evento. Uma boa organização e respeito mútuo pelo trabalho de todos foram características que se espelharam, e foram sentidas pelo público. O FIS correspondeu assim a um ponto de partida para a criação e experimentação, partilha e aprendizagem.
Depois desta primeira edição de uma coisa há certeza: o FIS veio para ficar e voltará no próximo ano com mais solos, muita arte e muitas surpresas por revelar.