Cultura

MEXEFEST ENCHE O CORAÇÃO DE LISBOA: BENJAMIN CLEMENTINE CONQUISTA O COLISEU DOS RECREIOS

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O Mexefest, que volta a brindar Lisboa com um dos festivais mais singulares do quadro musical português, superou as expectativas. A aposta em nomes recentes e atuais, tanto portugueses como internacionais, levou a que este festival apresentasse, em muitos dos casos, nomes que pisam pela primeira vez palcos nacionais. O festival esgotou e o público não deu tréguas.

O conceito não é novo, é já desde os tempos do Super Bock em Stock, em que o festival se dividia entre Porto e Lisboa. A separação dos concertos pelas mais variadas salas é um dos grandes pontos positivos. A esta edição juntou-se o Tanque, uma antiga piscina, que recentemente foi transformada numa das maiores salas de festa em Lisboa, e o Teatro Tivoli. A proximidade entre os vários locais leva a que encontros inesperados com artistas desconhecidos tomem conta de grande parte da noite, com as mais variadas descobertas.

O festival iniciou-se às 20h. Por esta altura, 3 concertos abriam as hostilidades, com música em bom português. Contudo, o verdadeiro Mexefest só começaria a compor-se por volta das 21h. Akua Naru, norte-americana, apresentou-se na estação do Rossio, com uma vista de fazer inveja a muitos músicos. Com o Castelo de S. Jorge como fundo, esta artista, com a sua banda de 8 elementos, atuou pela primeira vez em Lisboa, com uma plateia cheia, em que mesmo quem não a conhecia cantou com ela. O jazz ligado ao hip-hop iniciou a noite da melhor maneira, com a artista a frisar a discriminação racial que ainda assombra a atualidade.

O concerto de Chairlift, um dos mais esperados da noite, iniciou-se com 20 minutos de atraso, o que ajudou uns a chegar mais tarde para acabarem de ver Mahmundi, no Tanque. Este foi o primeiro ato dos artistas da produtora Bloco, que ficou a cargo de quase toda a noite neste espaço. Outros, porém, ficaram aborrecidos com o tempo de espera, num dos festivais mais pontuais. A grande variedade de salas ajudou a coordenar os horários de tal modo a que um estudo prévio do festival seja essencial. O duo subiu ao palco do Coliseu dos Recreios, que não parou de encher durante a primeira metade do concerto, e conseguiu cativar o público com o pop que caracteriza estes dois americanos. O grupo lança o novo LP em Janeiro e deu um preview do que poderemos esperar, com o seu último single “Ch-Ching”.

Benjamin Clementine era o nome mais esperado da noite. O Coliseu estava cheio e acolheu o vencedor de 2015 do Mercury Prize, um dos mais importantes prémios musicais do Reino Unido. Com somente um piano e um baterista, o londrino encantou uma sala, em que cada música acabou com grandes ovações por parte da plateia. As músicas mais esperadas fizeram parte da setlist, com London e Condolences a serem entoadas por todos o Coliseu. Benjamin, que já se apresentou este ano no Super Bock Super Rock, volta a Lisboa e completa mais 4 concertos de Norte a Sul. Foi sem dúvida dos momentos altos deste Vodafone Mexefest: durante este espetáculo, a música calma, melodiosa e, ao mesmo tempo, recheada de emoções tomou conta da noite.

Contudo, a música de Benjamin não assinalou o final da noite. O produtor, San Holo, terminou com um trap que mexeu o Tanque, num espaço lotado, no já considerado after-hours. Antes disso, a rapper brasileira, Karol Konka, partilhou o palco com um dos Tropkillaz, levando não só as suas músicas à sala lisboeta, mas também abraçando as mais recentes novidades musicais da atualidade. A artista fez questão de demonstrar o seu apoio às mulheres, na luta pelos seus direitos.

O primeiro dia ficou marcado pelas várias posições políticas e sociais apresentadas por muitos dos artistas, numa altura em que a cultura é vista como um dos pontos essenciais para a resolução de qualquer conflito.

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