Artigo de Opinião
AS PRIMEIRAS FALHAS DE LUÍS CASTRO
Os quartos-de-final da Liga Europa, que opuseram o Futebol Clube do Porto ao Sevilha, acabaram com a eliminação dos portuenses, derrotados por um agregado de 2-4 nas duas mãos: vitória por 1-0 em casa e derrota por 4-1 fora. No cômputo geral, penso que acaba por sair apurada a equipa mais eficaz e que aproveitou melhor as oportunidades de finalização, considerando que, no primeiro jogo, o FCP teve inúmeras ocasiões que não materializou, por “culpa” do guarda-redes “sevilhano” Beto, ou por inépcia dos seus finalizadores, tendo também duas bolas nos postes.
Neste artigo, irei centrar-me no treinador do conjunto azul e branco, não como réu ou principal culpado pela derrota do Porto em Espanha, mas como um veículo para explanar algumas ideias sobre a preparação de jogo, postura, e resposta táctica, três vertentes em que, no desafio em causa, o treinador falhou. Para que não restem dúvidas da minha admiração pelo treinador referido, julgo-o de uma competência inatacável, e penso mesmo, que deveria ter uma oportunidade para preparar a próxima época de “raiz”, como treinador principal.
Na preparação ao jogo, no escalonamento do onze inicial, Luís Castro, na minha conceção, errou. Tendo que substituir forçadamente Fernando, por expulsão no último jogo, o treinador fez entrar Herrera. Mas esta não foi uma substituição directa, troca por troca, mas antes uma mexida em duas posições do “miolo”. O centrocampista mexicano começou a jogar na posição de Defour (médio interior), tendo o belga recuado para médio defensivo (posição habitual de Fernando). Numa substituição forçada, penso que se deve alterar o mínimo possível, ou seja, trocando apenas um jogador por outro, mexendo somente numa posição, diversificando ao mínimo as dinâmicas habituais. Neste caso, Defour deixou de ser o jogador de transições, responsável por pautar o ritmo com bola, e Herrera, que até tem sido treinado a espaços como médio defensivo desde o início da época para uma eventual ausência do habitual titular, não foi utilizado nessa posição.
Na postura, Luís Castro é habitualmente muito sereno, transmitindo uma mensagem de tranquilidade para dentro das 4 linhas. Foi expulso no início da segunda-parte, num momento em que a equipa necessitava encarecidamente da presença do treinador no banco. Julgo ser importante referir que, nalguns casos, os treinadores tentam ser propositadamente expulsos para desencadear uma atitude aguerrida, activando a motivação, direi mesmo a “revolta” no jogo. Mas creio que não foi por isso que o treinador foi expulso, foi apenas por mero descontrolo. Também não era uma resposta primordialmente emocional que o Porto necessitava, mas sim do foro táctico, para acalmar a equipa. Nesse sentido a entrada de Quintero por troca com Carlos Eduardo foi correcta, embora o posicionamento do colombiano no sistema táctico, na minha óptica, não tenha sido o melhor. O 4x3x3 inicial manteve-se, com Defour sempre como “trinco”, Quintero na ligação entre sectores e Herrera como médio mais ofensivo. Estes dois últimos posicionamentos deviam estar trocados. Como o Sevilha só pressionava à entrada da sua área, a implantação no miolo era “fácil”, sendo necessário Quintero mais adiantado, devido à capacidade que tem em “inventar” espaços através do passe, escapar de marcações apertadas com a destreza de drible e capacidade finalizadora com o seu exímio remate.
Fábio
11 Abr 2014 at 20:22
percebes tanto de futebol como eu da apanha da batata do Saara .. -.-
Sérgio
11 Abr 2014 at 20:32
Antes de mais parabéns pela rubrica ilustre amigo.
Quanto à tua opinião, deixa-me dizer que, concordo discordando. Isto é, na tua opinião julgas que era melhor que Herrera jogasse como 6? Defour claramente rende mais a 8, pela decisão mais precisa, mas a verdade é que o belga já jogou inúmeras vezes como 6 no FCP, inclusive às ordens de Luís Castro, no Porto-Belenenses. Herrera nessa posição, sabe-se que tem poucas rotinas no futebol europeu (apesar de ter jogado a 6 cá algumas vezes e com algumas presenças na mesma posição, na seleção sub-21 mexicana e no Pachuca), além de ser um jogador muito faltoso e que decide mal muitos lances defensivos, na ocupação de espaços. Portanto, apesar de considerar que Defour realmente é melhor a 8 do que o mexicano e que só se deve mexer numa posição em vez de duas, tenho de concordar que fez a escolha mais segura, numa altura em o Porto partia em vantagem.
Julgo que a inexperiência da defesa ( algo que ao que parece o FCP se orgulha, pelo post no Facebook a dizer que eram a defesa mais jovem da Liga Europa ), pagou-se cara.
Mas o principal motivo, para mim continua a ser o do costume, um que já vem da era Paulo Fonseca, que é a mal preparação da época por parte da SAD azul e branca.
Claramente não há qualidade e sem farinha não se faz pão, como diz o ditado. Não há uma alternativa boa a Fernando, bem como muitas outras posições. Mas neste caso foi aquilo que fez diferença.
Uma palavra também para o enorme Beto, que espero ver a defender a seleção nacional no mundial que se aproxima, e outra palavra aos árbitros, em especial o de baliza, o fiscal e o principal, que descortinaram um penalty inexistente, num lance que precede de um fora-de-jogo, e que condiciona claramente o jogo. Contudo, Porto é mais do que isto, e não pode ser nunca abalado por estas coisas do futebol. Não só pela experiência que temos na europa, mas também por aquilo que é esta casa.
Bem isto é conversa para termos no café.
Grande abraço e continuação de bom trabalho!
António V. de Castro
12 Abr 2014 at 15:11
O artigo aborda questões particularmente interessantes.
A inconstância táctica tem sido resultado de uma falta de soluções flagrante. Embora não seja daqueles que ache que o plantel tem menos soluções do que no ano anterior, é evidente a lacuna inultrapassável que Moutinho deixa, no miolo do terreno. Estamos a falar de um box-to-box que enxia o terreno, quase omnipresente a cada acção transitiva da equipa – na defesa e no ataque.
Vitor Pereira foi injustamente classificado e, diria até, despezado pela ilusão de que a simples existência estrutural seria suficiente para colmatar as debilidades de qualquer treinador.
Herrera parece-me um grande jogador, em potência, mas torna-se complicado depois de um ano de opções e gestão de plantel ineficientes. Tacticamente, as observações sã pertinentes, nomeadamente quango ao posicionamento ao centro. Creio que Castro errou ao não incluir Quinto de início, ligeiramente adiantado em relação aos dois companheiros, servindo Herrera de pêndulo e Defuor de trinco, eventualmente com apoio de Reyes. Lamento a falta de aposta em Mikel e as exibições sofríveis de C. Eduardo, do Alex e até do Danilo, que tanto defendo. Varela esteve como sempre: intermitente. Fabiano nada poderia fazer com tantas perdas de bola em zonas perigosas.
Dois destaques: Quaresma, sempre o mais esforçado e o mais cheio de alma; Luis Castro, pelo sacrifício de ser bem melhor do que os cacos que tenta montar. Espero vê-lo naquele banco para o ano, em vez de Fernando Santos, cada vez mais uma certeza…
Somos Porto
António V. de Castro
12 Abr 2014 at 15:15
Rectificando: “encher” em vez de “enxer”. 😉
As minhas desculpas!
Carlos Martins
13 Abr 2014 at 15:52
É verdade que não há jogadores insubstituíveis, mas a responsabilidade de ter de substituir um jogador como o Fernando (com o “peso” que tem e a segurança que dá à equipa) é enorme. Por isso, não é fácil dizer quem será o jogador com melhor perfil para o lugar.
O Defour é um médio mais completo, capaz de jogar bem a “6”, a “8” e a “10”, enquanto que o Herrera é um jogador mais de “transição” e de transporte de bola…
Outro jogador que também poderia fazer bem a posição “6” é o Diego Reyes (já foi utilizado como médio defensivo no México), mas é sempre um risco atirá-lo às feras num jogo tão importante como foi o de Sevilha. As experiências ficam para mais tarde…
David Guimarães
13 Abr 2014 at 16:07
A ironia destrutiva de Fábio é extremamente redutora para eu compreender o motivo de tão corrosivo desprezo. Até admito que tenha vastos conhecimentos futebolísticos mas agradecia que os transmiti-se com clareza para assim contrapor as minhas opiniões. Socorrendo-me da analogia de Abraham Maslow: “Se a única ferramenta que o ser humano tem é um martelo, tudo começa a assemelhar-se a um prego.” Espero que esta não seja a sua forma quotidiana, acrítica de discussão.
joao barbosa
13 Abr 2014 at 23:05
concordo com quase todas as coisas escritas.Mas quanto a continuação de luis castro não estou de acordo.não ponho em causa a capacidade de trabalho ,dedicação, e profissionalismo de luis castro mas creio , em primeiro lugar ,que é necessario sangue novo.penso ,tambem, que numa altura critica para a SAD é necessario a existência de um treinador que corte com o passado e que não seja visto(como luis castro e v.pereira)como um boy da SAD.alguem com ideias proprias , que tenha uma palavra forte na escolha de reforços e que motive , alem dos jogadores, os proprios adeptos!a idade , a nacionalidade pouco importam. interessa a competência e conhecimento do clube e do futebol português, por isso escolheria , mais uma vez , um jovem português.
continuação de boas cronicas!
David Guimarães
14 Abr 2014 at 22:45
Caro João Barbosa muito obrigado pelo apreço demonstrado. Relativamente à opção pelo treinador Luís Castro ou outro treinador considero-a é muito subjectiva. Mesmo assim penso que a nacionalidade importa muito quando se quer um treinador conhecedor do futebol português. Não estou a ver muitos treinadores estrangeiros, pelo menos na linha de sucessão de Luís Castro, com gabarito para assumir um clube como o FCP, que sejam muito conhecedores da nossa principal competição interna. Relativamente ao entusiasmo dos adeptos, parece-me irrelevante quando analisamos o trabalho de um técnico. O treinador tem que construir uma equipa competitiva e consistente e que cumpra os objectivos predefinidos pela entidade patronal. A conquista dos adeptos é secundária, vista como apenas um acréscimo. Do ponto de vista do “timoneiro”, a verdadeira validação e legitimação é atribuída apenas pelos responsáveis do clube. Dessa análise que fizeste, “veio-me” à cabeça o nome de Marco Silva. Parecia-te uma boa opção? Um abraço.
joao barbosa
15 Abr 2014 at 16:41
Sim parece-me uma boa opçao! ja li em varios sitios que marco silva poderá ser um “Paulo Fonseca 2”,que o estoril tem mais dinheiro que o paços, que o que ele faz é banal etc etc. Mas não podemos ter esse medo. O nosso modelo de gestão passa , por norma, em apostar em jovens treinadores portugueses sem titulos e nao pode ser por um ter corrido mal que vamos por tudo em causa.Embora não conheca o Marco Silva profundamente ,parece-me que é uma pessoa com personalidade , discurso forte e que não vai ser um boy da SAD a contrario dos 2 ultimos treinadores(quem não se lembra do rodriguez, com 5 quilos a mais, a entrar no monaco na final da supertaça para ser vendido..?).Neste momento em que a SAD tem que limpar a face é importante alguem que tenha ideias proprias e consiga ter a personalidade e a força de se assumir!
António Pais
13 Abr 2014 at 23:05
Parabéns David pelo artigo e por já provocares os comentários habituais que se lêm na imprensa mainstream online, que normalmente apenas servem para ilustrar o microscopico quociente intelectual e o desmesurado ego individual de alguns leitores. Deixando para trás as cabeças achatadas, vou seguir atentamente os teus próximos artigos! Força nisso..
David Guimarães
14 Abr 2014 at 6:09
Vou então responder aos comentários de Sérgio, António V. de Castro e de Carlos Martins pela ordem do “bitaite” na página.
Sérgio queria primeiramente agradecer as simpáticas palavras e o teu apoio. Depois pelo acrescento precioso de informação relativamente ao percurso do mexicano Herrera, bem como, do seu historial a nível táctico. Muito sinteticamente digo-te que prefiro o belga ao mexicano nas duas posições, como tal, e seguindo o raciocínio que fiz no artigo, reitero a posição 6 de Herrera. A inexperiência da defesa pesou inegavelmente neste jogo mas isso deve-se como no final do texto afirmas a uma má preparação conjuntural de toda uma época. Quanto a Beto esteve “gigante” neste jogo, mas acho Rui Patrício o melhor guarda-redes português e como tal mais bem capacitado a “agarrar” a titularidade na selecção. Os erros de arbitragem foram de “palmatória” com 2 na mesma jogada, infelizmente são as contingências do jogo. Numa equipa intranquila por ter averbado sucessivas derrotas, descrente devido a uma identidade de jogo não adquirida, estes lapsos por parte dos “juízes” ganham uma dimensão maior, “corroendo” por completo a auto-estima já “estraçalhada” dos jogadores. Termino dizendo-te que as derrotas tenham de ser aceites como parte integrante de um clube de futebol. E mesmo os extraordinariamente bem-sucedidos como é o caso do FCP têm que lidar com elas.
António V. de Castro obrigado pelos elogios ao artigo. Vejo que é um portista apaixonado mas também muito esclarecido. Concordo com a análise que faz sobre João Moutinho e a importância que este tinha na equipa da época passada, embora pense, que para tentar explicar as inconstâncias exibicionais desta época, não podemos incluir profissionais de temporadas anteriores, visto que toda a preparação de 2013/2014, já não incluía Moutinho. Abordando o tema Vítor Pereira subscrevo por inteiro as palavras do António. Fui defensor do técnico espinhense desde o início até ao culminar da sua experiência no clube, e considero que era um treinador adequadíssimo na estrutura do FCP. O seu discurso, postura, e o estilo de jogo que imprimiu na equipa, enquadravam-se naquilo que é o clube em termos identitários mais latos (rigoroso, trabalhador, temerário, formatado para a vitória). É salutar ver que partilha a cultura “Porto”. Penso que muitos adeptos de futebol, não particularizando clube algum, estão mais preocupados com a vertente espectáculo do futebol. Entre os enquadramentos negócio/espectáculo, dá-se o esmagamento da verdadeira essência desta modalidade desportiva, o jogo. E o jogo é ganho de várias formas, ou seja, com várias manifestações estéticas e estilísticas. A questão da titularidade de Quintero depende daquilo que o treinador considera primordial, se a construção de jogo ou o trabalho de pressão sem bola. Quintero é mais criativo, enquanto Carlos Eduardo é mais “operário” do que o colombiano. E infelizmente, na minha óptica, no futebol contemporâneo é atribuída maior importância à cobertura de espaços do que à criatividade em posse. Quanto aos destaques individuais que falou, penso que Mikel ainda é muito inexperiente para estas andanças, e sendo eu também grande defensor do Danilo vou desculpabilizá-lo nos dois primeiros golos, no primeiro não cometeu qualquer falta para penálti e no segundo, ele quando domina a bola, já tem um defesa no seu espaço pronto a roubá-la. Nesse lance, culpo Fabiano que é imprudente na forma como procura Danilo com o para construir que este “construa desde trás. Deixo no ar uma pergunta, será o brasileiro melhor a médio interior ou a defesa direito? Na minha opinião este jogador só será um craque de nível internacional jogando no “miolo”, a sua capacidade de incursão com bola, ocupação de espaços, aparecimento em zonas de finaliza e remate de fora da área poderiam manifestar-se melhor se jogasse mais adiantado no terreno. O que vi no Santos e na selecção brasileira não me deixam qualquer dúvida relativamente a esta afirmação. Quanto a Varela, é um jogador refinadíssimo, mas apenas joga com intensidade, um terço dos jogos da época. De facto, inegavelmente o melhor do Porto foi Quaresma, que para mim, era titular “de caras” na selecção portuguesa no próximo mundial.
Quanto ao Carlos Martins agradecer muito o comentário e elogiar a tua capacidade de síntese. Fernando é um jogador crucial no FCP. Não sendo preciso falar da sua qualidade, reconhecidíssima por todos os analistas, é um jogador que apresenta características intrínsecas que mais nenhum outro jogador do clube tem. A sua ausência obriga a equipa a alterar as dinâmicas no meio campo impreterivelmente. O que dizes de Defour e Herrera está correctíssimo. No caso do belga, penso que o facto de ser um jogador tão polivalente e camaleónico, não o tem permitido cimentar-se na sua melhor posição, médio interior. Com jogos recorrentes naquela posição, penso que o cepticismo perene que tem existido em relação ao jogador terminava. Quanto a Diego Reyes, acho também que pode jogar a médio defensivo, embora neste jogo, e pela escassez de centrais, a sua integração no centro da defesa era indispensável. Nem te consigo afirmar ainda, qual será a sua melhor posição.
Um grande abraço aos três e peço-vos que continuem a dinamizar o debate e a fazer tão interessantes comentários.
Sérgio
14 Abr 2014 at 10:44
Viva,
antes de mais um obrigado pela resposta pronta e pela disponibilidade apresentada para debater.
Num apanhado das resposta aos bitaites e, se me é permitido, interferindo nas outras conversas que não pude deixar de ler. A verdade é os jogadores são passageiros e o FCP tem colmatado essas saídas quase sempre com soluções de bom nível. Nas últimas 2/3 épocas, devo dizer que a preparação do plantel me deixa sempre um pouco “de pé atrás”. Mas como se têm ganho títulos essas questões desvanecem na alegria dos títulos celebrado.
No entanto, esta época, com a aposta clara no mercado “nacional” e a contenção de custos, levam o Porto a carecer de opções válidas em muitas posições. Não há nenhum defesa direito ou esquerdo de raiz para jogar (caso estranho, quando temos um polivalente no plantel que parece ter sido encostado por problemas de empresários e afins, Fucile), Não há, um suplente de raiz para o lugar de Fernando, isto se contarmos com Defour na posição 8. Não há um suplente para extremo. Claro que há “soluções”, Mangala na esquerda, Ricardo a defesa direito, e por aí fora. A falta de suplentes faz apenas com que os jogadores se acomodem ao lugar, faz falta alguém que lhes morda os calcanhares constantemente e que os mantenha no topo da forma.
Esta situação, deixa-me a mim e com toda a certeza a muitos portistas, a filosofar o porquê de certas decisões, que infelizmente são extra-futebol. Com falta de extremos de qualidade, porque se emprestou Iturbe? O que é feito do homem do campeonato passado, Kelvin? Gastamos 18M de € em Danilo, para jogar com ele fora da posição onde rende mais? E depois o nível das contratações deste ano, que sinceramente, em alguns mais valia não gastar verbas e utilizar os jogadores com grande qualidade que estão na equipa B, casos de Tozé, Kayemebe, Rafa, Mikel, por exemplo. Castro não tinha lugar neste plantel?
Como podemos analisar, há muitas decisões questionáveis. É indiscutível que estas perguntas só aparecem a meio da época, quando se dá conta, que alguns jogadores afinal não são tão boas apostas.
Não se pode chorar sobre leite derramado, mas há uma necessidade de preparar a próxima época desde já. Esta época não tem salvação, nem com vitórias nas duas taças que restam.
Sou a favor de Luís Castro no leme desta equipa e espero que assim seja, para que comece a aprontar a próxima temporada e que se chegue a Agosto com uma equipa base e fechada (com a excepção de negócios de última hora).
O FCP vai jogar o playoff da liga dos campeões, portanto é imprescindível que a “máquina esteja oleada” numa fase muito prematura.
Não me vou alargar mais, quero apenas deixar uma palavra para o David, e pelo espaço de discussão que conseguiu criar com a crónica, e um pedido ao departamento informático, para que agilize as respostas destas estas discussões com uma actualização à zona de comentários, para que as pessoas possas responder em linha umas com as outras ao invés de comentarem em toda uma linha temporal.
Sérgio
14 Abr 2014 at 10:45
Edit: peço desculpa ao pessoal informático, uma vez que as conversas estão devidamente estruturadas, o David é que não clicaram em “responder”, apenas mandou um novo bitaite.
David Guimarães
16 Abr 2014 at 0:34
Sérgio muito obrigado pelo excelente dinamismo e qualidade que impregnas nestes debates futebolísticos. Relativamente às opções pelo mercado nacional, elas advêm como disseste e muito bem de uma contenção estrutural devido à situação confrangedora que o nosso país vive a nível económico. Penso até que a aposta no mercado interno, e também na formação, vai ser cada vez mais usual no futebol português daqui para a frente. Relativamente ao FCP a maior parte dos reforços não foram maus… para suplentes. Licá, Josué, Herrera e Carlos Eduardo são bons jogadores, mas não têm nível para assumir a titularidade ou a preponderância que obtiveram nesta época. Foi o erro o desaparecimento de Defour da equipa principal e também a utilização de Josué (médio ofensivo de posse) a jogar numa ala. Nesse sentido subscrevo as tuas ideias, Iturbe e Kelvin eram jogadores com inegável qualidade e acima de tudo legitimidade para serem “peças fundamentais” na criação de desequilíbrios. Permite-me a veleidade de afirmar que demonstras grande conhecimento e ecletismo até, quando afirmas que Danilo joga fora da sua posição. Advogas isso, certamente, com base no que viste do jogador no Santos e também na selecção brasileira, onde ele jogava como médio interior. Podemos discutir este jogador de uma forma mais profunda se quiseres noutra conversa. Quanto aos jogadores da equipa B que referiste não seriam muito relevantes para a equipa A. Julgo que muitos jogadores que o FCP comprou (já anteriormente referidos) são melhores que esses que falas, mas nunca para titulares como acontece hoje. Aí sim, reside o problema nesta época!
Termino dizendo-te que tenho muito prazer em colaborar com o JUP. E esse gáudio é potenciado através de discussões tão relevantes e profundas como as que tenho mantido contigo aqui neste espaço. Muito obrigado e um abraço
Carlos Martins
19 Abr 2014 at 0:53
David, concordo com o que dizes. A importância que o Fernando tem na equipa é tal que é sempre ingrato para quem o substitui conseguir manter o mesmo desempenho e intensidade competitiva.
A posição de médio defensivo (ou pivot) é essencial no futebol moderno, pelo equilíbrio que este dá à equipa, quer no momento defensivo, quer no momento de transição ofensiva.
Não sei se vamos ou não perder o Fernando no final desta época, mas tenho a certeza que, quando ele sair, a “estrutura” do clube saberá encontrar o substituto ideal. O passado mostra-nos que não há motivo para preocupações… Quando o Costinha saiu, rapidamente o Paulo Assunção tomou conta do lugar; mais tarde, quando perdemos o Paulo Assunção, o Fernando foi adaptado a uma posição que não conhecia mas na qual se especializou, ao ponto de se tornar indispensável…
Raquel Moreira
14 Abr 2014 at 11:24
O futebol é passível (como muitas outras coisas) de ser observado de múltiplas perspectivas, necessariamente subjectivas, mas que podem ser complementares. As paixões que desperta não podem ser “desculpa” para contendas sem conteúdo e que nada acrescentam ao exercício mental sempre saudável, sobre qualquer tema.
Pensar ainda é um espaço de liberdade e prazer, mas que tende a ser reduzido a expressões rudimentares e se não tivermos cuidado, à sua completa anulação ou à sua transformação em descargas agressivas, dentro ou fora das “4 linhas”.
A discussão à volta destes artigos, tem-se revelado interessante, elevada e civilizada. Espero que assim continue.
Diogo
15 Abr 2014 at 18:03
David, parabéns pelos teus artigos!
Permite-me que apresente duas discordâncias em relação ao que escreveste:
1. Apesar de concordar que quando se faz alterações forçadas nas equipas deve-se tentar mexer no mínimo de peças que for possível, acho que o que o Luís Castro fez recuando o Defour para o lugar do Fernando e metendo o Herrera mais à frente foi correto. Não havia nenhuma alternativa mais fiável: o Reyes jogava a trinco no México, mas não tem rodagem nessa posição no Porto (para além de que também obrigaria a mudanças na defesa); o Herrera está muito de longe de ser um trinco e está mais do que visto que o seu desempenho quando joga mais recuado é desastroso (era o que acontecia no tempo do Paulo Fonseca; veja-se, por exemplo, o jogo terrível dele contra o Sporting, para a Taça da Liga, em que deve ter falhado mais passes do que todos os outros jogadores da equipa juntos). Não sendo a situação ideal, acho que o Luís Castro acabou por estar bem. Infelizmente, esta situação só voltou a colocar a nu as carências dos plantel do Porto desta época.
2. Não acho que a expulsão do Luís Castro seja um aspeto muito relevante deste jogo. O Porto já perdia por 3-0, não foi por aí que foi goleado, e julgo que também não seria por aí que poderia ser feita a diferença.
Quanto ao resto, tendo a concordar com a continuidade de Luís Castro, mas acho que isso deve ser calmamente ponderado no final da época, em função do que o Porto já fez e do que ainda vai fazer. Confesso que neste momento me preocupa mais a constituição e o equilíbrio do próximo plantel do que a questão do treinador.
David Guimarães
17 Abr 2014 at 1:39
Diogo muito obrigado pelo comentário e pela clareza das ideias expostas.
Esclarecendo só que a centralização na figura do treinador neste artigo não se deve ao facto de eu achar que ele tenha sido o principal culpado pela derrota europeia. Servi-me da sua figura como um veículo, não apenas para comentar a actualidade do FCP, mas também para explanar algumas ideias mais genéricas acerca da modalidade, mais concretamente da abordagem dos treinadores ao jogo, nas diversas vertentes onde têm intervenção directa. Contrariando-te no último ponto, julgo que a questão do treinador é fundamental, a mais importante quando se prepara uma época. É em torno das ideias de jogo do técnico que se avança, posteriormente, para a construção de um plantel idealmente equilibrado.
Peço-te que continues a comentar e a participar desta forma tão frutífera. Um abraço.
Diogo
17 Abr 2014 at 12:50
David, talvez não me tenha expressado bem. Eu também acho que a questão do treinador é fundamental na preparação de uma época. O que eu quis dizer é que neste momento, olhando para a atualidade do Porto, preocupa-me mais o estado do plantel do que o estado da equipa técnica (ou seja, acho que os problemas atuais do Porto devem-se mais à qualidade, ou falta dela, do plantel, do que à qualidade do treinador, que acho que é elevada).