Desporto
UM HINO AO FUTSAL
A 17ª edição da Taça de Portugal de Futsal teve um inesperado vencedor: a AD Fundão. Depois de ultrapassar Sporting, Portela e Unidos Pinheirense, a equipa da Beira Baixa chegou à Final Four da competição, realizada em Oliveira de Azeméis, tendo como oponente, no jogo das Meias-Finais, o Modicus. A outra meia-final colocava frente-a-frente o Benfica e a grande surpresa da Taça: o Arsenal Parada, equipa de Matosinhos, que milita na 3ª Divisão Nacional.
Se, numa das partidas, o resultado foi desnivelado, tendo em conta a natural diferença de poder de fogo entre Benfica e Arsenal Parada – a equipa da Luz venceu por 5-0 –, o outro jogo da meia-final foi bastante mais equilibrado – e de certa forma pautado por um grande rigor e espírito calculista de ambas as equipas – terminando com um 2-1 favorável à AD Fundão, apenas fixado nos últimos instantes do desafio.
Jogada no passado domingo, a grande final não desiludiu! Benfica e AD Fundão defrontaram-se na disputa pela segunda competição mais importante do panorama futsalistico português e proporcionaram um excelente espectáculo, com uma grande dose de emotividade e níveis altíssimos de intensidade de jogo. E, não menos importante, com uma histórica vitória da equipa comandada por Joel Rocha, por 7-6, após prolongamento.
O jogo começou vivíssimo e com uma estratégia da equipa da Beira Baixa que surpreendeu o Benfica – a AD Fundão pressionou, desde cedo e muito à frente, os encarnados, condicionando bastante o seu jogo. Haveria, no entanto, de ser o Benfica a inaugurar o marcador com um grande tiro de Ricardo Fernandes, já depois de Miguel Silva (AD Fundão) ter sido expulso por colocar a mão na bola em cima da linha de golo e do mesmo Ricardo Fernandes ter desperdiçado a grande penalidade que resultou desse lance. A AD Fundão não se deixou ir abaixo e respondeu de imediato com um belo golo de Anilton (curiosamente ex-jogador dos encarnados), restabelecendo o empate.
A partir daqui, de forma natural, o ritmo da partida desceu e o jogo ficou um pouco mais pausado e menos partido. Em consequência, também menos oportunidades de golos. Golos esses que haveriam de chegar apenas a faltar cerca de 5 minutos para o intervalo: primeiro por Davide Moura, para a AD Fundão, a emendar, à boca da baliza, um remate do Guarda-Redes André Sousa; depois o Benfica, por intermédio de Alan Brandi, a repor a igualdade. Com 2-2 no placard, os encarnados tomaram as rédeas do encontro e, provavelmente, na sua melhor fase, acabaram por sofrer o 3º golo a pouco mais de 2 minutos do intervalo – de novo Davide Moura a fazer o gosto ao pé, num lance em que o guarda-redes do Benfica, Marcão, não fica isento de responsabilidades. Ao intervalo, a vantagem favorável à equipa vinda do Fundão apenas era uma surpresa para quem não assistia à partida.
No reatar do encontro, o Benfica surgiu mais expedito, mais pressionante e à procura do golo; nesta fase, a AD Fundão sentiu algumas dificuldades para se libertar da pressão, tendo-o conseguido de forma gradual. Já depois de Serginho (Benfica) enviar uma bola à trave, foi mesmo a equipa da Beira Baixa que dilatou a vantagem, num rápido contra-ataque concluído por Noé Pardo. A perder por 4-2, o Benfica fez um esforço por ‘voltar ao jogo’ e a faltar pouco menos de 9 minutos para o final, reduziu por intermédio de Ricardo Fernandes. O Benfica carregava e procurava o empate mas, mais uma vez, a AD Fundão foi mais pragmática: depois de uma bela jogada individual, Anilton disparou forte e colocou de novo a sua equipa com uma margem confortável de dois golos. Faltavam cerca de 5 minutos para o apito final.
De imediato, o Benfica, arriscando, apostou no 5º elemento e foi feliz mas, sobretudo, muito competente: em lances muito bem trabalhados colectivamente, Paulinho e Joel Queirós assinaram os golos que permitiram aos encarnados chegar ao empate e, assim, levar o jogo para prolongamento. Nesses curtos minutos (dois períodos de 5 minutos), a equipa do Fundão nunca se descontrolou e soube ser tão paciente quanto eficaz: Davide Moura voltou a marcar, depois de mais uma bela jogada de Anilton, assim como Liléu o fez, numa altura em que o Benfica já utilizava, de novo, a fórmula do 5º elemento. Nessa fase, a AD Fundão era mais coesa a defender e apenas se deixou surpreender quando Serginho Paulista, à entrada para o último minuto, reduziu para 7-6.
Os últimos segundos de jogo foram frenéticos mas os pupilos de Joel Rocha souberam controlar o ímpeto encarnado e asseguraram mesmo o maior feito da história do clube. A Taça de Portugal assenta bem à AD Fundão, um clube cada vez mais considerado no contexto nacional ao nível do Futsal, e recheado de bons valores – André Sousa, Anilton e Davide Moura merecem, neste sentido, um destaque especial pelas enormes exibições rubricadas num grandíssimo espectáculo presenciado por cerca de 3000 pessoas. Para as gentes de Fundão, a festa foi rija: a Taça vai para esta cidade do distrito de Castelo Branco e já confirmada está a presença na próxima edição da Supertaça.
E depois da Taça …
Depois de encontrado o vencedor da Taça de Portugal 2013/2014, segue-se a altura das grandes decisões no que ao Campeonato diz respeito. Os primeiros jogos dos playoffs arrancam já no próximo fim-de-semana, com os Quartos-de-Final a colocarem frente-a-frente, e tendo em conta a classificação da fase regular:
(5º) AD Fundão – Leões de Porto Salvo (4º)
(7º) Boavista – Sporting (2º)
(8º) Belenenses – Benfica (1º)
(6º) Rio Ave – SC Braga/AAUM (3º)
Nesta fase, e em função dos duelos se decidirem à melhor de 3 jogos, parece-me justo afirmar o favoritismo de Sporting, Benfica e SC Braga/AAUM. Relativamente ao confronto entre a AD Fundão e os Leões de Porto Salvo, será, por certo, e apesar da diferença de 14 pontos que separou as duas equipas no término da fase regular do campeonato (muito devido ao péssimo arranque da turma da Beira-Baixa), de desfecho imprevisível, uma vez que se tratam de dois conjuntos muito semelhantes.