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HISTÓRIAS DO FUTEBOL: “O CANTINHO DO MORAIS”

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Oito leões que jogaram no glorioso dia 15 de Maio de 1964 reencontraram-se cinquenta anos depois no palco da finalíssima da Taça das Taças de 1964, no Estádio Duerne, actualmente Bosulistadion, em Antuérpia. A presença dos antigos “magos” do MTK Budapeste, contra quem o Sporting disputou a partida, Danszyk, Jenei, Bodor, Laczko e Vasas, foi a surpresa preparada pelo presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, para comemorar condignamente o cinquentenário da conquista do mais ilustre troféu que os lisboetas possuem. Da comitiva que seguiu viagem faziam parte os antigos vencedores da competição: Pérides, Alexandre Baptista, Carvalho, Figueiredo, José Carlos, Pedro Gomes, Hilário e Mário Lino. Num clima de grande emoção e comunhão, o presidente sportinguista justiçou esta romaria afirmando: “Não esquecemos quem abrilhantou a história e marcou a nossa vida. Vão recordar este dia para toda a vida.”.

A campanha vitoriosa do Sporting ficou marcada por dois episódios que abrilhantaram, ainda mais, a sua prestigiante conquista. Na primeira partida dos “oitavos”, o Sporting venceu em Alvalade os cipriotas do Apoel Nicósia por 16-1, o que constitui ainda hoje um recorde como a vitória nas competições europeias mais desnivelada de sempre. Antes mesmo de se realizar esta eliminatória Sporting vs Apoel, há uma história curiosa que vale a pena contar: os cipriotas não possuíam meios financeiros para disputar a partida “fora de portas”, e o Sporting, após acordo, costeou as despesas, comprometendo-se o seu adversário a jogar duas vezes em Alvalade. No segundo jogo “em casa”, os leões venceram por 2-0.

Nos quartos-de-final, os verdes e brancos experienciaram um dos momentos mais cintilantes da sua história. Nas duas partidas com o Manchester United, a “turma” leonina teve de “batalhar” com os melhores craques da época como Stiles, Charlton, Dennis Law e George Best, treinados pelo “orago” Sir Matt Busby. A exibição desastrada e a derrota pesada por 4-1 precipitaram a “dança de treinadores” (saiu Gentil Cardoso substituído por Anselmo Fernandez). A “chicota psicológica” surtiu efeito com os lisboetas a vencerem por 5-0 perante os seus adeptos, com três golos de Osvaldo Silva.

O jogo da final acabou empatado a três bolas. Como tal, foi necessário disputar o troféu numa finalíssima. Nesse dia, 15 de Maio de 1964, o Sporting arrecadou a Taça das Taças graças a um golo apontado através da marcação de um pontapé de canto direto à baliza, o célebre “cantinho do Morais”. O autor do dificílimo e improvável tento foi João Morais, um atleta habitualmente suplente mas que, com aquele audacioso pontapé, eternizou o seu “trono” no Olimpo de Alvalade. É caso para dizer que Morais terá sempre o seu “cantinho” na história do Sporting e no coração de todos os adeptos leoninos.

Nota Biográfica: David Guimarães escreve semanalmente sobre acontecimentos históricos do mundo do futebol.

1 Comment

  1. Carlos Martins

    08/06/2014 at 03:58

    Bom artigo, David. O Sporting, clube de viscondes e comendadores, há muito que perdeu o espírito de clube ganhador.

    Ao olhar para a foto que ilustra o teu artigo, fico a pensar em como o Osvaldo Silva (o 1º da esq. em baixo) foi tão mal aproveitado pelo nosso FC Porto, clube que o descobriu no Brasil… Fez grandes exibições, marcou golos, mas acabou por perder espaço quando o Béla Guttmann chegou às Antas, em 1958. Pelos vistos o húngaro não gostava dele…

    O Osvaldo Silva foi depois para o Leixões e vingou-se: ganhou uma Taça de Portugal em pleno Estádio das Antas, contra o FC Porto, num jogo em que foi o melhor em campo… E a seguir foi para o Sporting, onde ajudou a vencer a Taça das Taças e (como muito bem lembras no artigo) até fez um hat-trick ao Manchester United… Outros tempos, que os sportinguistas tanto gostariam de poder repetir…

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