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Desporto

HISTÓRIAS DO FUTEBOL: “SEXY FOOTBALL”

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A partir de meados da década de 90 do século XX, a “Geração de Ouro” da selecção portuguesa restaurou a honra nacional na equipa de futebol, inflectindo a maré de resultados negativos dos seus primeiros 60 anos de história (1921-1981): em 104 partidas, 54 derrotas e uma única participação na fase final de uma grande competição internacional (Campeonato do Mundo de 1966). Esta geração de grandes jogadores começou a despontar com as conquistas dos campeonatos mundiais de sub-20 em 1989 (Riad) e 1991 (Lisboa).

Apesar destas primeiras vitórias internacionais, a magia dos craques só alcançou visibilidade mundial na campanha da selecção nacional portuguesa no Europeu de 1996, em Inglaterra. Os magos lusitanos encantaram o universo futebolístico com o seu sexy football, termo que a estrela holandesa Ruud Gullit utilizou para categorizar o atraente estilo de jogo luso. Vencendo categoricamente o seu grupo com uma estética de jogo muito atraente, a selecção portuguesa começou a ser conhecida pela cognominação de “Brasil da Europa”. Esta aventura dos “brasileiros” do “velho continente” acabou nos quartos-de-final com uma derrota frente à República Checa por 1-0, com o célebre chapéu de Karel Poborský a Vítor Baía.

Mais bem conseguida foi a presença no Euro 2000 (co-organizado por Holanda e Bélgica), com a Geração de “vil metal” mais experimentada, “polida” e consolidada,  a fazer mais uma brilhante e convincente prova, vencendo países poderosos como a Inglaterra e a Alemanha. Luís Figo (Bola de Ouro em 2000) era a “estrela” mais “brilhante” da “constelação” portuguesa. Apenas a campeã do mundo em 1998 e futura campeã da Europa, França, conseguiu eliminar a “armada lusitana” nas meias- finais.

Em Abril de 2002, 3 meses antes do início do Mundial da Coreia do Sul e do Japão, o “Brasil da América do Sul”, com o intuito de realizar um jogo de preparação, deslocou-se a Alvalade para jogar com o “Brasil Europeu”. Os dois conjuntos empataram a uma bola e proporcionaram uma partida muito equilibrada e competitiva. Com o “sargentão” Luís Filipe Scolari como treinador principal da canarinha, a equipa da casa teve ligeiro ascendente colectivo no jogo, apesar da excelente exibição da jovem promessa Ronaldinho Gaúcho, marcador do segundo golo do encontro. Sérgio Conceição havia “encontrado as redes” 15 minutos antes.

Esta geração foi admirada pela beleza do seu jogo. Era de facto “brasileira” na forma como tratava a bola, na habilidade dos seus jogadores, no virtuosismo das suas fintas, na explosão dos seus dribles. Hipnotizou o continente europeu com um virtuosismo só ao alcance dos predestinados intérpretes do “futebol arte”. Esse jogo de “bola com açúcar” só ao alcance dos nossos “filhos” do outro lado do Atlântico.

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5 Comments

5 Comments

  1. Pedro Marques Pinto

    13 Jun 2014 at 23:39

    Os jogadores da selecção nacional portuguesa são encarados como os navegadores contemporâneos de um império perdido, cujas cinzas o passado mítico e glorioso guarda nos seus anais. Em tempos de conquista do espaço (ou talvez colonização) e de chegada à lua, a metáfora renovou-se. O mar é finito, o universo está em expansão (pelo menos é aquilo que a física corrobora. O jogador de futebol define-se como uma estrela que orbita numa constelação maior, neste caso, a selecção nacional que representa em campo. O jogador partilha de uma aura heroica, semi-mítica, equiparando-se ao esplendor do cosmos, é o filho de um deus ou deuses cuja missão messiânica é redimir o pecado que conspurca a terra. E assim o mito se renova, sacralizando-se os ídolos do futebol, desporto-rei numa era de democracia de massas.

    Um abraço amigo David

  2. António Mesquita Guimarães

    15 Jun 2014 at 17:48

    Amigo David mais um bom artigo histórico. Continua assim!

    Um abraço

  3. Rita Mesquita Guimarães

    15 Jun 2014 at 18:09

    Bonita a tua intenção de quereres cimentar a união entre estes dois países “irmãos”. Espero que ambos joguem a final.

    Um beijo!

  4. Rui Sousa Pinto

    16 Jun 2014 at 14:49

    David,

    Boa prosa, como de costume. Um pequeno senão: a ligação do 1º para o 2º parágrafos não me parece bem conseguida, suscitando algumas dúvidas.

    Abraço
    Rui

  5. Raquel Moreira

    16 Jun 2014 at 16:54

    Interessante este registo histórico que nos mostra como o desporto, neste caso o futebol, quando tem arte, também possui um carácter sensual, até mesmo “sexy”.
    Obrigada.

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