Nuno Farelo: “Continuar numa equipa que esteja na Liga dos Campeões é uma das prioridades”

Natural de São Mamede de Infesta, no Porto, Nuno Farelo desde cedo percebeu que queria um futuro ligado ao andebol. 

Ao Jornal Universitário do Porto (JUP), o treinador portuense contou que as suas pegadas na modalidade começaram quando era ainda uma criança. Com apenas seis anos, o adjunto do Meshkov Brest, clube bielorruso, fez toda a formação no Futebol Clube de Infesta (FC Infesta), formação onde iniciou também a sua carreira como treinador nos escalões jovens.

Assim, e ao iniciar a sua licenciatura em Ciências do Desporto em 2007, na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (U.Porto), Nuno Farelo, a par do estudos, jogava e treinava no FC Infesta, ao mesmo tempo que representava a Academia do Porto no desporto universitário.

Questionado sobre a dificuldade em conciliar estas atividades com os estudos, o português, apesar de salientar que o curso era uma prioridade, não deixou de frisar que, para si, o “mercado de trabalho sempre foi mais importante”. “Sempre tentei conciliar os dois mundos”, acrescentou. 

No que toca ao desporto universitário, o ex-atleta do FC Infesta afirmou que fez parte de quatros dos seis campeonatos consecutivos ganhos pela U.Porto nos campeonatos regionais. Segundo Nuno, a nível nacional, as prestações acabavam por não ser tão bem conseguidas. 

“Infelizmente, a maior parte dos jogadores jogava de uma forma regular e tinha alguns papéis importantes e, quando havia os campeonatos nacionais, os clubes não permitiam que os atletas se deslocassem a essa competição”, justificou.

No entanto, como treinador, Nuno Farelo adicionou à sua lista de conquistas alguns feitos pelo desporto universitário. Como “comandante”, foi Campeão Nacional Universitário na vertente de pavilhão e Bicampeão Nacional Universitário no Andebol de Praia.

Ao contrário do que é habitual, o adjunto do Meshkov Brest terminou a sua carreira como jogador com apenas 23 anos. Apesar de gostar de jogar andebol, o estudante da U.Porto salientou que a altura da decisão foi a melhor, uma vez que se queria dedicar em exclusivo ao treino.

“Na altura, também entrei para o mestrado e fui convidado para trabalhar como treinador adjunto na equipa B Sénior do Futebol Clube do Porto (FC Porto). Como sabia que isto me ia roubar muito tempo, eu decidi, ao fim de 23 anos, deixar de ser jogador”, explicou.

Com o estágio do mestrado de alto rendimento, Nuno teve a oportunidade de trabalhar durante meio ano no Wisla Plosk, da Polónia. O portuense salientou que aquilo que tornou esta experiência apelativa foi o facto de se tratar de uma equipa totalmente focada no andebol, o que não acontece cá em Portugal. No nosso país, “temos três equipas muito boas que tem um clube de futebol por trás a suportar”, reforçou.

Assim, e com o objetivo de conhecer uma realidade para além da portuguesa, Nuno reconheceu que se pautou pela diferença ao abraçar esse desafio. Para o ex-jogador, esta aposta “na direção do profissionalismo”, a par do bom trabalho feito entre 2016 e 2018, na equipa B do FC Porto e no Centro Desportivo e Cultural São Paio Oleiros, equipa que tinha um protocolo com os “dragões”, foram determinantes para consolidar a sua “visibilidade perante o mundo desportivo”.

Reconhecido pelas marcas que já deixava no andebol português, o portuense, já no fim da época desportiva de 2018, acabou por ser convidado por Paulo Jorge Pereira, atual Selecionador Nacional, para abraçar um projeto como treinador-adjunto na Roménia. Inicialmente pensado só para a época seguinte, Nuno referiu que o mau momento do CSM Bucuresti levou a comitiva portuguesa a assumir funções mais cedo.

Ao falar da experiência no país romeno, o estudante de desporto destacou as várias nacionalidades no plantel e caracterizou, em especial, o povo romeno. “Eles são muito fechados inicialmente. São pessoas muito desconfiadas. Mas foi interessante porque, ao longo do tempo, eles perceberam que eu e o Paulo estávamos lá para ajudar”, acrescentou.  

Numa linguagem mais intimista, Nuno Farelo não deixou de salientar “a agradável surpresa” que foi trabalhar com Paulo Jorge Pereira. O adjunto do selecionador referiu que a liderança, a motivação e a organização fazem parte do ADN do português.

“Em termos de motivação, para mim foi dos melhores treinadores com quem eu trabalhei. Ele tem uma capacidade de liderar equipas que para mim foi muito importante”, sublinhou. 

Com um olhar no futuro, o portuense assumiu que um dos seus objetivos é ser treinador principal, mas que “não tem pressa”. “Se eu quisesse ser já o era”, salientou. O treinador não descarta a possibilidade de voltar a Portugal, no entanto, para si, “continuar ligado a uma equipa totalmente de andebol e que esteja na Liga dos Campeões é uma das prioridades”.

“No futuro, não sei se é próximo, curto ou médio prazo, creio que um dia vou ser treinador principal, mas neste momento, hoje, estou ligado ao Meshkov Brest como um treinador adjunto”, concluiu. 

Agora na Bielorrúsia, Nuno Farelo já assume funções e, à data da publicação do artigo, o portuense já iniciou a pré-época com o Meshkov Brest.

Artigo da autoria de Francisca Santos