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Hóquei em Patins: FC Porto volta às vitórias com hat-trick de Gonçalo Alves

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A atravessar uma fase de menor fulgor na temporada (dois empates e uma derrota nos últimos três encontros disputados), os “azuis e brancos” entraram em ringue com a ambição de reverter este momento negativo. No entanto, a missão que se avizinhava era tudo menos fácil. O oponente chamava-se AD Valongo (Associação Desportiva de Valongo), equipa embalada por quatro vitórias nos últimos cinco jogos e que ocupava, à entrada para esta décima sexta jornada, o quinto lugar a apenas dois pontos dos portistas, tendo, por isso, a possibilidade de se intrometer na luta pelos quatro primeiros lugares.

Jogo muito intenso no primeiro tempo

A primeira iniciativa ofensiva da primeira parte até partiu do stick de Gonçalo Alves, logo à passagem dos 60 segundos iniciais, mas rapidamente os valonguenses mostraram para o que vinham. Após falta do número 77 dos dragões (admoestada com cartão azul), a formação visitante lançou-se para o ataque, criando várias ocasiões de grande perigo.

Facundo Navarro foi o primeiro a ameaçar, ao ser o escolhido para bater o livre direto. Na conversão, o argentino atirou ao lado, embora se tenha apoderado do esférico uma segunda vez para tentar a recarga, ainda que novamente sem sucesso. Segundos depois, os adeptos do AD Valongo ainda esboçaram alguns festejos depois de Rafael Moreira introduzir a bola entre os postes, mas o tento foi prontamente anulado.

Não obstante, o ímpeto dos valonguenses não esmoreceu, e estes aproveitaram-se do período de underplay do FC Porto para continuar a avalanche ofensiva. Facundo Navarro e Facundo Bridge lideraram as hostes visitantes e criaram uma oportunidade cada, ainda que nenhuma tenha superado Xavi Malián. Momentos depois, a dupla albiceleste combinou esforços com Facundo Bridge a assistir Navarro, mas este a ceder perante a envergadura do guardião espanhol dos dragões.

Terminado o período de powerplay dos adversários, e quando nada o fazia prever, os “azuis e brancos” inauguraram o marcador aos seis minutos e meio de jogo, por via de Rafa. O português triangulou com Carlo Di Benedetto e apareceu em posição privilegiada para concretizar com distinção o contra-ataque dos portistas. Estava feito o 1-0 no marcador.

Os minutos que se seguiram foram pautados pela insistência do AD Valongo, com destaque para Miguel Moura e Facundo Bridge que, aos décimos segundo e terceiro minutos de jogo, registou duas excelentes ocasiões (a segunda a passe do primeiro), com Xavi Malián a brilhar para manter a vantagem da comitiva da casa.

Apesar disso, o FC Porto nunca deixava de rondar a baliza contrária e Telmo Pinto deixou um aviso prévio àquilo que viria a ser o segundo golo dos dragões. Recém-entrado na partida, o espanhol Roc Pujadas levou a cabo uma arrancada fulminante, que só findou com um verdadeiro míssil saído do seu stick para o fundo das malhas valonguenses. A cerca de 10 minutos do fim da primeira parte, 2-0 era o resultado.

Até final, ambos os clubes procuraram marcar e dividiram as chances de golo. Xavi Barroso descortinou a defesa do AD Valongo por três vezes, mas pecou no capítulo da finalização, enquanto Diogo Abreu começava a “crescer” na partida, ainda que inconsequente face a Xavi Malián. O resultado, esse, acabou mesmo por não se alterar e as equipas foram para o balneário com o marcador a registar 2-0 a favor dos portistas.

25 minutos de emoções à flor da pele

A segunda parte começou como a primeira, ainda que com alguns recortes diferentes. Uma vez mais, foi o FC Porto que, através de Roc Pujadas, causou perigo em primeiro lugar, mas o disparo não levou a melhor direção e o esférico sobrevoou a trave visitante. No entanto, tudo se voltou a complicar quando, segundos antes do primeiro minuto de jogo findar, Carlo Di Benedetto derrubou Rafael Moreira enquanto este armava o remate. Falta a favor dos valonguenses e cartão azul para o francês.

Desta feita, o eleito para marcar a falta foi Diogo Abreu, que desferiu um remate potente ao ferro da baliza de Xavi Malián. Contudo, o lance teve de ser repetido, uma vez que o árbitro entendeu que guarda-redes se havia mexido antes de tempo. Foi nesta altura que se instalou o caos no Dragão Caixa. Os “azuis e brancos” pretendiam a substituição de Xavi Malián por Tiago Rodrigues, porém este último terá pisado o ringue antes de o espanhol abandonar a pista, o que levou o árbitro a intervir uma vez mais, com a mostragem de novo cartão azul, desta feita ao jovem guarda-redes português.

Depois de muitos protestos e uma onda de assobios por parte dos adeptos da casa, Diogo Abreu pôde finalmente bater o livre pela segunda vez. Apesar da finalização poderosíssima, Xavi Malián impôs-se com a máscara para manter as suas redes a zero.

Mas se pensavam que a exaltação dos portistas se havia extinguido com o batimento do livre direto, desenganem-se. Carlos Monteiro, mecânico do FC Porto, foi expulso por protestos logo a seguir e a indignação no Dragão Arena ganhou novos contornos.

Quem aproveitou a confusão foi o AD Valongo, que se manteve sereno e imperou no seu período de powerplay. Facundo Bridge voltou a causar estragos, mas o golo que se augurava só se consumou ao segundo minuto de jogo, com Rafael Bessa a concluir da melhor forma um belo desenho da dupla albiceleste da formação visitante. Estava feito o 2-1 com o AD Valongo a reentrar na discussão do resultado.

Com os dragões ainda reduzidos a 4 elementos, “choveram” ocasiões da equipa orientada por Edo Bosch, com Xavi Malián a impor-se para segurar a vantagem. Ainda assim, os “azuis e brancos” não se conformavam e, aqui e ali, davam sinais de vida, sobretudo através de Gonçalo Alves.

Porém, no fio da navalha emocional foram os valonguenses a sair por cima. Aos seis minutos e 10 segundos de jogo, Facundo Bridge serviu Miguel Moura e este último rompeu a oposição contrária para devolver a igualdade à comitiva visitante. O marcador ilustrava agora um empate a dois, com os jogadores do FC Porto muito queixosos da arbitragem.

No entanto, já se sabe que é nestes momentos que aparece o jogador talismã dos dragões. Gonçalo Alves, o goleador dos portistas, saiu disparado para o ataque após o recomeço da partida e, depois de contornar a baliza defendida por Xano Edo, executou uma “picadinha” num curto espaço que só terminou com a “redondinha” a beijar as malhas opostas. Apenas 12 segundos depois, o português repunha a vantagem dos “azuis e brancos” (3-2).

Todavia, o AD Valongo nunca virou a cara à batalha e acumulou um par de situações que deixaram o clube da Invicta à mercê de Xavi Malián. A resistência do guardião viria, contudo, a ser quebrada à passagem do minuto 11, após mais um lance polémico, com os portistas a reclamarem infração de Facundo Bridge no desenrolar do lance. Não obstante, o árbitro deixou seguir e o argentino entregou de bandeja para Miguel Moura, que só teve de encostar para bisar no encontro e repor a igualdade no scoreboard (3-3).

O equilíbrio imperava nesta fase do jogo, com ambas as equipas a discutirem o resultado olhos nos olhos. Do lado do FC Porto, Roc Pujadas alimentou a sua boa forma, mas deu de caras com Xano Edo, guarda-redes da equipa valonguense que começava a ganhar protagonismo. Do lado contrário, Facundo Navarro deu seguimento ao caudal ofensivo dos seus companheiros para disparar um remate violentíssimo, ainda que sem acertar no alvo.

Contudo, a vontade de ambos os clubes ambicionava mais do que um mero empate e, no ápice da intensidade do encontro, foi Miguel Moura quem cedeu. O português cometeu falta sobre Gonçalo Alves, que dispôs de grande penalidade para colocar os dragões na rota da vitória. Inicialmente, o número 77 ainda atirou ao lado, mas, após o árbitro ordenar a repetição do lance por movimentação precoce de Xano Edo, o avançado não desperdiçou e atirou a contar ao ângulo superior direito. Bis de Gonçalo Alves e 4-3 no marcador a pouco mais de dez minutos do fim.

O FC Porto reencontrou o seu espírito após o tento de Gonçalo Alves e foi às costas deste, bem como do sempre virtuoso Ezequiel Mena, que somou consecutivas oportunidades. No entanto, e com ambas as comitivas a uma falta de conceder livre direto, foi o AD Valongo que voltou a pisar o risco, com Nuno Santos a derrubar Gonçalo Alves aos 22 minutos e meio da segunda parte. No momento de todas as decisões, o avançado português não tremeu e consumou o hat-trick com um remate colocado no ângulo inferior direito, sem hipótese de defesa para Xano Edo. 5-3 era o resultado que tranquilizava os “azuis e brancos” no comando da partida.

Apesar disso, quando os dragões pareciam finalmente ter encontrado o conforto necessário para assegurar os três pontos, eis que apareceu em definitivo Diogo Abreu. O jovem jogador português atirou do “meio da rua” ao ângulo superior direito para colocar o recinto em alvoroço, numa altura em que ainda restavam dois minutos e dez segundos para se jogar e o FC Porto estava a uma falta de ceder livre direto. 5-4 no marcador e uma réstia de esperança para os visitantes.

O resultado do confronto esteve em aberto até final, com os valonguenses a forçar ao máximo a chegada a zonas de finalização, mas sem eficácia. Os portistas, por sua vez, mantiveram-se firmes no controlo da décima falta, que nunca chegou a ser assinalada. Desta forma, ao último soar do apito, o resultado fixou-se em 5-4 para o FC Porto, que coloca assim um ponto final na série de jogos menos positiva.

Logo após o término da partida, Edo Bosch, ex-guardião do FC Porto e atual treinador do AD Valongo, considerou ter sido “uma grande partida de hóquei”, reforçando o plano de jogo “cara a cara” da sua formação, bem como o facto de achar o resultado injusto na primeira parte, considerando que os seus jogadores dispuseram das “melhores ocasiões”. Na segunda parte, o líder dos valonguenses elogiou a prestação do árbitro e o aproveitamento dos seus pupilos, ainda que tenha deixado um reparo quanto à marcação de uma eventual décima falta. Em jeito de conclusão, o técnico afirmou que “no final, ganhou o hóquei em patins” e também que “faltou um bocado a estrelinha” à sua equipa.

Por sua vez, Ricardo Ares, comandante da comitiva da casa, acredita que “o resultado na primeira parte deveria ter sido mais avultado”, destacando a prestação dos seus elementos nos vários momentos do jogo, bem como a grande época que entende que está a ser realizada pelo AD Valongo. Questionado sobre o que resta da época em função daquilo que está a ser a temporada do FC Porto, o técnico respondeu dizendo que “os títulos não se ganham em fevereiro, mas que os dragões vão à procura deles, tendo muito claro aquilo que é preciso fazer para conseguir o que todos desejam”.

Com esta vitória, o FC Porto cola-se ao Sporting CP no segundo lugar com os mesmos 38 pontos e a quatro do líder SL Benfica. A FC Porto e Sporting CP pode ainda juntar-se o OC Barcelos, que visita o reduto do SC Tomar no último confronto relativo à décima sexta jornada. O AD Valongo, por sua vez, mantém-se destacado no quinto lugar da tabela classificativa. Os dragões voltam a entrar em campo na próxima quinta-feira, dia 9, contra o CE Noia (Club Esportiu Noia), em jogo a contar para a Liga Europeia. Nesse mesmo dia, o AD Valongo terá pela frente mais uma verdadeira prova de fogo frente ao FC Barcelona (Futbol Club Barcelona) em partida que também respeita à WSE Champions League.

Artigo da autoria de João Pedro Pereira

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