Desporto
O ESPLENDOR NA RELVA
Começa a tornar-se repetitivo falar de Brahimi. Está a tornar-se obsessivo, eu sei. Que dizer?! Não tenho culpa que o franco-argelino teime em ser o melhor jogador em campo em todos os jogos em que participa.
De facto, tem sido ele a grande figura do campeonato. Sem dúvida nenhuma. Impõe-se por isso uma questão: onde esteve este jogador nos últimos anos? Como é possível que um jogador com todo este virtuosismo e tamanha qualidade técnica tenha andado escondido num clube como o Granada?
Com todo o respeito pelo Granada que, apesar de tudo, joga na liga espanhola, a verdade é que Brahimi há muito que merecia mais e melhor. Aos 24 anos chegou a um clube de topo. Brahimi merecia isto: um clube que luta por títulos e que é um “habitué” da Liga dos Campeões. O FC Porto parece ser o clube ideal para Brahimi nesta fase da sua carreira.
O franco-argelino tem um talento semelhante a uma bomba-relógio: ameaça explodir a qualquer momento. É também por isso que os nossos relvados têm sentido o melhor do seu perfume futebolístico.
Em apenas seis jogos com a camisola do FC Porto, Brahimi já apontou mais golos do que nos últimos dois anos no Granada. Para além de marcar, ainda assistiu os colegas de equipa. Estaria ele mal aproveitado na La Liga? O franco-argelino responde que a equipa lhe “facilita muito a vida”.
Convém, no entanto, lembrar que Brahimi não era propriamente um desconhecido quando chegou ao FC Porto. Há dois anos foi recomendado por Zidane, o seu grande ídolo, ao Real Madrid. E neste verão, antes de assinar contrato com os dragões, teve vários clubes interessados nos seus serviços. Teve a oportunidade de auferir um salário mais elevado noutros campeonatos, mas preferiu o FC Porto. Não lhe podemos censurar o facto de querer ganhar títulos. Sim, porque tem muito tempo para pensar em ganhar dinheiro a sério e gozar uma reforma dourada. A glória está à sua espera!
Para já, não se está a dar nada mal. O “hat-trick” que fez ao BATE Borisov, na sua estreia na Liga dos Campeões, foi o sinal que faltava para dissipar quaisquer dúvidas. O seu talento não engana. A Europa do futebol abriu a boca de espanto. Basta atentar no que sobre ele escreveu a imprensa estrangeira no dia seguinte à sua exibição de gala no Dragão, frente aos bielorrussos…
Brahimi começa a fazer História. O FC Porto goleou o BATE Borisov por 6-0, com três golos do mago franco-argelino, que com este “hat-trick” bateu vários recordes, visto que foi: o primeiro da sua carreira; o primeiro de um jogador do FC Porto na Liga dos Campeões; e também o primeiro de um argelino na prova milionária.
Yacine Brahimi é o segundo argelino a impor-se na história do FC Porto. O primeiro foi Rabah Madjer, autor do célebre golo de calcanhar ao Bayern de Munique, em 1987, que ajudou os dragões a conquistarem o primeiro troféu internacional: a Taça dos Campeões Europeus de 1986/87.
Os recursos futebolísticos de Brahimi multiplicam-se. Quem o vê jogar, apercebe-se facilmente que é um jogador que tem prazer em ter a bola no pé e de a conduzir a seu bel-prazer pelo relvado. Mas a sua imagem de marca são as suas fintas. Não é por acaso que lhe chamavam o “Garrincha de Granada”. Esta referência ao astro brasileiro demonstra bem toda a sua capacidade para driblar os adversários. Ora, as estatísticas não enganam: na época passada, Brahimi foi considerado o jogador de La Liga que mais dribles fez. Um facto ainda mais surpreendente se atendermos ao facto de o número “2” da lista, atrás de Brahimi, ser um tal de Lionel Messi…
Fica-se com a sensação de que Brahimi faz tudo bem e não tem pontos fracos. Tê-los-á, certamente, mas até isso os amantes do futebol lhe desculpam… Brahimi parece ter muito futebol nos pés. A bola parece sorrir a cada toque, a cada finta sua… Não há muitos jogadores assim no nosso campeonato. É este tipo de jogador, empolgante e sedutor, que leva público aos estádios. O futebol agradece…
David Guimarães
27/09/2014 at 13:48
Grande Título amigo Carlos, muito bem conseguido!
De facto o argelino é um jogador excepcional sem dúvida. Deixa-me só fazer uma consideração táctica a seu respeito. Brahimi tem actuado a extremo, muitas vezes aberto na linha e, nessas circunstâncias, deslumbra com a sua capacidade técnica e controle, mas não decide. Tem de jogar em zonas interiores e perto da baliza para, de facto, fazer a diferença no jogo. Nos jogos contra o Boavista e o Sporting, embora tenha jogado bem, andou sempre longe dos momentos e zonas de decisão, sem conseguir fazer a diferença no jogo…
Um forte abraço.
Carlos Martins
27/09/2014 at 18:57
Amigo David, muito obrigado pelo “bitaite”. Concordo inteiramente contigo: o Brahimi rende mais quando joga por dentro, em zonas interiores. É um jogador fora-de-série, que tem neste momento um treinador que é o homem certo para potenciar o seu talento…
Grande abraço!