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A “REVOLUÇÃO” FERNANDO SANTOS

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Fernando Santos tem o dom de não complicar. Com ele jogam os melhores. Para o novo selecionador nacional, não há jogadores “riscados” da lista de convocados por motivos extra-futebol ou por mera embirração pessoal. Para Fernando Santos, os melhores jogadores devem estar em campo ou, em alternativa, sentados no banco de suplentes, prontos para saltar lá para dentro e ajudar a equipa.

Fernando Santos foi buscar os renegados de Paulo Bento. Há muito que Quaresma, Ricardo Carvalho, Danny e Tiago não eram convocados para representar a “equipa de todos nós”. Pois bem, o novo selecionador decidiu repescá-los para a Seleção e estes acabaram por se tornar decisivos na importante vitória sobre a Dinamarca.

Paulo Bento não convocava Quaresma (nem o levou ao Mundial do Brasil) porque “comprou” uma guerra pessoal com Pinto da Costa, achando que assim teria a Imprensa do seu lado. Luiz Felipe Scolari fez o mesmo no passado, ao deixar Vítor Baía de fora do Euro 2004, com os resultados que se conhecem.

É reconfortante saber, pelo contrário, que Fernando Santos privilegia a qualidade individual e coletiva da equipa, em detrimento das guerras pessoais com determinado jogador ou com o presidente de um clube.

Com Quaresma em campo é outra “música”. No último minuto do tempo de compensação, o extremo do FC Porto centrou com perfeição para a cabeça de Cristiano Ronaldo e este desviou a bola para a baliza. Vitória e três pontos conquistados!

“O selecionador trouxe para a Seleção toda a gente”, afirmou Ricardo Quaresma à Imprensa, no final do jogo em Copenhaga. Em apenas quatro dias e dois jogos, Quaresma marcou um golo e fez uma assistência para outro golo. Pedir-lhe que fosse mais decisivo em tão pouco tempo de jogo era impossível. Quaresma esteve em campo pouco mais de 20 minutos contra a França (entrou aos 68’) e cerca de 10 minutos contra a Dinamarca (entrou aos 84’).

Sempre me fez confusão a insistência do anterior selecionador, Paulo Bento, em jogadores medianos, como Vieirinha e Ivan Cavaleiro, ou em jogadores em baixa de forma crónica, como Hélder Postiga ou Miguel Veloso.

Basta recordarmo-nos do último jogo da “era Paulo Bento”, o confronto de má memória com a Albânia, que terminou numa humilhante derrota por 0-1. A 15 minutos do fim desse fatídico jogo, e numa altura em que Portugal já perdia e precisava por isso de marcar dois golos, Paulo Bento olhou para o banco de suplentes para escolher um jogador capaz de “agitar” o jogo. A Seleção precisava de um “abre-latas”, capaz de perfurar a defesa albanesa. O selecionador decidiu então meter Miguel Veloso em campo. De facto, não tinha outra opção, pois todos os outros eram defesas ou guarda-redes. O problema é que Quaresma ou Danny tinham ficado em casa, pois não tinham sido convocados. Vá-se lá saber porquê…

Com Fernando Santos ao leme da Seleção Nacional, os jogadores e adeptos parecem ter recebido uma injeção de confiança em relação ao futuro. Todos nós percebemos que ali jogam os melhores ou, pelo menos, aqueles que estão em melhor forma. O futebol é afinal um jogo simples. Basta não complicar.

2 Comments

  1. David Guimarães

    23/10/2014 at 14:15

    Amigo Carlos,
    Havia imenso por onde comentar neste artigo muito bem conseguido!
    Porém prefiro centrar-me numa ideia muita interessante que levantas. Paulo Bento entrou numa guerra com o Porto porque queria a imprensa do seu lado, dizes. Não posso confirmar a veracidade dessas afirmações mas dá que pensar! Quem antagoniza com o Futebol Clube do Porto, gera simpatias em Portugal. Até mesmo na cidade do Porto. Olhemos para a eleição de Rui Rio…
    Um abraço!

    • Carlos Martins

      25/10/2014 at 02:28

      Amigo David,

      Obrigado pelo bitaite. Inteiramente de acordo com a tua dedução. Um abraço

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