Desporto
O EFEITO QUARESMA
Quaresma voltou a sorrir. Jogadores como ele deviam ser proibidos de se sentar no banco. Prescindir do talento de Quaresma é um crime que os deuses do futebol certamente não perdoam. A sua arte não engana. De um momento para o outro, Quaresma resolve o jogo e vale o bilhete que o adepto comprou.
Jogador genial, Quaresma está com o moral em alta depois do recente bom desempenho na “equipa das quinas”. Em apenas quatro dias e dois jogos na Selecção Nacional, Quaresma marcou um golo e fez uma assistência para outro golo.
Contra o Atlético de Bilbau, mostrou de que fibra se fazem os verdadeiros campeões. Entrou em campo a 20 minutos do fim, numa altura em que o jogo estava empatado a uma bola. Era preciso encontrar uma forma de chegar ao golo e dar a vitória ao FC Porto. Quaresma assim fez: cinco minutos depois de entrar em campo contra os bascos, pegou na bola à entrada da área, contornou dois adversários e disparou para a baliza. A bola parecia ao alcance do guarda-redes espanhol, mas, vá-se lá saber porquê, furou a última “muralha” e foi anichar-se no fundo das redes.
O Estádio do Dragão entrou em delírio. Milhares de adeptos, que durante o jogo pediam a Lopetegui que pusesse Quaresma em campo, rejubilavam de contentamento. O treinador dera-lhes razão. Lopetegui fez-lhes a vontade e Quaresma tratou do resto.
A reacção de Quaresma após marcar o golo (o tal que daria a vitória no jogo) é todo um compêndio para entender a beleza do futebol. Mal a bola entrou na baliza basca, o “Harry Potter” desatou a correr como um louco, enquanto gritava aos sete ventos e exteriorizava não só a alegria, mas também a revolta por passar tanto tempo no banco. O que mais me impressionou foi a forma como Quaresma se agarrou à camisola, em sinal de puro “amor”, puxando-a como quem arranca do peito tudo o que sente no seu interior. O gesto de Quaresma não deixou dúvidas: há ali verdadeiro “amor à camisola” portista.
Depois da derrota em casa com o Sporting, que atirou o FC Porto para fora da Taça de Portugal, os dragões precisavam desesperadamente de vencer os bascos. Contra o Sporting, o FC Porto teve claramente um dia mau. Mas, convenhamos, foi apenas a primeira derrota da época. Daí que me pareceu claramente exagerado o coro de críticas ao treinador e à equipa portista, que está longe de ser tão má conforme se disse após a derrota na Taça… Os dragões tiveram claramente azar em momentos-chave do jogo. Se o penalty de Jackson Martínez tivesse entrado, talvez a história do jogo fosse outra. Assim, foi o que se viu: o Sporting venceu e venceu bem, pois soube gerir melhor as diferentes fases do jogo. Quanto aos dragões, acumularam erros defensivos que necessitam de ser corrigidos com urgência.
A derrota caseira com o Sporting deixou a nação portista em alerta: é preciso regressar rapidamente às vitórias. Um clube com espírito de conquista como o FC Porto não pode estar dois jogos consecutivos sem vencer. Lopetegui reuniu as tropas e traçou o objectivo imediato: vencer o Atlético de Bilbau! Afinal de contas, alguém tinha que pagar a fatura…
David Guimarães
25/10/2014 at 16:27
Amigo Carlos Martins,
Eu tenho muitas dúvidas que o treinador do Futebol Clube do Porto tenha feito entrar RQ7 para o jogo devido à pressão dos adeptos. Um treinador até pode ter em conta o parecer dos adeptos, mas essa opinião exterior nunca pode servir como guia de tomada de decisão. Se foi mera decisão técnica concordo em absoluto, se pelo contrário foi uma fraqueza relativamente às forças do meio já é muito questionável.
Um grande abraço!
Carlos Martins
27/10/2014 at 11:53
Amigo David,
Concordo que o Lopetegui não é uma pessoa facilmente influenciável. A massa associativa do FC Porto é exigente mas justa, e percebe melhor que ninguém quando é que um jogador está tempo a mais no banco…
Um abraço
Tiago Silva
25/10/2014 at 20:15
Eu não vejo motivos para que Quaresma seja um imprescindível para o FC Porto e para as manobras tácticas para atingir os seus objetivos. O critério que Julen Lopetegui está a impor no FC Porto está bem à vista de todos, quem não rende perde o lugar.
Ou seja, os jogadores sabem que têm de trabalhar durante a semana e fazer o melhor possível dentro das quatro linhas. Sou a favor da rotatividade em que quem rendem menos é substituído. Isso faz com que haja competição interna dentro do plantel. Basta ver que, atualmente, o Tello e o Brahimi são mais competentes que Quaresma, e, corretamente, jogam.
Quanto à propalada rotatividade exagerada, acho que foi uma questão erradamente empolada. Os onze jogadores podem ser diferentes mas o principal, a ideia do fio de jogo mantêm-se. Se os interpretes vão mudando, quer por opção táctica quer por opção instintiva – necessariamente coisas diferentes – durante a realização do jogo, mas a ideia-base da equipa manter-se-à, evidentemente.
Concluindo, a época é longa, as lesões, desilusões e derrotas penosas vão chegar. Tudo isto é futebol. Por isso, toda a gente joga e jogará no futuro. Até porque, já chega de derrotas, como no passado, sem usar todas as substituições ou utilizar elementos para cumprir uns minutos em competições de menor interesse.
Carlos Martins
27/10/2014 at 12:05
Obrigado pelo comentário. Nunca segui o coro de críticas ao treinador do FC Porto. Acho que a temporada é longa e ainda vamos no início.
O Lopetegui já deixou bem claro que com ele jogam os melhores ou os que estão em melhor forma física. Quem não rende, não tem lugar na equipa.
Nota-se que o treinador tem exigido aos jogadores que joguem sempre com intensidade alta e que não deixem adormecer o jogo. Este é o caminho…