Desporto
O IMPULSO QUE FALTAVA
O FC Porto estava a precisar de um “clique”. A goleada em Arouca foi a injeção de confiança de que os dragões mais necessitavam. Mais do que fazer uma boa exibição, os dragões estavam a precisar de vencer com uma goleada das antigas. O que dá confiança a uma equipa e a um grupo de trabalho não são exibições de gala ou notas artísticas. O que dá confiança são os golos marcados, vitórias folgadas e resultados indiscutíveis.
O triunfo em Arouca deu, sem dúvida nenhuma, um ânimo suplementar aos dragões. O FC Porto derrotou a equipa local por cinco golos sem resposta, num jogo de sentido único. O resultado foi justo, tendo sido premiada a melhor equipa em campo. A performance coletiva dos portistas foi imaculada. Individualmente, foram vários os jogadores em destaque: Quintero, Jackson, Brahimi, Tello… Enfim, os suspeitos do costume…
Esta goleada surge numa altura crucial da época. A goleada por 5-0 em Arouca pode ter sido o “clique” que faltava a esta equipa. Pode ter sido este o “empurrão” de que o FC Porto necessitava para agora embalar rumo ao principal objectivo da época: o título de campeão nacional.
Depois da importante vitória caseira sobre o Atlético de Bilbau, para a Liga dos Campeões, o FC Porto segue o seu caminho vencedor. Mostrou à concorrência que está forte e que podem contar com ele para o que resta da época.
Convenhamos que, ao ir vencer de forma folgada ao terreno do Arouca, o FC Porto não fez mais do que a sua obrigação. Tem melhor equipa, melhores jogadores, maior orçamento, melhores condições de trabalho e maior número de adeptos. A diferença é abissal, mas é no campo que se joga e que se decidem os jogos. E aí o FC Porto foi mais forte porque os seus jogadores correram mais do que os adversários, foram melhores tecnicamente, mais eficazes e, acima de tudo, mostraram aquela atitude vencedora e abnegada que sintetiza a “filosofia” do clube.
Para além disso, esta jornada do Campeonato foi também proveitosa para os portistas por outros motivos: o Benfica sofreu em Braga a sua primeira derrota da época a nível interno. Os dragões estão a apenas um ponto da liderança. Nestas coisas, o “fator psicológico” é sempre importante. Enquanto os portistas aumentam cada vez mais a confiança, os benfiquistas estão numa fase descendente e descrentes das suas capacidades. Apesar de ainda continuar como líder da Primeira Liga, o Benfica tem agora a concorrência a morder-lhe os calcanhares.
Quanto à Liga dos Campeões, enquanto o FC Porto tem sete pontos e o apuramento bem encaminhado, o Benfica soma apenas um ponto e tem a qualificação comprometida. Neste mês de Novembro vai começar a definir-se muita coisa: vamos desde logo saber quem segue em frente na Champions, quem passa para a Liga Europa e quem fica pelo caminho… Vão ser tempos de emoção e expectativa. É esta a beleza do futebol…
Afonso Loreto Aguiar
30/10/2014 at 23:29
Caro Carlos Martins, gostei da frase final : “Vão ser tempos de emoção e expectativa. É esta a beleza do futebol…”. O jornalismo desportivo, já desde 1970/80 que se centra muito na equipa, no jogador e pouco no espetáculo. Para mim, o espetáculo é o mais importante, visto que o desporto é uma forma de arte.
Em contrapartida lembro que os resultados que normalmente dão alento para a conquista de um campeonato são as vitórias sofríveis, mas a muito custo e com “a garra de campeão”. Como exemplo disso recordo-me do Benfica-Gil Vicente do ano passado, ou do Braga-Porto do ano anterior.
Continua 😉
Carlos Martins
31/10/2014 at 13:01
Caro Afonso Loreto Aguiar,
Obrigado pelo comentário e pela força. Tens toda a razão. Grande parte dos comentadores e “analistas” de futebol perdem-se com considerações técnico-tácticas, gastam horas e parágrafos inteiros a discutir se foi ou não penalty, se a bola bateu ou não na mão do defesa… Os programas dedicados ao futebol na TV e na Rádio estão cheios deste tipo de comentadores que tudo fazem menos realçar a beleza do futebol.
O meu desejo é que o JUP continue a ser um espaço onde se comente o futebol-arte e o futebol espectáculo em toda a sua plenitude…
David Guimarães
31/10/2014 at 00:43
Amigo Carlos,
Acho, como dizes, as vitórias muito importantes para estabilizar emocionalmente as equipas, muitas vezes, o factor crucial. Embora, deixa-me dizer-te uma coisa, acho que no caso do Futebol Clube do Porto, o “calmante” ideal seria empreender outra forma de saída de bola, menos empenada e mais fluída. Considero sim que este Benfica vai cair na tabela classifica devido aos estado depreciativo que tem emanado na fraquíssima Champions. Se o Porto revolver algumas problemas persistentes é a equipa mais forte. Relembro que o Porto, este ano, tem soçobrado por imprecisões próprias do que por problemas causados por terceiros…
Forte abraço!
Carlos Martins
31/10/2014 at 12:50
Amigo David,
Concordo contigo. Esta época o FC Porto tem acumulado “erros não forçados”. A equipa tem perdido pontos de forma escusada, mais por demérito próprio do que por mérito alheio. Mas acho que há agora mais equilíbrio, o treinador está a consolidar um “onze-base” (apesar da rotatividade no plantel) e a equipa tem tudo para estabilizar…
Um abraço