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FC PORTO – A OPINIÃO DE UM CÉTICO

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Este Sábado tive a oportunidade de regressar ao Estádio do Dragão para assistir ao jogo entre o meu clube, o F.C. Porto, e o Nacional da Madeira. Foi numa noite algo fria e com uma casa razoável (30.202 espectadores) que as equipas se defrontaram, estando definidos desde há muito os homens da casa como favoritos.

O trabalho que Julen Lopetegui tem feito no Futebol Clube do Porto tem-me deixado algo apreensivo. Desde há muito que demonstro e deixo vincado o meu amor ao F.C. Porto, mas com o passar dos anos a exigência tem crescido. Não gostei em nenhuma medida do que se passou com o anterior treinador e com a gestão que foi feita da equipa na época passada. Penso que, na construção do atual plantel, o facto de ter sido dada carta branca ao espanhol Julen Lopetegui coloca as expectativas muito altas. Assim como lhe dá uma margem de erro mínima. Não se espera do clube da Invicta nada menos que sucesso e conquista de títulos após o recente período de desilusão que atravessou.

Desde cedo vi com bons olhos a chegada das caras novas ao Dragão pelo facto de ter conhecimento da qualidade de quase todos eles. Mas apesar disso achei que a “invasão espanhola” foi um movimento algo excessivo. No fundo o importante seria que se conseguissem os resultados mas é preciso olhar também para o futuro, nomeadamente paras as apostas em jovens promessas nacionais.

A época começou bem, muito bem aliás. Desde cedo apresentámos bom futebol e conseguimos efetivamente ganhar jogos. Mas ao fim de alguns jogos esse momento positivo acabou. Alguns empates para o campeonato e a derrota para a taça contra o Sporting começaram a pôr em causa o trabalho do espanhol no comando dos azuis e brancos. Situação que foi auxiliada pelas trocas constantes que Lopetegui foi promovendo. De um para outro jogo as peças no seu xadrez mudavam, e não era apenas uma ou outra, às vezes eram 4 e 5 de uma assentada. O conflito interno com Quaresma e os seus sucessivos saltos entre o banco e o onze inicial, assim como a colocação de Jackson no banco de suplentes na pobre exibição ante o Shaktar ajudaram à perda de paciência de muitos adeptos.

Neste jogo, o FCP entrou, como sempre, para dominar. E foi a isso que se assistiu: um jogo quase de sentido único. Desde início Quintero se apresentou como o principal pensador da equipa, foi ele que desde logo tomou iniciativa de criar e potenciar o avanço da equipa no terreno. Mesmo com Oliver a seu lado e Casemiro na posição 6 do sistema dos dragões, o colombiano mostrava-se com toda a sua classe e imprimia ritmo ao jogo.

A estratégia azul e branca passou muito pelo serviço aos extremos. Ricardo Quaresma, eterno ídolo da massa associativa portista, e Brahimi aproveitavam bem os espaços e surgiam em posições livres de marcação, o que lhes permitia realizar as incisões pelos flancos que caracterizaram quase todo o jogo.

E foi logo aos 8 minutos da partida que a bola chegou aos pés de Quaresma que, da ala, cruzou para a área onde Jackson cabeceou para defesa enorme de Rui Silva, que não evitou a recarga e posterior golo de Danilo.

O rumo do jogo não mudou. A equipa de Lopetegui continuava a servir os alas e estes por sua vez tentavam assistir Jackson no ataque à baliza dos madeirenses.

Num momento chave pode observar-se a realização de um ajuste tático da equipa semelhante ao que a Alemanha fazia no Mundial e continua a fazer, dando uma noção de mais uma das movimentações características da equipa portuense.

Toda a equipa abria, tornando o campo grande. Os extremos bem abertos, os laterais ligeiramente subidos no terreno, os centrais também a dar largura e Jackson a dar profundidade à equipa, permitiam que Casemiro baixasse no terreno com bola, jogando quase como que um líbero, e pudesse organizar e criar jogo tendo toda uma panóplia de opções e espaços para jogar à sua frente. Quintero e Oliver Torres ocupavam o centro do terreno e abriam espaços que permitiam a equipa jogar e dar asas à sua própria criatividade

As investidas portistas pelos flancos continuaram e estiveram presentes durante todo o jogo, com o Nacional a nunca conseguir bloquear essas ações ofensivas do F.C. Porto. A verdade é que o 1-0 mantinha-se, muito por culpa do guarda-redes Rui Silva e de algum desacerto dos portistas.

Foi já por volta do último quarto de hora da partida em mais uma jogada de incisão pela ala que Quaresma derivou para o meio para Brahimi executar uma combinação tática com Oliver a um toque antes de dançar em frente aos defesas alvinegros e pontapear a bola para o “ninho da coruja”, mesmo antes de ser substituído por Christian Tello.

Até ao fim mais do mesmo, mas o resultado não se alterou.

Foi uma partida de sentido único, com um domínio efetivo do F.C. Porto e um Nacional que nunca conseguiu encontrar-se no jogo de maneira a contrariar verdadeiramente os dragões.

Como se sabe, na observação um jogo não basta para definir aquilo que é uma equipa. Neste jogo deu claramente para perceber algumas das características do jogo dos dragões mas devemos ter noção de que a observação só é conclusiva após a observação de alguns jogos da equipa.

Ainda não sou um fiel aceitador dos métodos de Julen Lopetegui. Penso que dados todo o investimento e a liberdade de que o treinador dispôs, os resultados que a equipa obteve não correspondem ao seu potencial e real capacidade. Daí que me custe ainda a acreditar cegamente no seu processo. No entanto cá estarei para continuar a visualizar e se chegar o momento dar (com todo o gosto) a mão à palmatória.

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1 Comment

  1. David Guimarães

    04/11/2014 at 17:12

    Caro José Peixoto,
    O que alteravas no modelo de jogo idealizado por Julen Lopetegui?

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