Desporto
O SONHO OLÍMPICO DE FILIPA MARTINS
Atleta de alta competição, Ana Filipa Martins coleciona medalhas atrás de medalhas. O seu grande sonho é conseguir qualificar-se para os próximos Jogos Olímpicos, em 2016, no Rio de Janeiro.
Aos 18 anos, tem já uma longa experiência enquanto ginasta, modalidade que abraçou com 4 anos de idade.
Recentemente ganhou três medalhas na Taça do Mundo de Ginástica Artística, em Anadia: a de ouro (exercício de solo), prata (paralelas assimétricas) e bronze (prova de saltos). A atleta, que é aluna da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física (FADEUP), treina 30 a 36 horas por semana.
Com que idade e onde começaste a praticar ginástica?
Comecei a praticar ginástica aos 4 anos, no Sport Club do Porto, por iniciativa dos meus pais, por ser uma criança com muita energia.
Porquê a ginástica?
Quando andava no infantário existiam sempre atividades desportivas, tal como natação, ginástica, entre outras. Essas atividades eram realizadas no Vigorosa e uma professora que nos dava as aulas de ginástica falou com os meus pais, dizendo-lhes que achava que eu tinha jeito e que deviam inscrever-me num clube de ginástica. Fui para o Sport Club do Porto, que é ainda hoje o meu clube de treino.
Quantas horas treinas por dia e por semana?
Por dia treino entre 4 a 8 horas, e por semana treino entre 30 a 36 horas.
O teu desempenho escolar foi alguma vez afetado pelo tempo que dedicas ao treino e à competição de ginástica?
Por vezes foi um pouco afetado, pois muitas das vezes, quando tenho competições importantes (Campeonato da Europa e Campeonato do Mundo), o período de preparação é maior, tendo de treinar no Centro de Alto Rendimento, faltando assim algumas semanas às aulas. Mas a escola em que andava, a Secundária do Cerco, facilitava-me e ajudava-me no fornecimento da matéria quando não podia comparecer às aulas.
O teu principal objetivo desportivo é ir aos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro?
Sim, não é só um objetivo, mas também um sonho que tenho desde que comecei a ganhar o gosto pela ginástica.
De todas as medalhas que conquistaste, qual a mais importante?
Acho que todas as medalhas são importantes, pois demonstram todo o trabalho que fizemos para aquela competição e vemos todo o esforço recompensado. A medalha de primeiro lugar (ouro), na prova de solo na Taça do Mundo de Ginástica Artística, em Anadia este ano, foi a que mais me marcou. Não só por ser em casa mas também por ser a minha primeira medalha de primeiro lugar numa Taça do Mundo.
Como lidas com o sucesso e com o facto de apareceres na TV e nos jornais, como quando ganhaste medalhas na Taça do Mundo de Ginástica Artística?
Lido normalmente. Continuo a ser a pessoa que sempre fui, gosto quando os media me entrevistam, pois sendo a ginástica um desporto com pouca visibilidade, o facto de começar a aparecer em jornais, revistas ou mesmo na TV, a ginástica tem-se vindo a tornar num desporto a que as pessoas vão dando mais importância e ganhando gosto pela modalidade.
Como vês o teu futuro a nível profissional?
Não sendo a ginástica um desporto que consigamos fazer vida dele, sendo um desporto com um percurso curto devido a lesões associadas a sobrecarga de treino, eu vejo o meu futuro com todos os sonhos e objetivos na ginástica realizados, e com um percurso universitário na área do desporto.
PALMARÉS:
- Campeã nacional nos escalões iniciado, juvenil, júnior e sénior;
- Campeonato da Europa 2010 – 4ª reserva para final de All-Around;
- EYOF 2011 – 3ª reserva na final de All-Around;
- Taça do Mundo 2012 – 4º lugar na final de paralelas;
- Taça do Mundo Cottbus 2013 – qualificada para as 4 finais;
- Campeonato da Europa 2013 – final 15º lugar;
- Taça do Mundo Liubliana – 3º lugar na final de solo;
- Campeonato do Mundo 2013 – 2ª reserva para a final AA;
- Taça do Mundo Cottbus 2014 – 6ª classificada na final de paralelas, e 1ª e 2ª eserva no Solo e trave, por esta ordem;
- GymSport 2014 – 1ª classificada AA;
- Campeonato da Europa Bulgária 2014 – 18ª classificada em paralelas;
- Taça do Mundo Anadia 2014 – 3ª classificada em saltos, 2ª classificada em paralelas e 1ª classificada em solo.
David Guimarães
04/11/2014 at 20:59
Amigo Carlos Martins,
Muito justo este espaço de entrevista com Ana Filipa Martins!
Gostava de te perguntar se falaram também da pedagogia de treino desta modalidade? Eu acho que os treinadores têm métodos de treino muito duros e são muito agressivos no contacto! Conheço casos de muito talento para a ginástica artística que não prosseguiram para grandes provas por algum esgotamento, não apenas pelo excessivo (embora compreensível) treino, mas também pelo postura violenta de alguns treinadores quando pretendem determinada execução técnica nos exercícios.
Grande trabalho! Muitas felicidades para esta competentíssima atleta!
Um abraço
Carlos Martins
13/11/2014 at 13:16
Amigo David, obrigado pelo comentário. Essa questão que levantas foi abordada ao de leve na entrevista, quando a Filipa Martins diz que a ginástica é “um desporto com um percurso curto devido a lesões associadas a sobrecarga de treino”.
O desporto de alta competição é isto mesmo: quando se quer ter resultados desportivos, o corpo é que paga…
Um abraço