A ÉPOCA DE DANILO

Carlos Martins

É mais ou menos consensual: Danilo está a fazer a melhor época desportiva desde que chegou a Portugal. Contra o Rio Ave, no Dragão, foi ele a grande figura do encontro. Esteve em grande! Correu, atacou, tentou o golo várias vezes, mas também procurou dar golos a marcar. Para além disso, esteve mais seguro e menos complicativo a defender.

A culminar uma grande exibição, surgiu o golo fenomenal que marcou já em tempo de compensação. Um golo que o lateral brasileiro procurou durante todo o jogo e que foi, assim, um prémio justo. Depois de recuperar a bola a meio-campo, Danilo avançou com ela, passou por dois ou três adversários e, ainda de fora da área, disparou um míssil (de pé esquerdo) que foi entrar ao ângulo superior. Indefensável!

A atravessar um excelente momento de forma física, as suas performances em campo demonstram grande confiança em si próprio e nas suas qualidades futebolísticas. O facto de estar a ser convocado com mais frequência para a Seleção brasileira contribui, certamente, para aumentar a auto-estima do jogador – e também para aumentar o número de clubes interessados em contratá-lo.

Vamos a factos: desde que, há três anos, chegou ao FC Porto, Danilo marcou 8 golos e fez 13 assistências para golo. Números que impressionam e que demonstram que Danilo é, objetivamente, o lateral-direito com melhor rendimento no ataque portista dos últimos 30 anos. Sendo certo que foi dos jogadores mais caros da História do FC Porto, pode no entanto render um valor milionário aos cofres da SAD – ainda que seja difícil haver quem pague os 50 milhões da cláusula de rescisão.

Mas voltemos ao Dragão e à goleada (5-0) que o FC Porto infligiu ao Rio Ave, com os cinco golos a serem todos marcados na segunda parte, por intermédio de Tello, Jackson Martínez, Alex Sandro, Óliver Torres e Danilo. Foi uma goleada das antigas. O desnível do resultado parece injusto para os vila-condenses, que a 15 minutos do fim perdiam apenas por 1-0. No entanto, se analisarmos com atenção o número de remates e as oportunidades de golo flagrantes que os dragões desperdiçaram, sobretudo na primeira parte, poderemos concluir que, afinal, o resultado não foi assim tão exagerado.

Apesar de a vitória portista ser indiscutível, convém lembrar que, aos 78 minutos de jogo, o resultado era de apenas 1-0. A partir daí, os portistas marcaram quatro golos de rajada em cerca de 15 minutos. Foi visível a impotência e o desnorte dos vila-condenses perante a “avalanche” dos dragões, sempre à procura de aumentar o score. Três golos surgiram nos últimos cinco minutos e muitos mais teriam surgido se o jogo não tivesse entretanto terminado…

A goleada do FC Porto mostrou-nos também um endiabrado Cristian Tello e um Brahimi em modo mais discreto e “apagado”. Afinal, os dragões também sabem ganhar “sem” Brahimi. O astro franco-argelino até foi titular contra o Rio Ave (acabou substituído aos 57 minutos por Rúben Neves), mas pouco mostrou em campo. Correu, passou, driblou, mas sem a “magia” de outras noites bem mais gloriosas. Estará com problemas físicos? Possivelmente… Foi, apenas e só, um jogo de menor fulgor para Brahimi. Em boa verdade, não se lhe pode pedir sempre tudo. Também tem direito, tal como todos os seus colegas, a fazer um jogo menos bom. Como jogador, é genial e um futebolista acima da média. Mas, convém lembrar, não é nenhum super-homem.

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