Artigo de Opinião
A VITÓRIA DA EFICÁCIA
Afinal este ano o Natal vai ser mesmo vermelho, ou melhor, encarnado. Nem sempre tem sido assim ao longo das últimas três décadas, mas esta quadra natalícia é marcada pelas cores do Benfica, cada vez mais líder do Campeonato. Nesta jornada, alargou para seis pontos a vantagem sobre os portistas e para dez o avanço em relação aos sportinguistas. Estão no bom caminho, os encarnados.
É verdade que o Campeonato está ainda longe de estar decidido, mas a vantagem para os rivais deixa a nação benfiquista mais descansada. Ainda assim, é cedo, demasiado cedo, para encomendar as faixas de (bi)campeão… Apesar de os três “grandes” estarem ainda na luta pelo título, este vai ser, a meu ver, um Campeonato disputado a dois: entre Benfica e FC Porto.
Em jogos do Campeonato, esta foi apenas a terceira vitória encarnada dos últimos 25 anos na “casa” do rival. Ora, o triunfo benfiquista deveu-se, acima de tudo, à eficácia. Em seis remates à baliza, o Benfica marcou dois golos. Quanto aos dragões, não conseguiram concretizar nenhum dos 17 remates à baliza, apesar de terem enviado duas bolas à trave e ainda um golo anulado…
Apesar da derrota, o FC Porto foi, na minha opinião, superior ao seu adversário no “clássico” disputado no Estádio do Dragão. No entanto, não basta ser-se superior em campo, se depois não se tem engenho nem arte para encontrar o melhor caminho para a baliza. Os jogos ganham-se marcando golos e, neste aspecto, o FC Porto podia e deveria ter feito melhor – pois não conseguiu contrariar o plano de jogo adversário.
Basta olhar para as estatísticas do jogo para se perceber a superioridade do FC Porto sobre o Benfica. Os azuis e brancos tiveram o dobro dos ataques (38-18), quase o triplo dos remates (17-6), mais cantos (5-1), menos faltas cometidas (18-28) e mais posse de bola (58%-42%).
Ora, impõe-se por isso uma questão: se o FC Porto mostrou superioridade, por que motivo foi o Benfica a ganhar o jogo? A resposta é esta: porque apresentou uma melhor estratégia de jogo. E foi isso, em boa verdade, que lhe garantiu o triunfo. Os encarnados apresentaram um meio-campo coeso e com três unidades sempre muito ligadas entre si: Samaris, Enzo Pérez e Talisca. Para além disso, o Benfica conseguiu tapar os corredores laterais e, com isso, abafou o jogo ofensivo do FC Porto, dando pouco espaço a Brahimi, Tello, Danilo e Alex Sandro.
Quanto aos dragões, entraram fortes no jogo e a dominar. A ideia era chegar rapidamente ao golo (e tiveram boas oportunidades nos primeiros 20 minutos) para, depois, encostar o adversário às cordas. Se o FC Porto tivesse marcado primeiro, o Benfica ter-se-ia certamente desorientado; assim, como tal não aconteceu, acabaram por ser os encarnados, já na reta final da primeira parte, a ganhar confiança com o golo de Lima. E aí quem ficou sem reação (algo já visto esta época) foram os azuis e brancos, que não souberam encontrar “soluções” para dar a volta ao resultado.
Apesar da derrota, Julen Lopetegui disse, na conferência de imprensa após o jogo, que acredita “mais do que nunca” que o FC Porto vai ser campeão e que “a equipa ainda vai dar muitas alegrias”. Foi esta a mensagem que o treinador basco quis deixar aos adeptos dos dragões, após uma derrota desmotivadora perante o eterno rival. “O futebol foi injusto com o FC Porto. Fomos superiores ao Benfica, tivemos as melhores oportunidades, estivemos sempre por cima. Mas, o futebol é isto. Sofremos um golo num lançamento lateral e num remate”, afirmou Lopetegui.
O Benfica tem, neste momento, um desafio pela frente. Há trinta anos (desde as épocas 1982-84) que os encarnados não ganham dois campeonatos consecutivos. O último treinador a conseguir esse feito foi Sven-Göran Eriksson. E agora: conseguirá Jorge Jesus quebrar o enguiço?
David Guimarães
19/12/2014 at 02:32
Exactamente amigo Carlos,
A diferença esteve na eficácia, nada mais. Mas digo-te, devias ter referido o Braga e o Guimarães, duas equipas que estão muito bem e podem lutar pelos lugares cimeiros!
Um abraço!
Carlos Martins
21/12/2014 at 17:29
Sim, amigo David. Acho que o Braga e o Vitória de Guimarães podem ambicionar chegar ao 3º lugar, que dá acesso à Liga dos Campeões.
Um abraço