Artigo de Opinião

COMO GOLEAR JOGANDO POUCO

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Carlos Martins

O FC Porto fez o que lhe competia: somou os três pontos e regressou às vitórias na Primeira Liga, depois da derrota no “clássico”. O palco até foi o mesmo, o Dragão, mas desta vez o adversário, Vitória de Setúbal, foi derrotado por quatro golos sem resposta. Os azuis e brancos mantêm assim o segundo lugar, a seis pontos do líder Benfica.

Nada melhor do que uma goleada para recuperar o ânimo, a seguir a um traumático desaire frente ao grande rival. A vitória portista frente aos sadinos foi fácil, num jogo sem história. A partida foi quase de sentido único, visto que só o FC Porto é que atacou e o Vitória de Setúbal praticamente nem rematou à baliza.

Os azuis e brancos fizeram uma boa primeira parte, mas, no segundo tempo, a equipa mostrou-se apática e a deixar os minutos correr. A exibição descolorida dos dragões na segunda parte terá causado sonolência aos adeptos que se deslocaram ao Dragão. Este jogo registou mesmo a mais fraca assistência da época no Estádio do Dragão: cerca de 20 mil espectadores. O facto de ser uma noite gelada de sexta-feira e de estarmos em plena quadra natalícia terá contribuído para muita gente ter optado por ficar no aconchego do lar em vez de ir ao Estádio.

Em relação ao jogo anterior, com o Benfica, houve três alterações na equipa titular, uma em cada setor do campo: na defesa, Maicon jogou no lugar de Marcano; no meio-campo defensivo, Campaña atuou no lugar do castigado Casemiro; e, no ataque, Quaresma entrou para o lugar que tinha sido de Brahimi.

Surpreendente (ou não) o facto de Lopetegui ter optado por deixar Brahimi no banco de suplentes, depois de o franco-argelino ter tido exibições algo discretas nos últimos jogos. Ainda assim, Brahimi entrou nos últimos minutos em campo e deixou a sua marca no jogo: marcou um golo (3-0) e sofreu um penalty (4-0).

A nível individual, destaque para as exibições extremamente positivas dos espanhóis Óliver Torres (que procurou sempre levar a equipa para a frente) e Campaña, que teve a sua estreia no Campeonato. Campaña apresentou-se em bom nível, dando sinais muito positivos de que pode ser útil à equipa no novo ano de 2015.

Dois dos golos deste jogo foram de penalty (por Quaresma e Danilo), enquanto os outros dois foram marcados pelo inevitável Jackson Martínez – cada vez mais líder da tabela dos melhores marcadores – e por Brahimi, que vai agora estar um mês ausente na Taça das Nações Africanas (CAN).

Quanto ao Vitória de Setúbal, equipa orientada por uma antiga glória portista, Domingos Paciência, somou a quinta derrota consecutiva e está num aflitivo antepenúltimo lugar.

Nas bancadas, a claque portista Super Dragões exibiu uma tarja com uma mensagem dirigida aos jogadores: “Só és derrotado quando desistes de lutar!”. Depois da derrota no clássico, era este o sinal que a equipa precisava para saber que os adeptos continuam a acreditar que é possível alcançar o principal objectivo da época: ser campeão. E é por isso que esses mesmos adeptos não vão esmorecer no apoio à equipa.

O ano civil de 2014 está a chegar ao fim, mas a época desportiva ainda só vai a meio. FC Porto e Benfica já disseram adeus à Taça de Portugal. Ora, se no caso do Benfica, apenas resta o Campeonato e a Taça da Liga, já o FC Porto tem, para além dessas duas provas, também a Liga dos Campeões. Motivos mais do que suficientes para não deixar de sonhar…

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