Artigo de Opinião
O HÁBITO DE GOLEAR
O FC Porto está a fazer das goleadas um hábito. Os azuis e brancos tomaram-lhe o gosto e, nos últimos três jogos da Primeira Liga, aplicaram outras tantas goleadas aos adversários. Os números impressionam: 12 golos marcados em apenas três jornadas.
Contra o Belenenses, os azuis e brancos até entraram em campo com a pressão extra de ganhar, depois de, no mesmo dia, o Benfica ter derrotado o Vitória de Guimarães. Ainda assim, o FC Porto deu uma boa resposta e venceu tranquilamente a equipa de Belém, por 3-0.
A partida decorreu na mesma toada durante os 90 minutos: o FC Porto a atacar e o Belenenses remetido à defesa, sem criar situações de perigo para a baliza adversária. Os dragões entraram determinados e marcaram um golo em cada parte do jogo, decidindo a partida a seu favor. Mesmo sem carregarem muito no “acelerador”, podiam facilmente ter vencido por quatro ou cinco golos de diferença, mas faltou maior eficácia no remate.
Quanto ao Belenenses, vinha de uma pesada derrota (7-1) em Braga, para a Taça de Portugal. A estratégia ultra-defensiva utilizada no Dragão não resultou, pois, para além de sofrer três golos, a equipa não conseguiu sair para o contra-ataque. O Belenenses foi frágil e demonstrou impotência ofensiva, criando apenas uma oportunidade de golo em todo o jogo (ao minuto 92’, Maicon negou o golo a Camará).
Em relação à equipa do FC Porto, fez duas as alterações na equipa titular, em relação ao jogo anterior: José Ángel actuou como defesa-esquerdo (no lugar do castigado Alex Sandro), enquanto Quaresma jogou como extremo-direito (substituiu Brahimi, ausente na CAN).
O jogo começou praticamente com o golo do FC Porto, logo aos 10 minutos: após assistência de Herrera, o colombiano Jackson Martínez fez, de cabeça, o 1-0 e tornou-se no melhor marcador do Estádio do Dragão (43º golo).
Até ao intervalo, destaque para duas oportunidades de golo para Jackson Martínez (um dos lances foi bem anulado por fora-de-jogo) e ainda para um cabeceamento perigoso de Maicon, por cima da barra, na sequência de um canto.
Realce para o facto de o 30º minuto de jogo ter sido sublinhado pelos adeptos com aplausos, em memória de José Maria Pedroto, assinalando os 30 anos da morte do antigo jogador e treinador. Registe-se ainda a curiosidade de em campo estarem duas equipas (FC Porto e Belenenses) que Pedroto representou.
O intervalo chegaria com o resultado escasso de 1-0 para os portistas, tal a superioridade da equipa do FC Porto num jogo de sentido único. Nota para Herrera, que actuou mais adiantado no terreno do que é habitual, aparecendo muitas vezes na área em zona de finalização, quer para rematar, quer para assistir os colegas.
A segunda parte começou praticamente com o golo do FC Porto, que chegou aos 2-0 por Óliver Torres, logo no segundo minuto. O jovem prodígio espanhol demonstrou no lance toda a sua classe, executando um remate forte e colocado. À semelhança do jogo anterior, em Barcelos, Óliver voltou a ser o melhor em campo, assumindo-se como o “maestro” da equipa: um “motor” que pauta os ritmos de jogo. O jogador revela grande maturidade para quem tem apenas 20 anos. Ao todo, soma já 5 golos e uma assistência esta época.
Durante toda a segunda parte, o FC Porto controlou o jogo, mas num ritmo mais baixo em relação ao primeiro tempo. Mesmo sem “acelerar” muito, os dragões desperdiçaram várias oportunidades de golo, por Quaresma, Tello, Martins Indi e Danilo. Só ao minuto 93 é que apareceu o terceiro golo, num remate colocado de Evandro, de fora da área.
O jogo foi ainda marcado pelo protesto da claque portista “Super Dragões” em relação à arbitragem, exibindo uma tarja com um desenho a representar o Benfica a ser levado num andor pelos árbitros. Nas bancadas apareceu também uma faixa (parafraseando Pedroto): “Se roubo de Igreja era habitual, agora só roubos de Catedral”.
Ora, enquanto, nas bancadas, os adeptos mostravam a sua indignação com as arbitragens do Campeonato, dentro do campo o árbitro bracarense Manuel Mota parecia dar-lhes razão, fazendo “vista grossa” em dois lances na grande área do Belenenses. Foram dois os penalties a favor do FC Porto que ficaram por marcar: na primeira parte, por mão do lateral belenense Nélson; e, na segunda parte, numa calcadela de Gonçalo Brandão em Óliver Torres. Factos que merecem reflexão…