Desporto
O 25 DE ABRIL NO FUTEBOL PORTUGUÊS
Antes do 25 de abril de 1974, o Benfica detinha a hegemonia do futebol português. Das 40 edições do Campeonato Nacional disputadas durante o Estado Novo, os encarnados venceram precisamente metade: 20. A outra metade foi distribuída pelo Sporting (14 títulos), pelo FC Porto (5) e pelo Belenenses (1).
Após a Revolução dos Cravos, em 1974, o panorama do futebol português alterou-se completamente. O FC Porto assumiu preponderância, tendo conquistado, em plena Liberdade, 22 títulos de campeão nacional de futebol. Quanto ao Benfica, conquistou apenas 13, o Sporting ficou-se pelos 4 e o Boavista foi uma vez campeão.
Ora, convém dizer que a História do crescimento do FC Porto nos últimos 30/40 anos foi construída, de braço dado, com a História da Democracia portuguesa. Com o 25 de abril de 1974, começou a ver-se “azul ao fundo do túnel”: o clube voltou a conquistar o Campeonato Nacional em 1977/78 (após 19 anos de jejum), ganhou dimensão europeia e a hegemonia do futebol português.
Nas últimas três décadas, só o FC Porto ganhou dois Campeonatos nacionais consecutivos. O bicampeonato escapa ao Benfica há 30 anos, desde as épocas 1982/84, com o treinador sueco Sven-Göran Eriksson.
A “revolução” operada no futebol português na década de 70 deve-se, essencialmente, a dois homens de grande visão: José Maria Pedroto e Pinto da Costa. Ambos ajudaram a criar um “discurso” de combate ao centralismo político e desportivo, sempre em defesa do Norte. Um discurso inflamado, “contra tudo e contra todos”, porque, como disse Pinto da Costa um dia, em alusão ao período negro do Estado Novo, em que o FC Porto raramente ganhava títulos: “Enquanto fomos bons rapazes, fomos sempre comidos…”
Esta tese da “revolução” foi defendida recentemente pelo Professor Manuel Sérgio que afirmou perentoriamente que “Pedroto e Pinto da Costa fizeram a maior revolução e a maior transformação não só do futebol, mas ao nível do desporto que alguma vez se fez em Portugal”.
Começou então a ouvir falar-se na “mística” portista e no “jogador à Porto”, filosofia que deu frutos, com a conquista de títulos. E, quanto mais o FC Porto ganhava troféus, mais se acentuava o discurso de “combate” aos poderes da capital.
O mítico treinador José Maria Pedroto explicou um dia esta transformação por que passou o clube, com a frase: “Passámos de pombinhos provincianos a falcões moralizados”.
Esta hegemonia traduziu-se em troféus: em 41 anos de Democracia, o FC Porto conquistou um total de 62 troféus (contra 8, antes de 1974), ao passo que o Benfica se ficou pelos 33 e o Sporting pelos 18.
Além disso, enquanto Benfica e Sporting não ganham nenhum troféu europeu há mais de 50 anos, o FC Porto, por seu lado, conquistou sete títulos internacionais nos últimos 30 anos.
Tudo isto comprova a transformação por que passou o futebol português nas últimas décadas. Antes do 25 de abril de 1974, o FC Porto era um clube que raramente incomodava os “grandes” de Lisboa. Hoje, detém a hegemonia.
David Guimarães
30 Mai 2015 at 13:49
É caso para dizer: 25 de Abril sempre!
Um abraço!
Carlos Martins
30 Mai 2015 at 18:52
Obrigado pelo comentário, amigo David!
Grande abraço
luis joao sampaio
31 Mai 2015 at 16:01
É verdade mas com o centralismo actual,e o sistema corrupto em que vivemos está tudo a voltar ao normal, até a arbitragem……….