Desporto
SÓ O IMPOSSÍVEL É DIFÍCIL
Jornal Universitário do Porto: Patrícia, o facto de teres entrado na Faculdade de Arquitetura do Porto com uma média de 20 valores traz-te maiores responsabilidades?
Patrícia: A nota de ingresso na faculdade é a demonstração daquilo que trabalhámos no secundário, mostra todo o esforço e dedicação que tive durante três anos para poder entrar na faculdade que queria. Agora eu e os meus colegas encontramo-nos numa nova etapa, como que a começar do zero. Temos todos uma responsabilidade e sempre a teremos – dar o nosso melhor sempre!
JUP: O que te fascina no mundo da Arquitetura?
P.: A forma de organizar espaços para que, depois, outras pessoas possam usufruir deles e, eventualmente, admirá-los.
JUP: É fácil conciliar os estudos com a prática desportiva de alto rendimento?
P.: Quando somos organizados e seguimos um bom método, tudo é possível.
JUP: Com que idade e onde começaste a praticar andebol? Ser filha de Carlos Resende influenciou a tua escolha?
P.: Comecei a jogar andebol quando tinha 8 anos no Clube de Andebol de Leça (CALE). Inicialmente gostava de ginástica (como muitas das raparigas da minha idade!), mas não tinha horários para conciliar as aulas com os treinos. O meu pai nunca me influenciou as escolhas, aliás, ainda me deu a conhecer outros desportos, como o basquetebol, antes de sugerir que eu experimentasse ir a um treino de andebol. Depois, como gostei, acabei por ficar.
JUP: Quantas horas treinas por dia e por semana?
P.: Treino 4 vezes por semana, com dois jogos ao fim de semana, normalmente. Os treinos são de 1 hora e meia, por isso um total de 6 horas semanais.
JUP: Qual foi a sensação de jogar pela Seleção Nacional e representar o país?
P.: É sempre ótimo poder representar o nosso país e as inúmeras atletas que diariamente praticam a modalidade e se esforçam para atingir os seus objetivos. É um orgulho poder ser uma das atletas escolhidas para as representar e para mostrar a qualidade que o nosso andebol tem!
JUP: Qual o momento que mais te emocionou na Seleção Nacional?
P.: O momento que mais emoções me trouxe, infelizmente maioritariamente negativas, foi durante o Campeonato do Mundo na Macedónia, no jogo contra a Alemanha, em que demos todo o nosso melhor e lutámos até aos últimos momentos para garantir um lugar entre as 8 melhores equipas, mas no final saímos derrotadas num 7 metros decisivo…
JUP: O teu desempenho escolar foi alguma vez afetado pelo tempo que dedicas ao treino e à competição de andebol?
P.: Nunca. Aliás, a minha prioridade sempre foram os estudos e, mesmo assim, nunca tive necessidade de faltar a treinos por causa da escola. Apenas necessitamos de um bom método de estudo e de uma boa organização do nosso tempo.
JUP: Encontras algum ponto em comum entre a Arquitetura e o Andebol?
P.: Ambas são atividades que requerem muito empenho e dedicação.
JUP: Qual o segredo para o sucesso na Arquitetura e no Andebol?
P.: Tal como disse anteriormente, ambas as atividades requerem muito do nosso tempo, e se não estivermos dispostos a ser organizados e trabalhadores, nunca conseguiremos atingir os patamares mais altos.
JUP: Para além das aulas e do andebol, ainda consegues arranjar tempo para fazer outras coisas de que gostas?
P.: Tenho sempre tempo para fazer aquilo de que gosto. Adoro ler, ver filmes e séries, estar com os amigos e com o namorado!
JUP: Qual o teu principal objetivo desportivo?
P.: Como em tudo na vida, dar o melhor de mim e nada menos do que isso.
JUP: E como lidas com a visibilidade que a comunicação social te tem dado e com o facto de seres apresentada como aluna exemplar e de mérito?
P.: É gratificante saber que estamos a ser congratulados pelo nosso trabalho, esforço e dedicação. Esta visibilidade é ótima, não diretamente para mim, mas para divulgar o trabalho de inúmeros jovens que, tal como eu, se esforçam todos os dias para poderem alcançar os seus objetivos. E é ainda melhor quando os objetivos académicos são conciliados com a prática desportiva.
JUP: Como vês o teu futuro a nível profissional?
P.: Vejo-me a trabalhar em projetos de arquitetura, mas gostava de abraçar a área da reabilitação.
PERCURSO DESPORTIVO:
Atleta desde os 8 anos de idade, Patrícia Resende pratica andebol federado há 9 anos. Começou a jogar andebol no Clube de Andebol de Leça e, mais tarde, mudou-se para o Colégio de Gaia. Já foi chamada a estágios da Seleção Nacional, participou em dois Torneios internacionais (um em França e no Torneio das 4 Nações, em Portugal) e integrou a lista de convocadas para o Mundial Sub18 na Macedónia. Tem cerca de 15 internacionalizações.