Educação

QUAL O IMPACTO DA SITUAÇÃO POLÍTICA NA EDUCAÇÃO E NOS JOVENS PORTUGUESES?

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As eleições legislativas de 4 de outubro resultaram na vitória da coligação Portugal à Frente (PSD – CDS/PP), mas sem maioria absoluta. Após o Presidente da República, Cavaco Silva, ter indigitado o Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, foi apresentada uma moção de rejeição pela esquerda portuguesa (PCP, PS e BE), que formou uma coligação. Assim, tudo o que o Governo que saiu destas eleições quisesse aprovar não iria ser realizado, devido à oposição por parte dessa coligação.

Esta moção de rejeição foi aprovada na Assembleia da República e levou à queda do Governo. Cavaco Silva interveio na situação, nomeando António Costa como Primeiro-Ministro.

Com esta situação de instabilidade política vivida nestes dois últimos meses, é importante perceber de que forma vai afetar as áreas mais importantes do nosso país, nomeadamente a educação. Que jovens sairão desta situação histórica de coligação da esquerda portuguesa? O que o novo Governo vai trazer de novo para o país?

O que os estudantes pensam sobre os impactos desta situação política na Educação?

Ana Sousa, 22 anos, estudante

“Acho que o Governo não investe onde deve investir. É necessário criar mais subsídios para ajudar as famílias a pagar os custos elevadíssimos do ensino e, com esta crise financeira, que é do conhecimento das pessoas, o Governo tem vindo a cortar nessas ajudas, o que faz com que haja mais abandono escolar.”

“Espero que o novo Governo faça algo benéfico para a Educação, para que Portugal seja um exemplo a seguir pelos outros países.”

 Camila Moutinho, 18 anos, estudante

“Em relação à queda do Governo e o Governo de Gestão, acho que não influencia diretamente a Educação.”

Camila considera que este Governo vai “implementar outra crise”. “Vão subir o nível dos pobres. Depois, vai acontecer o mesmo que aconteceu aqui há uns anos. Vai ser diferente no sentido em que pensa nos pobres em particular e não no país em geral.”

 José Rocha, 20 anos, estudante

“É a mesma coisa que perguntar como é que a mudança de Governo vai afetar as pessoas que limpam chaminés… Eu acho que não vai afetar em nada. Não tem nada a ver com isso.”

“Eu acho que os jovens vão ficar mais extremados em termos políticos. Vão odiar o PS e odiar o PSD, por causa desta situação toda, é capaz de marcar a geração mais nova e, se calhar, puxar o país um bocadinho mais para a direita.”

Filipa Fonseca, 18 anos, estudante

“A instabilidade não influencia muito a educação. As pessoas continuam a ir às aulas, a ter as «cenas» normais…”

Em relação ao que o novo Governo vai trazer, Filipa acha que “depende daquilo que lhes passar pela cabeça fazer, porque as medidas são boas, só que não sei se temos fundos para tomar medidas dessas.”

Isabel Teixeira, 20 anos, estudante

Isabel considera que a situação política que se tem vivido “acaba sempre por influenciar” a Educação. “Nos últimos anos, foi talvez o setor que mais cortes teve, a seguir à Saúde.”

“Agora, com a coligação não sei o que vem aí… com o antigo Governo houve cortes; com este ainda não se sabe o que aí vem, por isso, é muito relativo. É esperar para ver.”

Opinião dos jovens militantes

Luís Guimarães

27 anos, estudante – Presidente da Concelhia da Juventude Socialista de Penafiel

“Tantas bandeiras que eu acredito que haviam sido prometidas por parte deste Governo, que, entretanto, já não existe, que é o do Pedro Passos Coelho, ficaram pendentes e, pior do que isso, evidentemente, que quando nós ficamos tantas semanas neste impasse, evidentemente, que quem sai prejudicado não é o Partido Socialista, nem é a Assembleia da República, é Portugal; é quem usufrui da educação pública e gratuita.

Luís acredita que este novo Governo irá trazer mais esperança e permitir criar jovens e adultos com uma mente mais aberta, mais abertos “à mudança, à perspetiva do futuro, à crença na igualdade, na liberdade e na fraternidade”.

Luís Mateus

27 anos, estudante – Coordenador da distrital do Porto da Juventude Popular

“Tudo isto está a ser legal, é constitucional… Trata-se, simplesmente, de um quebrar de certas convenções e de certas práticas que estavam em acordo e que, agora, se deixou de estar e acho que o sistema político agora está bastante mais instável e bastante mais incerto.

Segundo Luís, a pior influência que se podia ter nas políticas de educação, pelo menos aquelas que são mais associadas à parte de bolsas e assim, que não devem ser separadas das restantes, “será voltarmos a uma situação em que os Estado vê-se extremamente constrangido nas suas votações orçamentais”.

Para Luís, esta situação “pôs as pessoas a falar de política pela perplexidade, de certa forma, o não compreenderem muito bem o que se está a passar”, ou seja, implicou “mais participação na política” por parte dos jovens, mas que pode não resultar na resolução dos problemas.

Emanuel Bandeira

23 anos, estudante, militante da Juventude Socialista-Democrata

“O problema, ou a grande questão aqui é que o nosso sistema político-constitucional permite fazer coisas pouco democráticas democraticamente, ou, dito de outra forma, coisas pouco democráticas dentro da Constituição.”

Emanuel acredita que, “de há uns tempos para cá, passamos mais tempo a discutir lugares e posições e quem é que afasta quem, em vez de discutirmos soluções.”

“Se há área onde se falhou redondamente, foi na educação. E, portanto, quer houvesse a instabilidade que temos hoje, quer tivesse havido uma maioria absoluta, Nuno Crato ia sair.”

“Na área da educação, penso que vai acabar por trazer benefícios porque, quando se está a seguir um mau caminho, é bom que ele seja invertido e acho que é isso que vai acontecer.”

“Toda esta situação e isto está tudo ligado, horários mais pesados dos professores, que os desmotivam e isso reflete-se, depois, na aprendizagem dos alunos e reflete-se, depois, nos cidadãos que vamos ter daqui a 10, 15, 20 anos.”

Luís Monteiro

22 anos – deputado do Bloco de Esquerda na Assembleia da República

Luís considera que o Estado vai conseguir, com esta situação, ter mais capacidade de dar mais apoio àqueles que hoje se sentem em crise “e, portanto, isso é uma transformação na vida dos jovens, das famílias e dos portugueses, que é ver mais gente a estudar no Ensino Superior e não são proibidos de o fazer, não são arredados desse direito, por falta de condições económicas ou financeiras.”

“O segundo grande passo é também a capacidade de nós podermos ter um Ensino Secundário mais capaz de responder aos problemas, ou seja, repensar o ensino profissional, valorizar o ensino artístico, o ensino das artes especializado, coisa que tem sido atacado.” Para além de haver mais vontade “em combater a precariedade no Estado”.

“Tudo o que sejam medidas que defendam o emprego, o direito ao emprego e a um emprego com direitos, vai valorizar a vida dos jovens.”

“Os próximos tempos serão muito difíceis, mas acho que hoje estamos com a capacidade de dizer que podemos almejar um futuro diferente daquele que tivemos nos últimos 4 anos, ou seja, há uma nova esperança para os jovens e isso é que vai ser a grande transformação.”

Helena Castilho

18 anos – militante da Juventude Comunista Portuguesa

“Eu acho que, efetivamente, muitos jovens não se aperceberam o quanto este momento foi histórico. Acho que até é benéfica para o nosso país e acho que, através, do discurso do medo, por exemplo, o dizerem que era uma instabilidade muito grande, que não íamos cumprir os nossos compromissos” fez com que os jovens olhassem para este momento de uma forma “um pouco má”.

“Nós só conseguimos ver o verdadeiro efeito de uma medida na Educação aí num prazo de 15, 20, 25 anos, nunca muito cedo se conseguirá ver os resultados, mas eu espero que eles sejam positivos.”

Os militantes dos 5 partidos políticos, ou das juventudes partidárias mais votadas nos últimos anos consideram que esta situação política dos últimos tempos é legal, mas que acaba por prejudicar o país, em geral, embora possa trazer as melhorias há muito esperadas na Educação e no maior interesse dos jovens pela Política.

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