Educação

ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES DA FLUP VAI A VOTOS

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Longe do maio de 68 e dos movimentos estudantis que se seguiram à revolução de 25 de Abril, a década de 90 é marcada por uma forte contestação por parte das diferentes associações de estudantes de norte a sul do país.

As alterações apresentadas pelo governo de Cavaco Silva, em 1991, apontam já para uma visão do ensino público imbuído do espírito neoliberal. O modelo apresenta-se colocando a tónica em questões como a autossuficiência e a autossustentabilidade de setores como o da Educação e da Saúde. Na altura, um aluno do ensino superior público pagava, anualmente, 6 euros de propina.

A 28 de maio de 1992, a bancada do PSD sustentava, na Assembleia da República, a proposta à alteração à “Lei das Propinas”, com base no argumento de que o dinheiro dos contribuintes, incluindo o das famílias de fracos recursos económicos, sem filhos a frequentar o ensino superior, estariam a financiar os estudos das famílias mais ricas, através da atribuição de uma “bolsa” de 2500 euros/ano (custo estimado, à data, por aluno universitário).

Esta decisão em mexer no valor das propinas, inalterado desde 1941, foi vista pelos estudantes como uma afronta ao princípio consagrado na Constituição, de o ensino púbico ser tendencialmente gratuito. Em protesto, emerge a geração apelidada de “rasca” pelo despudor em mostrar o rabo ao ministro da Educação, em sinal de descontentamento. Em resposta, a geração autoapelidou-se de “à rasca”, fruto das políticas de educação e emprego jovem.

Atualmente, a participação e adesão dos estudantes aos movimentos associativos mostra-se enfraquecida. A manhã do debate para as eleições dos órgãos da AEFLUP, dia 29 de novembro, no pólo de Ciências da Comunicação da Coronel Pacheco, é um exemplo: a audiência era de uma pessoa. Dois dias depois, já se pôde verificar outro entusiasmo no debate realizado no Pólo do Campo Alegre da FLUP, numa audiência mais vasta e de participação ativa.

Este ano, a eleição da AEFLUP conta com mais uma lista candidata, em comparação ao ano anterior. Ao todo, são três as listas candidatas aos órgãos de gestão da Associação de estudantes: a Lista U, liderada por João Félix, a Lista M, por Catarina Alves (lista candidata apenas à Assembleia Geral), e a Lista X, por Catarina Liberato.

Os debates e iniciativas que antecederam este ato eleitoral, incitam à participação e à manutenção do espírito democrático e à participação ativa no associativismo jovem, por parte de uma comunidade aberta que se questiona e usa esse questionamento para uma compreensão mais alargada do funcionamento do mundo numa sociedade de participação aberta e inclusiva.

Os estudantes encabeçam feitos e movimentos que fizeram e fazem a diferença um pouco por todo o mundo na defesa de direitos, liberdades e garantias de todos, muitas vezes ao enfrentar regimes ditatoriais repressivos e a lutar contra injustiças sociais. Esta é uma parte importante da massa cinzenta de uma sociedade crítica, múltipla e participativa.

 

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