Educação
AE ESMAE JÁ NÃO TINHA DUAS LISTAS CONCORRENTES HÁ 4 ANOS
A Rua da Alegria passou a ser o palco da ESMAE (onde está integrado o Teatro Helena Sá e Costa) em 1989. A Associação de Estudantes não tardou a ser criada, conforme afirma Remi Kesteman, um dos vice-presidentes da atual Associação de Estudantes.
No entanto, haver listas concorrentes “é um fenómeno relativamente raro” naquela escola, revela. O presidente da AE, Lucas Rei Ramos, explica que há poucos alunos que realmente se interessam em participar nas atividades da associação, por ser uma ocupação “que tira bastante tempo” e “há muito trabalho a fazer”.
“Conformismo” é a palavra que Mariana Duarte, presidente da Lista X, utiliza para descrever o que se passava na escola. Para a estudante do 2º ano de Teatro e Interpretação, a Associação de Estudantes “não tinha uma abertura para com os alunos que lhes permitisse ter interesse” e “não havia comunicação”.
É sabido que a ESMAE está ligada às artes e música, o que, para Remi Kesteman é um fator que implica um maior individualismo e pode justificar esta falta de interesse sucessivo em movimentos associativos na escola. “É muito fácil as pessoas ficarem isoladas cada uma no seu curso”, afirma o estudante do 3º ano de Música Antiga.
Ao longo dos anos, Remi refere que “foram surgindo iniciativas pessoais de alguns alunos”, principalmente, para o café-concerto, o que criou uma maior dinâmica no espaço.
Mas tudo mudou em janeiro deste ano. Algumas raparigas do 1º ano começaram a recolher as necessárias 150 assinaturas para criar uma nova lista, a lista X, composta maioritariamente por alunos do 1º e 2º ano.
O objetivo era, segundo Mariana Duarte, “continuar com os projetos que a associação de estudantes da altura tinha em vigor” e “alterar o que estava mal: o funcionamento da reprografia, criar bancos de apontamentos para os alunos e um site da AE com mais atualização para despertar o interesse dos alunos, tentar abrir uma rádio da escola e a questão da caixa de multibanco na escola”.
Para a estudante da ESMAE, o facto de haver uma lista concorrente, depois de tanto tempo, “causou logo impacto” e fez com que os alunos fossem à Assembleia Geral.
“Este ano foi a primeira vez que tivemos uma Assembleia Geral em que, de facto, houve uma participação estrondosa dos alunos, não cabiam pessoas sentadas sequer” no Café-concerto, conta Remi.
O facto de ter existido uma nova lista levou a que fosse possível “visualizar qual é o papel da AE, aquilo que a associação fez agora e aquilo que ainda pode fazer”, sublinha Lucas Rei Ramos. Nota-se agora o “crescente interesse de participação por parte dos alunos” porque fazem chegar constantemente à AE pedidos que têm de ser colocados no livro de trabalhos.
“Passámos a ter noção de quais são alguns dos problemas que as pessoas viam, mas que nós não sabíamos porque, simplesmente, não havia esse feedback. Agora, de repente, já há.”, revela Remi Kesteman.
As eleições para a Associação de Estudantes aconteceram a 27 de janeiro deste ano. Num universo de quase 700 alunos e 290 votos para a direção, a lista A venceu a lista X com aproximadamente 180 votos. A tomada de posse foi na passada sexta-feira, dia 10 de fevereiro.
A lista X não ficou à frente da AE, mas pretende continuar o seu trabalho nas próximas eleições e “tentar ajudar agora a associação de estudantes, que se mostrou aberta a propostas novas”, “comparecer nas assembleias e estar atenta ao trabalho desenvolvido”, garantiu Mariana Duarte.
Um dos problemas apontados à AE até agora é a pouca comunicação com os alunos e fraca divulgação das atividades. Então, o plano da lista vencedora é “fazer dessa uma das prioridades” e tornar a AE uma “conversa participativa”, usando a “visibilidade que agora subitamente teve para captar quanto mais gente possível para a colaboração e resolução de problemas”, explicou o presidente da atual AE.
A lista vencedora está agora a trabalhar, segundo Remi, na “criação de um site, que é uma coisa a que toda a gente terá acesso, basta ter acesso à internet“, no qual irão constar as informações todas da AE, desde os contactos até às atividades, protocolos e documentos.
Para além disso, pretendem também reforçar os protocolos com as outras faculdades de Artes, nomeadamente a de Arquitetura e de Belas Artes, criando algum tipo de plataforma de comunicação entre estes estabelecimentos de ensino. A ideia é trazer o trabalho dessas instituições à ESMAE e exportar o trabalho dos alunos da escola, sejam eles de teatro ou de música.
Fora isso, Lucas Rei Ramos quer também facilitar a relação com a AE, ter uma lista de contactos da associação, utilizar o correio eletrónico e ter um ponto de contacto que está a ser a reprografia, gerida pela AE. “É verdade que ainda podemos fazer um trabalho muito melhor nisso”, admite o atual presidente da Associação de Estudantes.