Educação

AFINAL SER LICENCIADO FAZ DIFERENÇA EM PORTUGAL

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Sempre que apresentamos um estudo principalmente a nível europeu, por norma apontamos sempre Portugal como um mau exemplo para algo, principalmente se falarmos no contexto económico e social. E é por isso que este estudo, realizado pela OCDE, se torna ainda mais de louvar e traz dados importantes que colocam o nosso país muito bem cotado. Portugal é o Estado com melhores resultados na produção de licenciados, porque ganham mais depois de concluírem a sua licenciatura e proporcionam grande receita para o Estado português, isto devido à cobrança de impostos ser realizada sobre salários mais altos. O retorno encontra-se situado em 2,72 vezes superior ao que é investido nestes jovens do ensino superior.

Para um jovem português que aposte em entrar na universidade, para cobrir os custos da licenciatura bastaria conseguir que os seus rendimentos após a mesma aumentassem 17,83%, mas os dados apresentados pela OCDE mostram-nos que podem chegar a aumentar em 103,8%. Ganha o licenciado e ganha o próprio Estado com um panorama como este. E embora não seja uma situação isolada, mas sim a regra em vários países, Portugal aparece em primeiro lugar no ranking da percentagem de retorno face ao investimento feito.

Por cada euro/dólar investido pelos Estados na educação de um estudante, mais do dobro dessa unidade (a média da OCDE situa-se nos 119%) é devolvido ao Estado na forma de IRS, não englobando aqui outras contribuições para a SS (Segurança Social) etc. Além disso, importa salientar que com mais licenciados o Estado ganha também com o aumento de competências (as actualmente tão faladas “skills”) da sua população, ganhando uma sociedade mais informada e formada, o que pode contribuir em grande escala para melhores taxas de emprego e de desenvolvimento económico.

Este estudo da OCDE estima ainda que, em média, os sistemas fiscais retiram aos cidadãos licenciados 20% do retorno da sua aposta na educação superior. Em Portugal esse número situa-se nos 27,2% para quem conseguir salários mais elevados e 19,97% para quem alcançar um salário pelo menos equilibrado e estável, balançando  as despesas feitas na educação e os rendimentos obtidos pelo seu trabalho. Há países, como a Dinamarca ou o Canadá, onde esta taxa é negativa, ou seja, países onde ainda se beneficia mais quem aposta no ensino superior, mas onde o Estado lucra menos, pelo menos a nível imediato, com a aposta na educação superior pelos seus jovens.

O dado mais alarmante deste estudo é a queda do poder de compra. Em 1998 um licenciado ganhava cerca de 1518 euros líquidos por mês em média, e em 2016 esse valor situava-se nos 1223 euros. Estes dados são apontados pelo INE, que refere ainda que nos dias de hoje um licenciado ganha menos 20%, se compararmos o seu salário com o salário que era auferido em 1998.

Ainda assim, também nesse campo compensa ser licenciado. Porque um trabalhador que, por exemplo, não tenha completado mais do que o 1.º ciclo do ensino básico (escola primária) ganha em média três vezes menos do que um trabalhador que tenha a licenciatura e tem, obviamente, mais probabilidades de se encontrar numa situação de desemprego.

Afinal ser licenciado ainda faz bastante diferença, incluindo em Portugal. “É para isto que os nosso pais andam a pagar os nossos estudos”, “é para não irmos parar ao desemprego, ou pelo menos termos menos probabilidades de que tal aconteça”. Estas seriam algumas das respostas que os estudantes poderiam dar após a análise dos dados apontados neste estudo.

Cortejo Académico do Porto | Foto: Jornal de Notícias

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