Educação

FUGA DE INFORMAÇÃO NO EXAME NACIONAL DE PORTUGUÊS

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O exame nacional de Português suscitou polémica. Em causa, está uma gravação áudio que circulou na rede WhatsApp alguns dias antes do exame, onde se ouve uma suposta aluna a descrever o conteúdo que sairia na prova.

A informação foi avançada pelo jornal Expresso que divulgou a gravação, feita pela aluna que não se identifica, na qual é possível ouvir-se: “Ó malta, falei com uma amiga minha cuja explicadora é presidente do sindicato de professores, uma comuna, e diz que ela precisa mesmo, mesmo, mesmo e só de estudar Alberto Caeiro e contos e poesia do século XX. Ela sabe todos os anos o que sai e este ano inclusive. E pediu para ela treinar também uma composição sobre a importância da memória”.

O caso foi denunciado ao Ministério da Educação por Miguel Bagorro, professor na Escola Secundária Luísa de Gusmão, em Lisboa, que afirma que na altura desvalorizou a gravação pois “todos os anos há boatos a circular sobre o que vai sair nos exames”, no entanto quando viu “o que saiu na prova”, ficou “estupefacto”. “O que foi dito na gravação foi exatamente o que saiu”, afirmou Miguel Bagorro ao Expresso.

De acordo com o professor, a alegada fuga de informação “compromete seriamente a justiça do exame de Português”. Por seu turno, Miguel Bagorro defende que o exame “deveria pura e simplesmente ser repetido”. No entanto, reconhece que “anular a prova também pode causar injustiças, nomeadamente para os estudantes que a realizaram sem ter acesso àquela gravação e a quem o exame correu bem”.

O caso foi reencaminhado para o IAVE, que já abriu uma investigação.

Como resultado, o IAVE remeteu ontem, dia 21 de junho, para a Inspeção-Geral de Educação e Ciência (IGEC) e para o Ministério Público, informações sobre a alegada fuga de informação.

Como se pode ler no comunicado: “Na sequência da divulgação de um ficheiro áudio que revela informações sobre a prova de Português 639 da 1ª fase, realizada no passado dia 19, e que alegadamente foi difundido antes da aplicação da prova, o IAVE vem informar que, como habitualmente, vai hoje remeter para a IGEC [Inspeção Geral de Educação e Ciência] e para o Ministério Público todas as informações de que dispõe sobre o caso para efeitos de averiguação disciplinar e criminal”.

Ao final da tarde de quarta feira, o IAVE voltou a emitir um novo comunicado, onde afirma que: “Os processos de denúncia ocorrem ocasionalmente, sendo sempre encaminhados para a IGEC (Inspeção Geral de Educação e Ciência) e para o Ministério Público que apuram responsabilidades e determinam as sanções a aplicar, quando tal se justifique. Nesta fase o processo está a entrar em fase de averiguação e estará em segredo de justiça, nada mais havendo, por ora, a declarar”.

O mesmo comunicado adianta esclarecimentos do caso “para os próximos dias”, referentes a “aspetos estatísticos, históricos, metodológicos, de enquadramento, suas consequências”, entre outros.

O caso levanta de novo a polémica em torno dos exames nacionais. Miguel Bagorro salienta que “independentemente de vir ou não a ser anulada, o que me parece óbvio é que tem de haver um controlo muito maior sobre as provas porque o que aconteceu descredibiliza totalmente os exames nacionais”.

Ainda não é possível estimar-se as consequências deste processo, porém caso se venha a comprovar a fuga de informação, o exame corre o risco de ser anulado, conforme estipula o regulamento dos exames nacionais em caso de fraude. Para além disso, esta possível anulação do exame pode comprometer o processo de candidaturas ao ensino superior.

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