Educação

ALOJAMENTO UNIVERSITÁRIO: “PEDIRAM-ME 600€ POR UM QUARTO NUMA ROULOTTE”

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Já passou um mês desde o arranque do ano letivo, mas ainda há mais de 100 mil alunos sem lugar nas residências universitárias. Apesar do Governo ter lançado em maio de 2018 um programa para combater esta situação, apenas 12% dos estudantes têm acesso a uma cama, de acordo com um relatório elaborado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), citado pelo Público.

Esta situação têm gerado a revolta na comunidade estudantil. No Porto, houve mesmo alunos que dormiram em frente à Reitoria da Universidade do Porto como forma de protesto contra à escassez de oferta e aos altos preços praticados.

Deslocações de “duas horas até à faculdade”

Em Lisboa, a situação é semelhante. Segundo Pedro Fernandes, aluno da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa, “é comum receber e ouvir relatos todos os dias de residências que tem condições muito inferiores” ao considerado aceitável. O jovem de 20 anos afirma ainda que na zona central de Lisboa “os preços podem chegar aos 500 e 600 euros por quarto”. Aqueles que não conseguem suportar estas contas na zona central da cidade, “acabam por ser empurrados para a zona suburbana de Lisboa e são, muitas vezes, obrigados a fazer deslocações diárias de mais de uma ou duas horas até às suas faculdades e institutos”.

As condições dos quartos são muitas vezes desajustadas e “terríveis” para a quantia exigida, como o próprio relata – “Ainda no outro dia vi um anúncio, completamente sem vergonha, em que pediam 600 euros, sem despesas incluídas, por um “quarto” que era nada mais, nada menos que uma cama dentro de uma roulotte estacionada num jardim de uma casa perto da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril.”.

O aluno, ele próprio deslocado e bolseiro, sente na pele a situação, uma vez que mesmo a cerca de 300km de distância não lhe foi atribuída uma residência universitária. Pedro diz que pediu apoio de habitação ao serviço de ação social, mas sem sucesso. Assim, tem de pagar por completo as despesas habitacionais, assim como vários outros estudantes. Enquanto aluno, Pedro acredita na importância de “reivindicar um ensino completamente gratuito e a habitação como parte integral dos serviços de Ação Social e Escolar.”.

Viver com mais três pessoas para pagar as contas

Diana Mendes, de 20 anos, retrata uma situação menos custosa. A estudante de História da Universidade do Minho diz que nas residências as desvantagens eram superiores aos benefícios. Não havia fogão, só microondas, quarto partilhado e uma deslocação de autocarro. Estas razões levaram Diana a pagar por um quarto em Braga.

A jovem está, nesta altura, na terceira casa, que divide com mais três amigos. Segundo a aluna, “é a opção mais vantajosa”, já que são quatro e dividem a renda de 400 euros por todos. Por quarto, no Minho, os preços “variam entre os 100 e os 150 euros”. Em anos anteriores já pagou 145 euros por um quarto sem despesas. “Um exagero” considerando as opções que podia arranjar.

Apesar de também ser bolseira, não tem apoio do serviço de ação social da universidade, já que optou não ficar nas residências, dadas as condições das mesmas.

O problema do alojamento tem-se intensificado nos últimos anos. Com a procura elevada, a tendência é os preços subirem na mesma proporção. Os estudantes queixam-se que os preços são altos, mas que não se compatibilizam com a qualidade dos quartos oferecidos.

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