Connect with us

Educação

Pedagogia e avaliação: reflexões do 2º Congresso Pedagógico FFUP

Published

on

A segunda edição do Congresso Pedagógico da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) trouxe à discussão temas de extrema importância no seio universitário, como é o caso dos métodos de avaliação, promoção do sucesso escolar e impacto de plataformas de inteligência artificial no ensino

A nível institucional, o congresso contou com uma breve intervenção do diretor da FFUP, Domingos Ferreira, e da Pró-Reitora da Universidade do Porto (UP), Sónia Valente Rodrigues. Foi possível compreender que a reitoria está alinhada com iniciativas promovidas pelas diversas unidades orgânicas da UP destinadas a discutir assuntos como abordagens pedagógicas, inquéritos pedagógicos ou métodos de avaliação. O seu objetivo é também promover estratégias que diminuam o insucesso e o abandono escolar.

Desafios e o futuro da pedagogia e educação

O impacto da inteligência artificial na pedagogia, nomeadamente na autonomia e motivação da aprendizagem, foi trazido à discussão pelo Presidente do Conselho Pedagógico da FFUP, Jorge Ascenção Oliveira. 

Ficou no ar a questão: qual será o futuro? Estas ferramentas estão a evoluir e será essencial aprender a conviver com as mesmas. A solução para conviver com a inteligência artificial passa por desenvolver o potencial humano, bem como a sua utilização para implementar tarefas ou projetos de situações reais e práticas, promover a aplicação de conhecimentos e desenvolver o pensamento crítico, a resolução de problemas, a tomada de decisão e a responsabilidade.

O evento contou também com docentes da área da psicologia, como a professora Amélia Veiga da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (FPCEUP). A sua intervenção focou os processos de avaliação e a forma como o contexto, o grupo, as normas e as regras da cultura social influenciam os comportamentos. A apresentação debruçou-se ainda na importância de colocar os estudantes como co-construtores do processo de aprendizagem e avaliação.

As questões de linguagem na construção de itens de teste, em particular, a importância que uma simples palavra pode ter na interpretação por parte do estudante e, consequentemente, na resposta dada nos momentos de avaliação, foram um tema trazido à discussão pela Pró-Reitora da UP.

A perspetiva dos estudantes 

Ana Grandinho, presidente da Associação de Estudantes da FFUP, focou o tema da “Pedagogia, Integração e Integridade Académica e a perspetiva dos estudantes”. Esta apresentação resultou de um questionário, cujo objetivo foi reunir as opiniões dos estudantes e respetivas sugestões no que toca aos métodos de ensino e avaliação.

A fraude académica foi analisada e alguns dos motivos apontados para a sua existência incluíram a pressão social e a preocupação com a média, a quantidade de informação para estudar no tempo disponível, a formação dos docentes em pedagogia, ou ainda os descontos nos exames ou frequências.

Os resultados apresentados mostraram também que os estudantes preferem modelos de avaliação como frequências, testes formativos, mini-testes no final de cada mês, ou apresentações orais. Estas sugestões vão de encontro a uma avaliação mais distribuída ao longo do semestre.

Gabriel Branco, representante da European Pharmaceutical Students’ Association (EPSA), apresentou a perspetiva dos estudantes de Ciências Farmacêuticas a nível europeu, que está em linha com a perspetiva dos estudantes da FFUP.

As principais conclusões de um estudo realizado por esta associação sobre a opinião dos estudantes acerca dos atuais métodos de ensino a nível europeu prendem-se com a ideia de que a aprendizagem deve ser centrada no estudante e baseada em resolução de problemas. Por outro lado, foi proposto pelos estudantes a utilização de dispositivos eletrónicos como ferramentas de aprendizagem.

Os estudantes europeus mostram-se, ainda assim, satisfeitos com o processo de aprendizagem, mas admitem que gostariam que as soft skills fossem incluídas nos planos curriculares, de desenvolver competências digitais e que ocorresse uma maior intercolaboração profissional.

Promoção da saúde mental, integração e sucesso académico 

Os momentos de avaliação são períodos que causam stresse e ansiedade aos estudantes, tendo grande impacto no seu estado psicológico. A psicóloga da FFUP, Sara Moutinho, abordou o impacto que estes momentos  e o ambiente universitário têm na saúde mental dos estudantes. A sua apresentação destacou a importância  de trabalhar na promoção e prevenção da saúde mental, de forma a que os estudantes adquiram estratégias que lhes permitam lidar melhor com estes períodos.

Para promover o sucesso académico e a integração dos estudantes, surgiu o projeto Mentoria na FFUP, gerido pelas professoras Georgina Correia da Silva e Marta Correia da Silva.

O Programa de Mentoria Interpares FFUP, iniciado em 2019,  permite que os estudantes recém-chegados possam ter um acompanhamento mais próximo por parte de estudantes mais velhos, como uma forma de promover a integração. Outra iniciativa junta estudantes do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas com um mentor, de uma área de trabalho do farmacêutico, para que os estudantes possam familiarizar-se com a mesma e ter contacto com alumni

Para além disto, no âmbito do projeto da UP “+Sucesso – Promoção do sucesso académico e redução do abandono escolar na U. Porto”, está a ser criada na FFUP a iniciativa de Mentores das Unidades Curriculares do 1º ano, em que estudantes mais velhos partilham experiências e estratégias de estudo para diferentes unidades curriculares. 

  O 2º Congresso Pedagógico FFUP resultou, assim, numa tarde de debate sobre o futuro dos métodos de ensino e avaliação pedagógica, integração e sucesso académico. Muitas questões foram abordadas, muitas ideias partilhadas e desafios apontados no que toca ao futuro da pedagogia, não só desta faculdade, mas em todas as instituições de ensino em Portugal. 

 

Artigo escrito por: Carina Vieira

Editado por: Inês Miranda