Educação

Prémio Incentivo 2023: à conversa com os vencedores

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Este prémio pretende valorizar o trabalho e a qualidade do percurso académico de estudantes pelas 14 faculdades da Universidade do Porto (UP). O prémio Incentivo é atribuído desde 2010, sendo um prémio monetário individual que corresponde ao valor da propina anual aplicada aos estudantes nacionais da UP. É de destacar que, dos premiados, cinco estudantes culminaram o seu primeiro ano de estudo com médias compreendidas entre 19 e 20 valores e pertencem à FEUP e FCUP. A lista dos vencedores continua com médias entre os 17 e 19 valores, pois no total foram 20 os estudantes premiados – de licenciatura e mestrado integrado.

Face a esta premiação estudantil, o JUP procurou saber o percurso académico de alguns dos vencedores, de diversas áreas, que se mostraram disponíveis em conversar e partilhar a sua jornada académica.

Porquê esse curso na U.Porto?

Afonso Silva afirma confiantemente que “Desde que me lembro, sempre tive um fascínio por arquitetura, inclusive, lembro-me de ainda estar a frequentar o 1° ciclo e pedir à minha mãe para me mostrar fotografias de vivendas na internet. Desde então, sempre me imaginei a entrar em arquitetura, não conseguindo visualizar-me a estudar qualquer outra área. Escolhi a U. Porto como consequência da boa imagem associada à faculdade, prestígio evidente na elevada nota de entrada do curso e nas importantes figuras que estudaram na faculdade. Adicionalmente, a cidade do Porto sempre me veio a fascinar, quer pela sua beleza, como pela sua extensa e variada oferta cultural.

Beatriz Fontes admite que o seu percurso académico dá muitas voltas pois, “Desde pequenina que eu sempre me interessei pelo mundo das artes e, para confessar, eu quando estava para escolher o meu curso no nono ano, ainda estava um bocado inclinada para ciências, mas disseram-me que não. “Tu tens vocação para ir para artes” então eu fui para artes, um bocado às aranhas porque não sabia o que é que queria com isso e agora estou no meu segundo ano da universidade e ainda não sei o que é que eu quero fazer com isto no futuro, mas penso que se for uma coisa que nós gostamos, o futuro também vai corresponder às nossas expectativas. O curso que eu quero aqui [Universidade do Porto] tem mais prestígio e também é um bocado complicado em Belas Artes nós conseguirmos ter um futuro que nos assegure que tenhamos alguma segurança.

De acordo com Fábio Granja, a felicidade é o mais importante e não desistiu até encontrar o que realmente queria: “Sempre me interessei muito por linguística e pelo estudo de línguas no geral. Comecei a entrar mais a fundo na linguística, como uma disciplina científica, durante a pandemia, mas eu estudava relações internacionais no Brasil. Não estava muito feliz com o curso e pesquisando mais sobre as áreas que mais me interessavam, eu descobri mais a fundo a linguística e pesquisando sobre universidades aqui em Portugal, que era uma opção viável para custear aqui fora, eu resolvi vir para a Universidade do Porto. É uma universidade de muito prestígio aqui em Portugal e porque Porto é uma cidade consideravelmente mais barata que Lisboa, por exemplo, principalmente nas rendas.

Lara Ramos assume que “Durante o ensino secundário apercebi-me que, para me sentir realizada profissionalmente, teria que lidar diretamente com pessoas e sentir que a minha atividade estaria a melhorar nem que fosse um pouquinho a vida de alguém. Através da intervenção psicológica existe a possibilidade de desenvolvermos com o cliente ferramentas e recursos que lhe permitam fomentar a sua autonomia e que contribuam para a melhoria do seu bem estar. Relativamente à escolha da Universidade do Porto, a mesma deveu-se à proximidade face à minha residência e às boas referências associadas ao ensino da mesma.

Já do ponto de vista de Luiza Oliveira, a escolha foi algo complicada: “Eu não sabia bem qual curso escolher. Minha família toda é de direito. Então, o meu grande conflito era que eu não queria seguir toda a minha família naquilo que eles escolheram porque eu queria fazer algo diferente. Sempre fui das humanidades, sempre fui muito mais dessa parte de refletir, de pensar, de ter ideias, de debater. Eu sempre gostei muito da ideia de estudar numa universidade pública por causa da diversidade das pessoas que estudam aqui. São pessoas que vêm de vários lugares, vários contextos sociais, vários países. Então, é uma faculdade em que eu tenho muito contacto com alunos que vêm de países do PALOP, CPLP, que mal falam português e muitos estudantes de Erasmus.

Marco Vilas Boas, muito decidido, não teve problemas em saber o que iria seguir: “Sempre gostei muito de resolver problemas e de utilizar o raciocínio lógico, e portanto sempre gostei muito de disciplinas como a matemática e a física. Descobri a programação no 11º ano e gostei imenso de como juntava o raciocínio à parte mais prática de ‘construir coisas’, e isso levou-me a escolher engenharia informática. Escolhi a FEUP por dois motivos: é consenso geral que é das melhores faculdades a nível nacional e a localização é muito favorável considerando que sou de Barcelos.

Quais achas que terão sido os ingredientes para conseguir ter uma média tão alta?

Afonso revela que “Obviamente que um dos aspetos mais importantes para a boa média foi todo o esforço e dedicação que vim a ter ao longo do 1º ano, no entanto a elevada média só foi possível devido a todos os professores e amigos que me apoiaram e motivaram. Procurar ocupar o meu tempo com outras atividades extracurriculares, ligadas à FAUP e à arquitetura, também me ajudou a organizar o meu horário.

Beatriz mostra uma outra perspetiva mais pessoal, mas que é comum a muitos estudantes: “Acho que o primeiro fator é ter muita força de vontade, porque há muitos momentos em que me vou abaixo, porque nem sempre o trabalho que nós temos corresponde ao resultado final, mas persistência e força de vontade são os principais elementos para alcançar uma boa meta. E nunca desistir.” A aluna ainda afirma que no seu caso, “o trabalho acaba por ser algo prazeroso no final, até porque eu gosto de ver os resultados finais e aquilo que eu alcanço. Posso estar em stress porque os prazos têm de ser cumpridos mas, no final, posso não conseguir alcançar objetivamente aquilo que era pedido, mas consegui alcançar um género de paz interior porque estou feliz com o que fiz.”

Fábio revela um segredo mais prático: “Estudo diário e repetição. Uma hora pelo menos, duas horas de estudo, todos os dias, de tudo aquilo que eu conseguia das matérias porque rende mais resultados. É melhor do que ficar sentado oito, nove, dez horas um dia para estudar.

Ao que Lara acrescenta: “No meu caso em particular, penso que o esforço, a frequência das aulas e o tentar manter-me a par do que íamos lecionando contribuíram para os bons resultados que obtive. Contudo, penso que o fator mais marcante foi a enorme motivação com que ingressei na Licenciatura em Psicologia. Muitos de nós, quando ingressamos na faculdade a pensar que temos “certezas” relativamente ao que queremos fazer na nossa vida profissional, sentimo-nos mais motivados, interessados e vemos nesta nova fase uma possibilidade de efetivamente estarmos a aprender conteúdos do nosso agrado e maior interesse. Sendo assim, se tivesse que destacar três ingredientes chaves para o meu sucesso diria que foram a motivação de fazer algo de que gosto, o apoio e os recursos que tenho ao meu dispor e o amor e suporte familiar.

Luiza tem um ingrediente bem diferente, mas que parece funcionar: “Eu não tenho horas de estudo. Eu tenho coisas que eu preciso fazer, que eu sinto que eu preciso saber. E eu não fiz mais do que o que eu acho que eu deveria ter aprendido, que eu deveria ter conquistado. Na minha primeira época de exames eu nem sabia o que ia acontecer, então eu só fiz aquilo que era o meu trabalho pessoal e eu sempre tive muitas horas de lazer. Eu sou uma aluna que não me esforço para qualquer coisa do mesmo jeito. Eu seleciono bem aquilo que eu quero e eu tenho muita consciência do que eu faço. Tudo que eu faço é por uma razão.

Marco, naturalmente, sem grandes segredos, assume que “A minha média deve-se ao interesse que tenho nos assuntos que estou a estudar, isto é, sou naturalmente curioso por esta área, e por isso estudo ‘com gosto’, e isso é muito relevante para ter tido as notas que tive.

Numa sociedade que nos exige sempre mais e mais, qual é o impacto que o prémio tem na tua vida?

Afonso conclui que vê “o prémio como reconhecimento do meu trabalho, servindo de motivação para dar sempre o meu melhor, independentemente da atividade. Complementarmente, também me faz acreditar nas minhas capacidades e decisões artísticas, um aspeto que acredito que me venha a ser essencial ao longo de toda a vida.

Beatriz considera que “é um bom incentivo, é mesmo o que diz. Realmente, a sociedade foi sempre exigente mas acho que atualmente ela exige demasiado dos jovens. Prémios como este são, de facto, um bom incentivo. Puxam por nós e fazem com que queiramos dar mais de nós.

Fábio vê o prémio com os olhos no futuro: “É um bom incentivo para continuar estudando e abrir algumas portas, ou seja, já houve professores que me vieram contactar por causa disso e me vieram parabenizar também, então sempre é bom ter isso no meu currículo. Para eventuais contactos, eu acho que fortalece muito e me dá mais esperança no sentido de que sempre tive medo de, num curso comum de linguística, não encontrar muito emprego, então acho que é uma perspetiva positiva no medo do futuro.”

Contrariamente, Lara abre o seu coração e fala abertamente sobre um problema que imensos jovens sofrem atualmente: “Considero que essas noções de exigência e competitividade são extremamente preocupantes e que, infelizmente, me afetam mais do que gostaria. Considero-me exigente demais comigo própria, sentindo sempre que devia fazer mais e melhor, o que me leva, inúmeras vezes, a não vivenciar os meus sucessos de forma integral nem com a felicidade expectável. Contudo, penso também que é um esforço que faço para comigo diariamente: tentar respeitar-me, aceitar que as coisas nem sempre vão ser e sair da forma que eu quero e que tal como tenho empatia para com os outros, também a tenho de ter para comigo.

Luiza mantém os pés bem assentes na terra e afirma que “Por um lado, é o reconhecimento de algo que deu muito certo, mas por outro lado é o momento de pensar que esse prémio não significa nada para o futuro, porque o que eu recebi é sobre o passado. Agora, todo o trabalho que eu tenho pela frente, todo o esforço, todo o percurso que eu tenho é independente do prémio, porque eu vejo a faculdade como um tempo que não volta, para ficar nos livros e aprender, fora todo o outro mundo, fora da faculdade, mas é essa hora que eu sinto que estou me formando. Com certeza isso abre algumas possibilidades. Também nunca quis que um prémio fosse uma causa de competição. Isso que eu tive um pouco medo. Então eu faço questão de reconhecer aquilo que eu acho bom nos outros. Mas a sociedade continua com a pressão.

Marco sabe muito bem o que vale e tenta abstrair-se do resto: “Honestamente, muito pouco. Sempre fui alguém que gosta de melhorar e aprender mais, mesmo que seja aos poucos, contudo não deixo que a pressão à minha volta regre o que faço ou não. Sei que de facto a sociedade está cada vez mais exigente, contudo priorizo sempre os meus interesses.

O lado mau do curso – o que foi mais complicado?

Afonso dá a sua voz para falar, uma vez mais, sobre temas de que os estudantes se queixam constantemente: “Diria que o lado mais complicado do curso é a adequação entre o nível de trabalho do secundário e da vida universitária. O trabalho excessivo da FAUP, acompanhado do horário semanal igualmente desmoderado, faz com que a intensidade de trabalho, constante ao longo de todo o ano, seja de difícil adaptação. Perante este ambiente de trabalho, a saúde mental dos alunos pode, por vezes, vir a ser desvalorizada por parte dos professores.

Beatriz, mesmo sendo de um curso mais prático, vai ao encontro de Afonso: “O curso de Belas Artes, em geral, não é um curso que exige muito estudo a nível teórico, mas na prática, nós temos imenso trabalho. Eu acho que a sobrecarga que nós temos é muita, pelo menos para alguém que queira ter uma boa média. Isso foi algo que me custou adaptar. Eu já era uma pessoa que, por norma, queria dar sempre mais, que trabalhava e que era exigente comigo mesma, mas quando cheguei aqui, realmente comecei a ver que o tempo que dedicava às coisas não era suficiente. Muitas vezes, em vez de trabalhar até à meia-noite, vejo-me a trabalhar até às seis da manhã para conseguir fazer tudo o que quero.

Fábio explica a sua situação, que é comum a muitos estudantes: “Sempre é difícil explicar aos pais o que eu tinha que fazer e que eu gostava muito de linguística e queria fazer um curso que não tem grande saída profissional. Mas acho que para contrapor tudo isso, eu sempre quis ser professor universitário, independentemente do curso que eu iria fazer. Mesmo quando eu fazia relações internacionais, essa já era a saída que eu procurava e a linguística me oferece isso apesar de ser um curso menos aberto, eu acho que é algo mais específico no geral. Isso é positivo por um lado, porque é mais alinhado com os meus interesses, mas por outro lado restringe um pouco os meus campos.

Ao que Lara acrescenta outra realidade muito comum: “Com o meu ingresso na faculdade, senti especialmente falta de uma componente mais prática. A realidade é que, muitas vezes, ouvimos a teoria e falta-nos dar o passo seguinte: utilidade prática do conhecimento, exemplos de situações específicas em que poderemos utilizar essa informação, etc. Diversas vezes faz sentido e achamos interessante o que estamos a aprender, mas falta esse espaço para nos voltarmos para o mundo real e profissional. Além disso, foi particularmente custosa a passagem do ensino secundário para o ensino superior a nível da relação com os professores. Ainda que haja exceções, em contexto universitário as relações são muito mais formais.”

Luiza chama a atenção para uma problemática bem presente: “A mentalidade de muitos professores ainda é muito retrógrada, muito conservadora. Eu acho que a gente se dá conta que numa faculdade de direito, onde supostamente estariam as pessoas mais aptas a defender valores mais liberais, ainda têm muito do contrário. É ruim de ver. É dececionante às vezes.” Ainda admite que “é a autonomia que dá medo no início. Nós estamos perdidos sem nenhuma ajuda, então a gente tem que recorrer aos estudantes mais velhos, ajudas informais. No início me deu medo e hoje em dia eu adoro.”

Marco revela dificuldades próprias do seu curso: “Os “zeros” e “uns” dos computadores nem sempre são triviais, e por isso há sempre conceitos que levam algum tempo a assimilar. Este curso exige também muito trabalho prático porque temos de realizar muitos projetos.

O que é que gostavas de mudar no ensino universitário?

Afonso afirma que “Em relação à FAUP, acredito que deveria haver uma maior disponibilidade para se ouvir as críticas da comunidade estudantil. A revisão das técnicas e das U.C. lecionadas, assim como a renovação de parte do corpo docente, por professores que melhor se identificam com a realidade atual, são importantes alterações a realizar, como meio de a U. Porto se manter a referência do ensino em Portugal.

Beatriz exalta um dos problemas que estão a ser debatidos pelo Governo: “No ensino universitário, o que mais me revolta é não haver acessibilidade para todas as pessoas. Nem toda a gente consegue aceder ao ensino superior. Eu não tenho assim uma solução, porque isto é muito mais complexo do que fazer mais bolsas, não é suficiente. Tenho amigas minhas que estavam comigo no secundário e não conseguiram aceder ao ensino superior porque não tinham possibilidades económicas e eu acho que todas as pessoas que queiram tirar um curso deviam de ter as mesmas possibilidades que os outros. Não devia ser uma coisa limitada só a uma certa classe ou a um certo grupo de pessoas.” Ainda informa que os alunos de Belas Artes costumam realizar e participar em manifestações contra discriminações.

Fábio menciona várias situações que podiam melhorar: “Eu acho que há algumas coisas que são um pouco atrasadas no sentido tecnológico, principalmente. Nem sempre estão muito boas as máquinas da cantina, por exemplo, sempre têm algum problema e isso dificulta a gente de comprar senhas com antecedência, o que quando a gente tem o intervalo de meia hora para almoçar, torna as coisas mais difíceis. O site do Sigarra é extremamente confuso, principalmente para quem faz Erasmus. O sistema de pagar as propinas por multibanco para estudantes internacionais, que vão pagar a primeira matrícula, estando num outro país, e não sabendo sequer o que é um multibanco é muito difícil.”

Lara recupera o seu ponto de vista e acrescenta:“Talvez num mundo utópico, alterava, desde logo, as componentes anteriormente apresentadas como menos positivas. Além disso, penso que é essencial uma reforma ao nível do modelo de avaliação e que é essencial o desenvolvimento de um ensino universitário mais inclusivo face a minorias e a pessoas provenientes de condições socioeconómicas mais desfavoráveis.

Luiza retoma um assunto já abordado anteriormente:”Não há muitas possibilidades para a prática profissional antes da inserção no mercado de trabalho. Por exemplo, tenho muitos amigos brasileiros que estudam direito e já fazem estágios desde muito cedo e já têm um grande contacto com o mundo do trabalho e eu estou-me esforçando para tentar achar um estágio de verão. é muito diferente. Há muitas pessoas que querem trabalhar, que querem ter experiência.” A aluna Luiza Oliveira ainda admite que os comentários discriminatórios existem desde sempre, mas não quer ter relações com essas pessoas e acredita que a competência e o trabalho são mais importantes no mercado, que é grande, independentemente da nacionalidade e a sua origem. Não hesita em constatar que teve muito reconhecimento pelos professores.

Marco defende algo“relativamente comum na FEUP, mas sei que não é bem assim noutras faculdades, que é a relação entre professores e alunos ser quase ‘informal’, isto é, sei que estou à vontade para falar com os meus professores e apresentar as minhas ideias e pontos de vista e que podemos discutir abertamente vários tópicos, sem o professor transmitir uma autoridade altiva, mas pelo contrário mostrando-se aberto a ideias diferentes.

Como descreves esta caminhada que já leva quase dois anos?

Afonso afirma alegremente que “O meu percurso universitário tem vindo a ser uma experiência única, caracterizada por todas as memórias, histórias e amigos, que espero levar para toda a vida.”

Beatriz tem outra perspetiva: “É uma breve experiência. A licenciatura é maior do que outras, são quatro anos, mas não vão ser suficientes para aquilo que ainda está por vir e quero tirar o maior proveito, tentar instruir-me, formar-me para ser uma boa artista e mesmo sem saber o que irei ser profissionalmente, espero que isso também me ajude, mas principalmente que seja feliz com isso. O primeiro ano foi mais um ano de descoberta, era tudo novo, experimentei muitas coisas que no secundário não tive acesso, como escultura. No segundo ano, especifiquei-me mais no que queria – pintura – mas é mais intenso, é mais trabalho e não tão maravilhoso, embora esteja focada mais naquilo que quero. Se calhar não estou a tirar um proveito tão feliz como tirava no primeiro, mas mesmo assim, no final do dia, estou feliz a fazer o que gosto!”

Fábio expressou uma realidade característica de alguns cursos: “Eu acho que é um caminho um pouco solitário, no sentido em que há poucas pessoas que partilham grandes interesses pela linguística, mas é sempre um prazer conhecer pessoas que têm esse interesse e que gostam e que têm interesse particular e similares aos meus para projetos em comum relacionados a linguística, então sempre é muito gratificante conhecer pessoas assim, eu já tive algumas oportunidades de entrar em contacto e isso é algo que a universidade me proporcionou, que o próprio curso me proporcionou, então tem sido um ano de de grande prazer intelectual, assim de aproveitar muitas aulas e nunca tive maus professores. Tenho gostado muito do curso mesmo e tenho superado as minhas expectativas.

Lara afirma confiantemente que “Perceciono a minha caminhada no ensino superior como desafiadora e, em simultâneo, gratificante.”

Luiza desabafa e reflete sobre o seu percurso académico:“O segundo ano foi muito mais intenso, mais sério, mais profundo. Foi continuar a respirar fundo, seguir e saber que nada do que eu faço é em vão, que tem um propósito, que estou caminhando para algum lugar e por mais que tenha uma sede de conquistar independência, crescer, aprender, é preciso ter paciência e aceitar que é um progresso e que não é de um dia para o outro que a gente está pronta para sair desse contexto e que é preciso aproveitar o hoje, que também é maravilhoso estar na faculdade, estar com os colegas e participar em outras atividades académicas. Um dos meus arrependimentos como aluna é não participar mais.”

Marco afirma que “Tem sido ótima! Estou muito contente com a minha escolha e sinto que estou de facto a fazer o que considero mais importante: aprender! Leva tempo, mas consigo notar uma grande evolução nas minhas capacidades desde que entrei na faculdade.

Conselhos para os próximos estudantes que ingressem na U. Porto

Afonso aconselha os futuros estudantes da UP a “explorarem a vida universitária e a vida cultural da cidade do Porto ao máximo. Com uma boa organização de tempo e com dedicação, é possível ter uma boa média em simultâneo e um bom aproveitamento dos tempos livres e das experiências únicas que estes anos têm a dar.

Beatriz lembra algo que é essencial, mas muitas vezes esquecido: “Principalmente que não stressem com a ideia de não ter uma carreira profissional no futuro, porque é muito a ideia que se tem quando se vem a Belas Artes. O mais importante é termos um objetivo. O meu é tentar dar o melhor de mim, porque se dermos o melhor de nós, mesmo não tendo uma noção do que queremos ser, vamos conseguir ser bem sucedidos. Vai haver qualquer reconhecimento e o prémio foi um deles, foi uma ótima surpresa e estas pequenas coisas fazem a diferença e motivam-nos a dar ainda mais de nós.

Ao que Fábio acrescenta: “Não teres muita pressão. Nós temos um ritmo de trabalhos e exames que é pesado mas, às vezes, há alguns estudantes que se stressam demais mas, no fim, aquele número é só uma nota e isso não te representa muito. Para stressar menos e aproveitar mais este período, é estudo e repetição. Para ser bom aluno e para ter bons resultados basta achar aquilo por que se interessa e, para aqueles que estão na Faculdade de Letras, que têm cursos que normalmente pesam mais pelos interesses pessoais das pessoas do que habilidades do mercado, já é algo mais fácil, já têm uma afinidade. O gosto por pesquisar aquilo que realmente interessa e conciliar isso com as matérias que são dadas na sala de aula. Não ter medo de ir atrás daquilo que te interessa e de pedir ajuda aos professores que podem te guiar para o aproveitamento completo da vida como estudante.

Lara revela todos os segredos que considera pertinente: “O meu principal conselho é escolherem algo que efetivamente gostem e que os faça felizes, porque não há nada melhor do que aprendermos e fazermos algo que nos satisfaça. Além disso, diria para não terem medo de falhar, escolher o curso errado ou ter de voltar atrás, a realidade é que somos novos e, muitas vezes, só percebemos que algo não se encaixa connosco quando experimentamos. Por último, diria para não se guiarem pelas notas, para tentarem aprender para serem melhores e não em função de resultados numa pauta. Façam voluntariado, workshops, atividades extracurriculares, … e façam coisas que vos deixem felizes!

Luiza retoma um assunto abordado anteriormente, como forma de lembrete: “Não se preocupem tanto, não se stressem tanto, é só um exame, é só uma época de exames, não é a tua vida. Eu acho que a média que eu consegui chegar não foi a custo de falta de sono, de falta de ver amigos. Isso é o que eu mais fico satisfeita e feliz. Poder dizer que tenho uma vida cheia e feliz. Claro que eu fiz muitos sacrifícios, mas nada me impediu de ter uma vida que eu quero ter. É mais ir fazer e não sofrer antes. Fazer mais daquilo que gostas, como associações, não pelo currículo mas sim porque têm tudo a ver com elas. É um momento de crescimento pessoal e experimentar novas coisas.

Marco, de forma bem prática, explicita a sua forma de pensar: “Para futuros estudantes da U. Porto, creio que estarão bem servidos se escolherem esta universidade. Quando chegarem cá, procurem sobretudo aprender, gerar conhecimento (saber de facto fazer as coisas), dentro e fora do curso, e não apenas perseguir as notas. É importante também a vida e as ligações fora do curso e fora da faculdade, por isso o meu maior conselho é que aproveitem todas as oportunidades que a U. Porto vos vai atirar, que são muitas!

 

Artigo escrito por: Roselimar Azevedo 

Editado por: Maria Pinho Andrade

Conteúdo Multimédia por: Ana Leonor Quinta 

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