Educação
OpenMinds: educação para a inclusão radical
Durante os meses de setembro e outubro decorreu, no INESC TEC, um curso de Design para a Inclusão Radical, no âmbito do projeto Erasmus+ OpenMinds, que visa a interligação entre design, tecnologia, inovação, acessibilidade e inclusão. O JUP foi conhecer o projeto e os seus objetivos.
O Open Minds é um projeto financiado a nível europeu, pelo programa Erasmus+, cujo principal objetivo é promover o ensino de um processo de cocriação colaborativa e inclusiva, que responda a problemas de acessibilidade social e promova a inclusão de grupos sociais marginalizados.
Desenvolvido por instituições parceiras em cinco países europeus – Suécia, Finlândia, Portugal, Croácia e Albânia – o projeto desenvolve uma metodologia educativa assente no princípio da Inclusão Radical (do inglês, Radical Inclusion). Este conceito defende a inclusão de pessoas de contextos diversos no design e desenvolvimento de soluções para diferentes problemas de acessibilidade, com particular ênfase na participação de pessoas com deficiência ou outras incapacidades, cujas experiências e visões têm sido, historicamente, excluídas do processo criativo.
O projeto materializa-se num conjunto de metodologias e ferramentas pedagógicas, das quais se destacam:
- um baralho de cartas desenhado para estimular o brainstorming colaborativo face a um cenário hipotético de um problema de acessibilidade e inclusão social;
- uma ferramenta de computação que pode ser utilizada no desenvolvimento de protótipos de soluções para os problemas levantados pelo baralho de cartas.
Para pôr em prática estas ferramentas, entre setembro e outubro, decorreu o curso “Design para a Inclusão Radical”, em paralelo nas cinco instituições associadas ao projeto. Consistiu em duas sessões introdutórias de três horas e uma semana intensiva dedicada ao desenvolvimento e protótipo de ideias – os Creative Innovation Labs.
Em Portugal, o curso decorreu no INESC TEC, instituição parceira do Open Minds. Durante a formação, os participantes foram apresentados aos conceitos-chave do projeto e desafiados a desenhar soluções para diferentes problemas de acessibilidade social. Em diferentes casos, a criação destas soluções envolveu a consulta e opiniões dos grupos sociais diretamente beneficiados pelos protótipos desenvolvidos.
O JUP esteve presente na apresentação final dos projetos desenvolvidos pelos participantes e conversou com o Professor Gilberto Bernardes, o responsável português do Open Minds.
Questionado sobre o contexto que levou ao desenvolvimento do projeto, o docente explica que resultou da experiência prévia das instituições associadas ao mesmo na promoção de eventos de criação colaborativa. Esta experiência permitiu identificar a necessidade de sistematizar “uma estratégia para fazer brainstorming”, que permitisse desenvolver “ferramentas que vão servir para montar projetos idênticos, muito baseados na prática e na sensibilização das pessoas para problemas atuais, societais”.
No que toca à abrangência destes projetos, Gilberto Bernardes destaca a importância de incluir, desde o início, “pessoas com backgrounds muito muito diversos e com diferentes potenciais e ideias” para que o resultado final seja “de alguma forma inclusivo”.
Toda a metodologia desenvolvida e lições aprendidas no contexto do Open Minds irão ser disponibilizadas para a comunidade. Espera-se ainda que algumas das ferramentas desenvolvidas, como o baralho de cartas, se tornem produtos comercializáveis, que possam chegar ao maior público possível.
Quanto às potencialidades dos protótipos desenvolvidos pelos participantes do curso, o coordenador português refere que serão promovidos eventos de divulgação (designados Multiplier Events, no contexto de projetos Erasmus+), cujos objetivos passam por chegar “às pessoas com poder e com intervenção na sociedade, e também na indústria, que agarrem os protótipos e consigam dinamizá-los”.
Convidado a fazer um balanço do curso, Gilberto Bernardes refere que foi “quase tudo excecional”. Para além do potencial dos protótipos desenvolvidos, destaca a importância de consciencializar localmente para as ideias orientadoras do Open Minds: “tocamos em cerca de 20 e poucas pessoas que ganharam mais consciência e que vão ser embaixadores desta mensagem”.
Em comentário ao JUP, Diogo, um dos participantes, faz um balanço igualmente positivo, destacando a “mistura entre a tecnologia e o design” como um dos pontos de interesse do curso. Já Catarina reconheceu a importância de “ir para o outro lado, aprender, ver o que as pessoas que têm este tipo de dificuldades sofrem, e pensar em maneiras de ajudar”. A participante destaca ainda a pertinência da formação para adquirir novas capacidades, como o desenvolvimento de protótipos, que irão “enriquecer o currículo”.
Para saber mais sobre o Open Minds e acompanhar a divulgação dos resultados, visite o site oficial do projeto e as redes sociais do MTF Labs, instituição coordenadora (Instagram, LinkedIn).
Artigo por: Inês Miranda
Fotografia por: Bárbara Pedrosa