Educação
O impacto revolucionário do 25 de abril na Educação Portuguesa
A Educação foi uma das áreas em que mais se sentiu o impacto da Revolução do dia 25 de abril de 1974, não só ao nível da alfabetização, como da formação e qualificação dos cidadãos.
Quase a comemorar 50 anos, a Revolução dos Cravos teve impactos significativos na evolução da sociedade portuguesa a vários níveis. Na Educação, realçam-se as repercussões positivas nos percursos educativos e formativos dos alunos.
O ensino antes do 25 de abril
Nesta data, travou-se uma ditadura vivida ao longo de 41 anos em Portugal. Nas escolas, este carácter ditatorial era evidenciado na educação transmitida, assente nos valores “Deus, Pátria, Família”, que colocavam a igreja como poder máximo, as mulheres entregues às lides domésticas e os homens ao sustento da família.
A formação escolar neste período era de três anos para as raparigas e de quatro anos para os rapazes, para aprender a ler, escrever e contar. Após estes anos, só os jovens de classes sociais mais elevadas tinham condições de continuar os seus estudos e aumentar os seus graus de escolaridade. As turmas eram divididas por género e as salas de aula incluíam retratos de Salazar, assim como a presença de uma régua, que servia de punição para os indisciplinados.
Redução da analfabetização face ao processo democrático
A Revolução dos Cravos trouxe alterações significativas no panorama educacional português, uma delas a diminuição expressiva da analfabetização. Através de dados do PORDATA, é possível analisar a evolução do número de pessoas analfabetas residentes em Portugal segundo os Censos. Os últimos dados, referentes ao ano de 2021, mostram a existência de menos de 300 mil cidadãos analfabetos, face aos quase 1 milhão e 800 mil contabilizados em 1970, ano em que a ditadura ainda estava em vigor no país.
No que se refere à educação das mulheres, os dados demonstram que, em 1970, mais de 1 milhão de mulheres eram analfabetas, contrastando com cerca de 640 mil homens, pouco mais de metade do número do sexo feminino. Já em 2021, os dados comprovam que cerca de 200 mil mulheres permaneciam analfabetas, enquanto que o sexo masculino contava com cerca de 95 mil. Apesar da redução da alfabetização ter sido vitoriosa tanto para as mulheres como para os homens, é nas primeiras que se nota uma descida mais acentuada.
Estes números demonstram as diferenças nas oportunidades educacionais do pré e pós 25 de abril em Portugal e, sobretudo, a diminuição dos contrastes e desigualdades de género no acesso à educação.
Este movimento revolucionário deu um lugar bastante central à educação, começando por alargar a escolaridade obrigatória para nove anos. Com isto, foi possível, de forma gradual, aumentar o número de alunos com acesso à educação, bem como o número de anos de permanência na escola pública, proporcionando uma maior igualdade de oportunidades.
Evolução do Ensino Superior
O Ensino Superior também sofreu alterações positivas com a chegada da democracia ao país. Até 1974, Portugal só tinha três universidades: Lisboa, Porto e Coimbra. Em contraste, existem atualmente 97 instituições, segundo dados da DGES. A abertura do Ensino Superior permitiu a criação das Universidades Novas e do sistema binário de ensino (universitário e politécnico) alargando, por sua vez, as condições de acesso.
Os primeiros dados que se podem analisar através do PORDATA são referentes ao ano de 1978, em que estavam matriculados no Ensino Superior cerca de 81,5 mil estudantes. Em 2023, este número ultrapassava os 446 mil; em quase 50 anos, o aumento é claro. Em 1978, os homens contabilizavam 58% dos estudantes a frequentar o Ensino Superior; atualmente, a tendência inverteu-se, representando as mulheres 54% dos inscritos. Nos últimos 50 anos, o número de estudantes do Ensino Superior quintuplicou.
Para saber mais sobre a evolução do ensino em Portugal, consulte aqui todas as estatísticas disponibilizadas pelo PORDATA.
Artigo por: Inês Barbosa
Ilustrado por: Joana Vale
Editado por: Ana Pinto, Inês Miranda e Joana Monteiro